Precisamos estudar para lidar melhor com as relações, diz Magda Gomes Dias

Precisamos estudar para lidar melhor com as relações, diz Magda Gomes Dias (na foto)
Sem competências de resolução de conflitos, a relação em casa pode se tornar um cocktail explosivo, afirma a educadora portuguesa

A religiosa Madre Teresa de Calcutá disse certa vez que “se queres a paz do mundo, vai fazer a paz dentro de casa”, recorda a educadora portuguesa Magda Gomes Dias, autora do livro “Crianças Felizes” – que fala sobre autoridade dos pais e a autoestima dos filhos – e do blog Mum’s the boss. Magda lembra que nestes tempos de confinamento é um desafio estar em sintonia com as pessoas com quem vivemos. Competências como gestão de conflitos e maior paciência nos estão sendo requisitadas e para gerenciá-las, diz a educadora, vale a pena apostar nas relações que temos em casa, é lá que a paz precisa começar. Saiba mais no vídeo abaixo!

Confira aqui embaixo também a ENTREVISTA que Magda nos deu, em que fala dos riscos que a convivência intensa, por causa da pandemia, pode trazer, tornando a relação em casa “cocktail” prestes a explodir a qualquer momento. “A pandemia reforçou a ideia de que precisamos saber e estudar para estar nas relações”, ressalta a educadora portuguesa.

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Lições da pandemia – Magda Gomes Dias fala sobre extremismos nas relações e capacidade de adaptação

1. Na sua opinião, como a pandemia e a quarentena têm afetado as famílias e as relações entre mães, pais e filhos?

A pandemia afectou todas as pessoas que viram as suas vidas e modos de atuação revisitadas, ou a das pessoas próximas. Para uns, trouxe coisas benéficas: mais tempo físico com a família, tempo sem correr, refeições mais saudáveis, oportunidades para nascerem projetos novos e para cuidarmos de nós e a da instituição família. Mas para outros, não foi tão simples assim: conviver, diariamente, sem competências de resolução de conflitos, de comunicação ou de autorregulação pode tornar a relação em casa um cocktail com tudo para explodir e dar maus resultados. Assistimos a mais violência doméstica, a um aumento da depressão e de comportamentos extremistas – e isto a viver 100% dentro de casa. Tudo isto para dizer que a pandemia reforçou a ideia de que precisamos saber e estudar para estar nas relações.

2. O que lhe causa maior angústia nesse momento em relação a esse universo parental?

Os extremismos! Eu é que sei e tu estás errado. Este discurso esconde uma série de fragilidades humanas, como o sentimento de insuficiência, a não-aceitação do outro em todas as suas dimensões, a culpa por não estar a fazer bem ou a proteger os filhos de acordo com certos parâmetros. No fundo, os discursos extremistas são discursos do medo e se o medo é imperador nas relações parentais, então não vamos a lugar nenhum, porque não nos permite viver as relações na sua plenitude.

3. O que podemos destacar de positivo desta situação? As famílias puderam se reinventar?

Algumas sim. Acima de tudo, e em alguns casos, percebemos que somos muito mais capazes do que poderíamos pensar. Recordo-me de uma amiga dizer “Que louco, estamos há três semanas fechados em casa, com os miúdos, não aguentamos muito mais. A verdade é que aguentamos e fizemos o nosso melhor. Talvez esta seja a grande lição – que somos muito mais capazes do que o que imaginávamos ser.

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Verônica Fraidenraich

Editora da Canguru News, cobre educação há mais de dez anos e tem interesse especial pelas áreas de educação infantil e desenvolvimento na primeira infância. Tem um filho, Martim, sua paixão e fonte diária de inspiração e aprendizados.

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