Sem emprego, a sensação é de falta ar, mesmo com abundância de trabalho. A grande mudança não é percebida: indivíduos (e também cidades) estão agora diante da necessidade de identificar oportunidades e transformá-las em atividades econômicas sustentáveis. Uma boa prática é preparar os jovens para serem obsessivamente criativos, quebrarem padrões e serem donos dos
próprios narizes.
Mas fica a dúvida: como um indivíduo com baixa ou nenhuma escolaridade, sem experiência relevante no trabalho, sem dinheiro e
possibilidade de obtê-lo, pode gerar o próprio sustento? Isso é possível?
Há uma história que está acontecendo em Belo Horizonte, em uma escola municipal no Alto Vera Cruz. Lá os alunos estudam empreendedorismo. A metodologia baseia-se em duas perguntas: “Qual é o seu sonho?” e “O que você vai fazer para transformá-lo em realidade?”
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Ao ouvir a pergunta “qual é o seu sonho”, um aluno de 15 anos respondeu à professora: “Eu quero traficar drogas porque minha mãe passa fome”. Era a única forma de ganhar dinheiro que julgava estar ao seu alcance. Pois bem, os colegas “entraram” no sonho do menino.
Se o problema era um prato de comida, haveria outra forma de consegui-lo. E eles a encontraram. Decidiram criar uma empresa de material de limpeza. A professora de ciências forneceu as fórmulas dos produtos. Nasceu a “Tá Limpo“. Isso começou em agosto de 2002. O adolescente não entrou no tráfico e a partir de então sua mãe teve dois pratos de comida por dia.
Notem que o estímulo da professora não foi: “Abram uma empresa”. Ela fez somente uma pergunta, “Qual é o seu sonho” que tocou a emoção daqueles adolescentes e os transformou, mesmo que por um fugidio momento, em cidadãos, com elevada autoestima. Esse é um das centenas de casos que nos dizem que o caminho está em devolver a dignidade às pessoas. E derrubar
o mito de que empreendedorismo é coisa de rico.
*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião da Canguru News.
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