O pensamento criativo está relacionado à capacidade de utilizar a imaginação e ideias originais para criar algo. Em 2022, essa habilidade foi medida pela primeira vez em sala de aula, por meio do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), com o objetivo de avaliar até que ponto os estudantes são capazes de se envolver na geração, avaliação e aprimoramento de ideias próprias e diversas.
Segundo a avaliação, professores podem estimular a criatividade dos alunos e incentivá-los a explorar, gerar e refletir sobre ideias. Nesse sentido, as pedagogias aplicadas podem fazer a diferença. Nos países participantes desse exame promovido pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), entre 60-70% dos estudantes relataram que seus professores valorizam sua criatividade e os incentivam a apresentar respostas originais.
Para o especialista em educação Gilberto Barroso, cofundador e CEO da metodologia educacional De criança Para Criança, a criatividade é um componente extremamente importante no aprendizado, pois vai além da retenção do conhecimento na sala de aula.
“Ela ajuda o indivíduo a caminhar em um mundo cada vez mais complexo. Sem a criatividade você engessa o indivíduo. Para nós, trata-se de um ponto extremamente rico porque utilizamos o processo criativo para criar histórias com roteiro, desenhos de locução e narração em sala de aula. Sem a criatividade, esse processo não poderia existir”, argumenta.
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Gilberto ressalta que ao olhar para a educação no mundo inteiro, a pesquisa da OCDE aponta as fragilidades e o que necessita ser melhorado nos sistemas educacionais. O especialista destaca abaixo algumas conclusões apontadas pelo principal idealizador do programa, o diretor de educação da OCDE, Andreas Schleicher.
- Os sistemas educacionais fortes se destacam na criatividade, mas alguns dos melhores desempenhos em matemática experimentam quedas significativas no desempenho criativo;
- A criatividade diminui à medida que os alunos envelhecem, com os alunos de 10 anos mostrando mais criatividade do que seus colegas de 15 anos. Isso ocorre porque crianças nascem com muita criatividade, sempre dispostas a aprender, desaprender e reaprender.
- Além disso, nos países da OCDE, as meninas superam os meninos em pensamento criativo e possuem crenças mais positivas sobre criatividade, pontuando quase três pontos a mais que os meninos.
- A excelência acadêmica não é um pré-requisito para o pensamento criativo. Nesse sentido, o setor educacional finlandês vê a criatividade por meio do indivíduo, do processo, do produto e do ambiente, oferecendo uma estrutura abrangente para entender sua presença na educação.
Metodologia utilizada para medir a criatividade
Criatividade e inovação são conceitos intimamente relacionados. Isso porque, segundo o relatório Pisa 2022, a criatividade tem impulsionado inovações na humanidade e na cultura por milênios. O pensamento criativo também ajuda jovens a adaptarem-se mais rapidamente às mudanças, tornando-se profissionais mais inovadores e flexíveis.
Os pesquisadores propuseram domínios que podem ser mensurados em eixos como:
- a expressão escrita, que envolve a comunicação de ideias e imaginação por meio da linguagem escrita;
- a expressão visual, comunicação de ideias e imaginação através de recursos visuais;
- a resolução de problemas sociais, que consiste em compreender diferentes perspectivas, atender às necessidades de outros e encontrar soluções inovadoras e funcionais para as partes envolvidas;
- a resolução de problemas científicos, como a capacidade de gerar novas ideias, projetar experimentos para sondar hipóteses, e desenvolvimento de novos métodos ou invenções para resolver problemas.
Sobre o Pisa
O Pisa é realizado de três em três anos, com foco em Leitura, Matemática ou Ciências. Além dessas áreas, desde 2015, o exame passou a analisar competências consideradas relevantes para o século 21. A última prova, realizada em 2022, avaliou o conhecimento dos jovens em Matemática e abordou pela primeira vez o Pensamento Criativo, envolvendo a participação de quase 700 mil estudantes, de 15 anos, de escolas públicas e particulares de 64 países.
Estudantes de Singapura tiveram o melhor desempenho em termos de criatividade, atingindo 41 pontos, enquanto a média da OCDE ficou em 33, numa escala que vai de 0 a 60 pontos. Também ficaram acima da média países como Coreia, Canadá, Austrália, Nova Zelândia, Estônia, Finlândia, Dinamarca, Letônia, Bélgica, Polônia e Portugal.
A média do Brasil na avaliação do pensamento criativo foi de 23 pontos, 10 pontos abaixo da média da OCDE. Com isso, o país ficou na 49ª posição no ranking de 64 países.
