Atividades físicas exercem um importante papel no desenvolvimento físico e psicológico das crianças. Responsável por produzir substâncias que ajudam na diminuição do estresse e ansiedade, além de promover o bem-estar infantil, o exercício físico deve ser estimulado desde a infância. Escolher qual atividade seu filho deve praticar nem sempre é simples, por isso convidamos alguns especialistas para explicarem sobre essa importante decisão.
A atividade física é qualquer movimento que a criança pratica, ainda que não sistematizado, como por exemplo, pular, correr e saltar, mesmo que dentro de casa. Já o exercício é uma sequência sistematizada e programada, que deve ser regular. Segundo Vanessa Furstenberger, educadora física, ambas opções são importantes para o desenvolvimento mental e corporal do menor. Quanto antes comecem a praticar esportes, maiores serão os benefícios, diz.
Estímulos desde a primeira infância
De acordo com a especialista, entre os principais benefícios estão: prevenção e tratamento da obesidade infantil, diminuição do risco de depressão, aumento na capacidade de socialização, diminuição do estresse, melhora da qualidade do sono e auxílio no tratamento de doenças do sono, diabetes e asma.
“Quanto mais cedo os pais estimularem, melhor. Desde a primeira infância. Estimular a movimentação, deslocamento, giros, pequenas corridas, por exemplo. Mas vale lembrar que existem atividades recomendadas para cada faixa etária, respeitando o momento cognitivo e de desenvolvimento da criança”, comenta Vanessa.
A Sociedade Brasileira de Pediatria, em seu Manual de de Promoção da Atividade Física na Infância e Adolescência, enfatiza a importância da prática de estímulos físicos em crianças desde os primeiros meses de vida. “Crianças de zero a dois anos devem ser incentivadas a serem ativas, mesmo por curtos períodos, várias vezes ao dia. As que conseguem andar sozinhas devem ser estimuladas fisicamente durante pelo menos 180 minutos, em ações que podem ser fracionadas ao longo de cada período.”
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A importância de se observar a faixa etária
Os exercícios físicos podem ser divididos por faixa etária, é o que diz o Miguel Akkari, presidente do Departamento de Ortopedia da Sociedade de Pediatria de São Paulo:
“Dos 2 aos 5 anos devemos buscar atividades que trabalhem coordenação, orientação espacial, equilíbrio e ritmo. Dos 6 aos 12 anos, considerar atividades organizadas em que a criança se identifique, sem se preocupar com competições e resultados. Trabalhar rendimento esportivo e capacidade física, motora e coordenativa”.
Esportes como vôlei, basquete, futebol, natação, ginástica e artes marciais são boas opções. Os estímulos também podem ser feitos através de caminhadas, dança, pular corda ou qualquer outra atividade que estimule movimentos regulares.
Ricardo do Rêgo Barros, coordenador do Grupo de Trabalho de Atividade Física da Sociedade Brasileira de Pediatria, enfatiza a importância de os menores experimentarem atividades físicas variadas. “Deve ser evitada a especialização precoce, devemos estimular os pequenos a conhecerem diversas modalidades até escolherem aquela que mais lhes traz prazer. Existem casos de crianças que são fenômenos desde cedo e esses devem ser monitorados e acompanhados por equipe multiprofissional.”
“Dos 14 aos 16 anos, introduzimos as primeiras noções de esporte especializado, damos início ao treinamento aeróbico e de força. Dos 16 aos 18 o adolescente está pronto para o treinamento esportivo propriamente dito com força, velocidade e resistência específica para a modalidade esportiva escolhida”, completa Miguel.
Vanessa Furstenberger relata que algumas habilidades motoras podem ajudar na decisão de qual esporte mais recomendado para cada caso. “Desde pequenas, algumas crianças já demonstram algumas facilidades como chutar, lançar, correr, tanto por habilidade própria quanto por gosto em determinados tipos de atividades e esportes. Isso pode ajudar na hora da decisão.”
Preferência da criança
Ainda que existam diversos dados que favoreçam a escolha, as preferências de cada menor sempre devem ser levadas em conta. Caso a criança seja condicionada à prática de esportes que não lhe tragam prazer, uma certa indisposição na prática de atividades físicas pode ser gerada. “Temos sempre que considerar as atividades que a criança queira fazer e se sinta confortável. Insistir em uma atividade que cause recusa é um dos principais fatores de desestímulo”, afirma Miguel.
“Leve a criança para fazer aulas teste no maior número de modalidades que puder. Logo perceberá sua preferência para seguir em um e no outro não. As escolinhas de esporte e clubes também ajudam na escolha. Nelas a criança fará o maior número de modalidades permitidas para a sua faixa etária”, recomenda a educadora física.
O ortopedista Miguel Akkari observa que, apesar de trazerem inúmeros benefícios, os esportes coletivos nem sempre são a opção mais recomendada. A personalidade do menor e sua faixa etária são determinantes. “Crianças de baixa idade ainda não sabem trabalhar de forma coletiva. A socialização é mais importante do que o trabalho em equipe. Apenas acima dos 6 anos a criança desenvolve a capacidade de entender esse conceito de trabalho em equipe.”
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