Identificado pela primeira vez no Brasil em abril do ano passado, o zika vírus não seria, a princípio, um grande problema para a saúde pública. Isso porque a doença, transmitida pelo mosquito Aedes aegypti — o mesmo causador da dengue e da febre chikungunya —, costuma evoluir de forma benigna, apresentando sintomas como coceira, febre e dores musculares. As constatações que se seguiram desde então, no entanto, transformaram o zika em um dos mais temidos vírus do momento.
A preocupação se deve à sua associação com outras doenças, especialmente a microcefalia, detectada em bebês que tiveram contato com o vírus na barriga da mãe. “Ainda não sabemos com exatidão como o vírus age no organismo, mas descobrimos que ele provoca uma alteração no sistema imunológico que o permite atravessar a placenta e chegar até o bebê, causando má-formação cerebral em alguns casos”, explica a médica Juliana Cordeiro de Melo Franco, coordenadora do Pronto Atendimento Pediátrico do Hospital Felício Rocho. Ela relata ainda que o período de maior vulnerabilidade é durante a fase embrionária, que vai da terceira à nona semana de gestação. Especialmente nessa fase, a mulher deve redobrar os cuidados, utilizando repelentes próprios para grávidas e evitando locais e horários em que há maior número de mosquitos (veja mais medidas no quadro).
O Brasil não é o único país que sofre com a epidemia do vírus. De acordo com Juliana, foram detectados casos em vários países da América do Sul e Central, Ásia, África e Oceania. A Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou um alerta epidemiológico para que os países membros fiquem vigilantes a fim de detectar e confirmar casos de infecção pelo vírus. A pesquisa para a produção de uma possível vacina contra o zika foi iniciada em janeiro pela Fundação Oswaldo Cruz, mas não há previsão de quando ela será lançada.
Enquanto a vacina não chega
O Ministério da Saúde elaborou uma cartilha de prevenção para ajudar a população a se manter longe do mosquito. Veja alguns cuidados:
›› Colocar telas em janelas e portas e usar preferencialmente roupas compridas — calças e blusas.
›› Nas áreas do corpo expostas, aplicar repelente.
›› Observar o aparecimento de sinais e sintomas de infecção por vírus zika (manchas vermelhas na pele, olhos avermelhados e febre) e buscar um serviço de saúde para atendimento.
›› Para febre e dor, usar acetaminofeno (paracetamol) ou dipirona.
›› Não tomar qualquer outra medicação sem orientação médica.