Projeto da USP que estuda o autismo pede doações para continuar suas pesquisas

A ONG "A Fada do Dente" investiga as causas do autismo e novas estratégias de tratamento, utilizando células de dentes de leite que são transformadas em neurônios.

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Projeto
Células extraídas da polpa dos dentes de leite ajudam os pesquisadores a compreender os mecanismos biológicos do autismo e ajudar na busca por novos tratamentos
Buscador de educadores parentais
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Um dos maiores desafios do Transtorno do Espectro Autista (TEA) é a confirmação do diagnóstico nas crianças ainda pequenas. Devido à sua complexidade, o diagnóstico costuma ser feito apenas aos dois ou três anos de idade, e há muitos casos de pessoas que só foram diagnosticadas na fase adulta. Porém, quanto antes a condição for identificada na criança, mais cedo ela poderá iniciar o tratamento e assim melhorar a qualidade de vida. Um dos projetos que estuda o autismo e pode ajudar nesse sentido, “A Fada do Dente“, está quase parado por falta de verbas, segundo os pesquisadores, que pedem que as pessoas ajudem por meio de doações.

O projeto é desenvolvido no Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP), por meio de uma organização não governamental, e realiza pesquisas sobre o transtorno a partir de dentes de leite doados de crianças autistas. A partir das células extraídas da polpa dos dentes de leite, os pesquisadores tentam compreender os mecanismos biológicos do autismo e ajudar na busca por novos tratamentos.

Projeto já investigou mais de 400 dentes de leite

Criado em 2008 pela pesquisadora Patrícia Beltrão Braga, do ICB-USP, o projeto A Fada do Dente já analisou mais de 400 dentes de leite. Nesse trabalho, é utilizada uma técnica de reprogramação celular, que transforma as células da polpa do dente em neurônios. Assim, é possível identificar diferenças biológicas entre os neurônios de indivíduos autistas e de indivíduos neurotípicos (que não têm autismo). Esse conhecimento pode ser aplicado para encontrar novos alvos terapêuticos e testar novas drogas. “O desenvolvimento de um banco de material biológico unicamente brasileiro é essencial, uma vez que grande parte das pesquisas genéticas do autismo são baseadas apenas nos Estados Unidos e na Europa”, explica a pesquisadora. 

O projeto ressalta que apesar dos avanços da ciência em pesquisas sobre as causas e possíveis tratamentos, muitos estudos ainda são necessários para conhecer a fundo os aspectos biológicos do autismo, acelerar o diagnóstico e desenvolver estratégias de tratamento individualizadas, uma vez que existem diferentes graus do transtorno. 


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Autismo acomete uma a cada 54 crianças

O TEA é um distúrbio do neurodesenvolvimento que acomete, em média, uma a cada 54 crianças, segundo dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos. Classificado em três graus – leve, moderado ou grave –, o transtorno se caracteriza por déficits na comunicação e interação social e comportamentos repetitivos e estereotipados. Por envolver manifestações comportamentais, o diagnóstico não é simples – exige uma observação clínica e, muitas vezes, o envolvimento de diferentes especialistas, como psicólogos, psiquiatras e neurologistas.

Existem fatores de risco genéticos e ambientais para o TEA, por isso é dito como um transtorno do neurodesenvolvimento de risco multifatorial. Hoje, mais de mil genes são reconhecidos como de predisposição ao autismo. Por meio de exames de sequenciamento genético, é possível identificar algumas dessas mutações. O projeto destaca que os riscos ambientais que podem contribuir ainda não estão claros, mas aparentemente algumas infecções e uso de drogas durante a gestação podem estar relacionadas ao TEA, em combinação com a suscetibilidade genética. 

“A Fada do Dente” aceita doações de qualquer quantia. Para mais informações sobre o projeto, clique aqui.


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