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Uma em cada dez famílias cogita trocar filhos de escola por motivos financeiros
Uma pesquisa realizada com mais de 170 mil pais, de mais de 500 escolas particulares da educação básica de todo o país, revelou que 18% cogitam mudar os filhos de escola e 3% já estão decididos a fazer essa mudança para 2022. Desse total de 21%, quase metade (9,5%) – o que equivale a cerca de uma em cada dez famílias – diz que o desejo de mudar se deve a problemas financeiros. E a ideia dos pais é procurar escolas com mensalidades mais baratas (41%) ou negociar valores na própria instituição (40%). Além do aperto na renda familiar, também pesam na intenção de troca de escola: a localização, pouca abertura para relacionamento com os professores, busca por performance nos vestibulares, e tratamento impessoal ou falta de atenção para com os filhos. Menos de 1,7% pensa em mudar o filho para a rede pública de ensino.
Os dados são do estudo Ranking Escolas Exponenciais, feito entre agosto e setembro de 2021, com o objetivo de mapear o grau de satisfação dos pais em relação a uma série de aspectos da escola dos filhos, nesse contexto de pandemia da Covid-19.
“Sem dúvida, a área da educação foi profundamente afetada nos últimos meses. Essa pesquisa é essencial para entendermos onde estamos e para onde devemos seguir a partir de agora”, afirma Vahid Sherafat, CEO do Escolas Exponenciais e coordenador da pesquisa para o ranking 2021.
A pesquisa foi divulgada nesta sexta-feira (15) no site do Instituto Escolas Exponenciais, e a Canguru News antecipa aqui alguns dos principais resultados do estudo.
Inadimplência afeta 10% das famílias
Dentre todas as famílias participantes da pesquisa, 10% estão inadimplentes, ou seja, não têm cumprido com a mensalidade da escola dos filhos. E a questão de ordem econômica não atinge somente os pais: 22% das escolas disseram enfrentar dificuldades para manter salários de seus funcionários em dia. “Esse número aparentemente contrasta com o de pais inadimplentes, porém, a taxa de ocupação das escolas é de cerca de 62% da sua capacidade máxima, o que é bem abaixo do máximo que as escolas podem atender. Então, junta-se esse fator com a inadimplência e você tem como resultado um numero significativo das escolas que passam por desafio para manter sua folha salarial em dia”, explica o pesquisador Fabrício de Paula da Silva, que participou do estudo.
Além das questões financeiras, os desafios enfrentados pelas escolas para se adaptar às aulas online e superar as limitações impostas pela suspensão do ensino presencial também foram observados. São aspectos que certamente influenciaram no vai-e-vem das famílias entre instituicões: em 2021, 28% das escolas ganharam novos alunos e 39% perderam matrículas. “Cerca de um terço das escolas manteve-se no mesmo patamar. Houve certo equilíbrio entre perdas e ganhos, com leve tendência a mais escolas perderem alunos”, comenta o pesquisador.
Pais valorizam escolas que mantêm uma relação próxima, diz a pesquisa
Fabrício explica que a pesquisa consistiu em mais de 70 perguntas feitas para pais, professores e diretores, e muitos resultados ainda serão analisados, a partir do cruzamento de dados. Para o pesquisador, um dos números do ranking que mais chama a atenção diz respeito ao nível de satisfação dos pais em relação à escola, que apresentou uma melhora significativa neste ano. O índice médio avaliado era de 64 pontos antes da pandemia, caiu para 59 durante a crise sanitária e, agora, em 2021, está em 74. Veja lista com as escolas mais bem avaliadas, de acordo com esse índice, por estado e município. As instituições de ensino que participaram da pesquisa voluntariamente estão espalhadas por 211 cidades, de 25 estados do país, sendo que mais da metade delas – 264 – são do estado de São Paulo.
Segundo o estudo, as famílias veem como muito positivo quando a escola valoriza o papel dos pais na educação dos filhos e também quando mantém uma comunicação regular sobre o avanço do aluno nos estudos. Pais de escolas que cuidam desses aspectos são 16 vezes mais satisfeitos do que aqueles de escolas que não dão atenção a isso, apontou o levantamento.
“Quanto mais a escola reconhece o papel dos pais na educação dos filhos, e os informa sobre o progresso do filho nos estudos, maior é o grau de satisfação das famílias”, afirma o pesquisador.
Pais não querem saber de aulas online em 2022
A pesquisa também questionou qual a intenção dos pais, caso o ensino híbrido seja mantido em 2022. A grande maioria dos pais disseram que mandariam os filhos para a escola mesmo que as aulas online sejam mantidas. “Foi maciça a resposta dos pais em relação a mandar os filhos para a escola. Mesmo que seja permitida a permanência do ensino híbrido, 94% disseram que em 2022 gostariam de mandar os filhos e só 6% disseram que se houvesse possibilidade manteriam os filhos em casa”, conclui Fabrício.
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Verônica Fraidenraich
Editora da Canguru News, cobre educação há mais de dez anos e tem interesse especial pelas áreas de educação infantil e desenvolvimento na primeira infância. Tem um filho, Martim, sua paixão e fonte diária de inspiração e aprendizados.
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