Presentes em excesso impedem criança a lidar com frustrações

O educador financeiro Carlos Eduardo F. Costa comenta que, hoje, as crianças ganham presentes a todo o momento, mas não deveria ser assim
Presentes em excesso impedem que a criança aprenda a lidar com a frustração; menina ruiva segura 3 presentes nos braços e há bexigas a seu lado
Cada família pode criar, seguindo suas tradições, um calendário com datas nas quais os filhos serão presenteados, sugere Carlos Eduardo

Quando eu era pequeno, ganhava presentes basicamente em duas ocasiões: Natal e aniversário. Como nasci em fevereiro, a distância entre meu aniversário e o Natal parecia uma eternidade. Não tínhamos o costume de ganhar presentes no Dia das Crianças, em outubro. Antes brincava dizendo que essa data só surgiu após minha infância. Depois de uma palestra para pais e mães, uma das pessoas presentes me mostrou que o Dia das Crianças surgiu na década de 1950, bem antes do meu nascimento. Mas infelizmente meus pais não souberam desta notícia.

E como funcionavam as coisas no Natal e nos aniversários? Pedia um presente determinado, mas nunca havia a garantia de ganhá-lo. Podia ser que meus pais dissessem que dariam, mas também que achavam muito difícil. Os sinais eram contraditórios. A expectativa ficava alta e durava até a data. No Natal, até a véspera, quando víamos os presentes na árvore. Aí aumentavam as possibilidades, caso a embalagem combinasse com o presente sonhado ou ficava frustrado na situação contrária. Quando então
ganhávamos o que tínhamos pedido, o mundo parecia perfeito. Um dos presentes que mais aguardei e que me deixou mais feliz foi uma pequena vitrola com caixas de som para tocar meus discos. Quantos e quantos LP’s não foram ouvidos a partir dela.

E o que acontece hoje com os nossos filhos? Eles acabam ganhando presentes a todo o momento. Qualquer situação é justificativa para presentear. Eles parecem tristes, damos presente. Estamos tristes, damos presentes. Eles pedem algo, damos presente. A lua está bonita, damos presente.

E qual o maior problema com este comportamento? Tiramos toda a expectativa de nossos filhos e também eliminamos as suas frustrações. Sem terem alimentado uma expectativa mais prolongada, é difícil às crianças criarem um vínculo maior com o presente ganho. Até porque sabem que logo estarão ganhando um novo. E sem lidar com as frustrações, elas acabam não se preparando adequadamente para o futuro.

E qual seria uma possível saída? Acredito que cada família deveria criar, seguindo suas tradições, um calendário marcando em quais datas os filhos serão presenteados. E você, acha isso uma boa ideia?


Leia também: Qual a diferença entre amar e mimar os filhos?


[mc4wp_form id=”26137″]

Carlos Eduardo Costa

Carlos Eduardo Freitas Costa é pai de Maria Eduarda e do João Pedro. Tem formação em ciências econômicas pela UFMG, especialização em marketing e em finanças empresariais e mestrado em administração. É autor de diversos livros sobre educação financeira para adultos e crianças, entre os quais: 'No trabalho do papai' e 'No supermercado', além da coleção 'Meu Dinheirinho'. Saiba mais em @meu.dinheiro

VER PERFIL

Aviso de conteúdo

É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita. O site não se responsabiliza pelas opiniões dos autores deste coletivo.

Deixe um comentário

Veja Também