Pediatras assinam carta de apoio ao retorno das aulas presenciais

Documento traz artigos científicos que mostram que a reabertura das escolas durante a pandemia é segura

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Pediatras assinam carta de apoio ao retorno das aulas presenciais; Criança na sala de aula com máscara
"É preciso refletir sobre os impactos da pandemia, ser justos com a infância e comprometidos com o futuro das crianças do nosso país," disse o pediatra Paulo Telles | Foto: Banco de imagens do Governo Federal
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Pediatras de várias partes do país criaram o movimento #lugardecriancaenaescola e assinaram um manifesto pela volta às aulas presenciais em meio à flexibilização das medidas para conter a pandemia da Covid-19. No documento, que já havia recolhido 3.000 assinaturas até quinta-feira (26), entre pediatras e outros profissionais de saúde, os autores apresentam artigos científicos que mostram que o retorno às atividades escolares presenciais é seguro para crianças e adolescentes, desde que as medidas de proteção sejam implementadas.

Os organizadores da iniciativa dizem que se trata de um grupo independente de instituições de saúde e ensino. Segundo eles o objetivo é divulgar informações baseadas na ciência. No manifesto, os autores argumentam que as crianças raramente têm complicações graves da Covid-19. Alguns cientistas estimam que as mortes de crianças representam menos de 1% do total de óbitos causados pela doença. As infecções registradas nessa faixa etária no mundo todo equivalem a cerca de 2% do total, segundo a Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP).

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De acordo com a infectologista pediátrica Luciana Becker Mau, uma das autoras do documento, a ideia de criar a carta surgiu de um grupo com cerca de 40 pediatras que se reúne para discutir os casos e estudar o papel das crianças na atual pandemia. “Percebemos que falta informação de qualidade para a população. Queremos fornecer subsídios para a tomada de decisões”, afirma. Segundo a médica, o documento deve ser enviado ao Ministério Público de São Paulo. Ela diz ainda que há movimentos semelhantes em outros estados que pedem apoio técnico ao grupo. O pediatra e neonatologista Paulo Telles publicou um vídeo no Instagram esta semana falando do manifesto. O vídeo jé teve quase 500 mil visualizações até a tarde desta quinta-feira.

Pediatra Paulo Telles fala da volta às aulas durante a pandemia
O pediatra Paulo Telles esclarece sobre a carta assinada que incentiva a volta às aulas baseada na ciência | Foto: Reprodução Instagram @paulotelles

‘As crianças não podem ser mais prejudicadas pela suspensão das aulas’, diz o pediatra Paulo Telles

“Nos últimos dias, o número de casos de COVID-19 têm aumentado bastante e temos nos preocupado com o fantasma do fechamento das aulas. O comportamento do novo coronavírus não é como o do influenza. As crianças não podem ser mais prejudicadas pela suspensão das aulas. O manifesto contém dados científicos que reconhecem esse momento complexo que estamos vivendo. É uma discussão urgente sobre o lugar das crianças e da escola na pandemia. Consideramos crucial que algumas informações já consagradas cientificamente sejam bem divulgadas. Listamos os pontos mais críticos e artigos que nos embasamos. As crianças se infectam duas a cinco vezes menos do que os adultos e o risco de se infectar é menor quanto mais jovem ela for. São muito raras as complicações nessa faixa etária, representando apenas 0,6% dos óbitos, sendo que as crianças representam 25% da população nacional. Para as crianças, a exposição à COVID-19 apresenta um risco muito menor do que a exposição ao vírus da Influenza, sendo que as escolas não fecharam durante o surto de influenza. As crianças não são super disseminadoras da COVID-19. A grande maioria das crianças é assintomática ou apresenta sintomas leves, principalmente as crianças mais novas. Se as escolas seguirem os protocolos adequados e as medidas de prevenção, elas não serão locais de maior infecção. Existem vários estudos que comprovam isso. As escolas são seguras para professores, funcionários e alunos. No Brasil e no mundo, as crianças se infectaram mais em casa através dos próprios familiares do que na escola. Os impactos do isolamento social prolongado no desenvolvimento infantil e na saúde mental são imensos e duradouros. A obesidade, transtorno de ansiedade e de sono e danos pela exposição excessiva às telas são alguns dos muitos prejuízos que as crianças estão sofrendo. Sobre a vacinação, os testes clínicos da maioria dos laboratórios não contemplam as crianças. A vacina para as crianças não é uma realidade para curto e médio prazo. É preciso refletir sobre os impactos da pandemia e ser justos com a infância e comprometidos com o futuro das crianças do nosso país,” disse o pediatra Paulo Telles.

O movimento “Lugar de criança é na escola” criou também um perfil no Instagram para os apoiadores da causa que já conta com quase 6 mil seguidores.

Instagram lugar de criança é na escola
O Instagram do movimento já conta com quase 6 mil seguidores.

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