‘Peitolé’: o picolé de leite materno pode ser dado aos bebês?

Objetivo de congelar o leite materno é amenizar desconforto da erupção dentária e refrescar os pequenos no verão, mas especialistas divergem em relação ao assunto

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Picolé de leite materno, também conhecido como “peitolé”.
Enquanto alguns especialistas recomendam, outros dizem que o "peitolé" não faz sentido
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Você já ouviu falar do “peitolé”? É um picolé de leite materno. O alimento ganhou fama nas redes sociais, quando mães começaram a compartilhar que servem o alimento aos bebês para aliviar dores ocasionadas pelo nascimento dos primeiros dentes ou para refrescar os pequenos quando está muito calor. O modo de preparo é simples: a mãe extrai o leite, coloca em forminhas de picolé caseiras e leva ao congelador. 

Neste fim de semana, uma onda de frio baixou as temperaturas em todo o país, mas em Porto Velho, Rondônia, o mês de agosto chegou a alcançar a temperatura de 38ºC. Por isso, a mãe Daniele Vasconcelos vinha oferecendo o picolé de leite materno à sua filha Monise, de quase seis meses. “Não precisa de mais nada além do leite. A Mô fará seis meses na semana que vem e já apresenta sinais de prontidão, que provam que ela está pronta para a introdução alimentar”, Daniele contou ao G1. O picolé de leite materno, no entanto, não é uma unanimidade. A ideia circula pela internet há alguns anos, sempre levantando discussões, com mães contra e a favor. Entre especialistas, há os que recomendam e os que acham que não faz sentido. 

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Thais Bustamante, médica pediatra e neonatologista, diz que o “peitolé” pode ser indicado para refrescar os bebês e amenizar o desconforto com a dentição, desde que sejam seguidos uma série de cuidados e recomendações, principalmente para evitar o risco de contaminação. É preciso prestar atenção às condições de armazenamento e à higiene: as forminhas devem estar devidamente higienizadas e, de preferência, devem ser sem Bisfenol A, enquanto é preciso realizar a coleta do leite com todos os cuidados que se teria para realizar uma doação. 

“A ordenha do leite materno deve ser realizada corretamente e o leite deve ser  acondicionado em recipientes higienizados, de preferência forminhas que possam ficar tampadas”, recomenda Thais. “O bebê deve ter mais de 6 meses e estar sob supervisão de um adulto e o leite materno deve ser o da própria mãe do bebê. Não se deve reaproveitar o ‘peitolé’ que já foi sorvido e que, portanto, já tem saliva, e o ‘peitolé’ não deve servir como mamada”, explica. Bebês com menos de 6 meses podem sofrer lesão das mucosas e língua pelo frio se consumirem o “peitolé”.

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A ordenha deve ser realizada em ambiente limpo e a mãe deve prender os cabelos, usar máscara ou lenço para cobrir a boca e higienizar as mãos e punhos. Também é preciso esterilizar utensílios e desprezar o primeiro jato de leite. O leite deve ser acondicionado no freezer, em recipientes higienizados previamente, por no máximo 15 dias. “Depois deste prazo, melhor fazer novos ‘peitolés'”, afirma Thais. 

Já segundo a médica da família e pediatra Milen Mercaldo, do Hospital Anchieta de Brasília, o picolé de leite materno não é recomendado, pois, além do risco de contaminação, o resfriamento da garganta pode trazer riscos de infecções virais: os cílios da faringe, que funcionam como um escudo, têm seu movimento reduzido com a diminuição de temperatura na região, o que também diminui a defesa do organismo. “Massageadores de gengiva são uma boa opção para aliviar o desconforto da dentição, ou então mordedores resfriados, pois assim o bebê não engole o gelado”, declara Milen. “O indicado no calor, para refrescar os bebês, é colocar roupas leves e frescas de algodão ou deixá-lo apenas de fraldinha durante o dia, dar banhos rápidos apenas com água morna e oferecer mais vezes o seio materno”, completa.

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Para a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), é imprescindível que a mãe tome todos os cuidados de higiene na extração e armazenamento do leite materno para fazer o picolé. A entidade afirma que, uma vez que os critérios de segurança sejam levados em consideração, é necessário discutir a opção com o pediatra para uma orientação adequada em cada caso. Ou seja, “peitolé”, somente após a liberação do médico.

A SBP ainda reforça que o leite materno é o melhor alimento do bebê, pois sai do peito na temperatura certa e alimenta, nutre e hidrata o pequeno. Nos primeiros 6 meses de vida, a alimentação do bebê deve ser exclusivamente de leite materno. A recomendação para mães que podem é que a amamentação continue acontecendo, junto com outros alimentos, até os 2 anos ou mais. 

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