Seu filho é do tipo quietinho, que não gosta de muita interação com outras crianças? Ou está mais para o falante que se comunica com facilidade com qualquer pessoa? Nem sempre é fácil para os pais entender o porquê dos comportamentos das crianças, mas é fato que isso pode ajudar muito na convivência em família. O método “O Corpo Explica” se propõe a orientar os pais nesse sentido, ao fazer uma análise de padrão de comportamento de cada criança, com base no formato do corpo e nos chamados traços de caráter.
“Pelo formato do corpo consigo saber se a pessoa vai ser um sujeito mais amigável e dócil ou vai ser alguém prático e ágil”, afirma um dos fundadores do método, o especialista em comunicação Elton Euler, 38 anos, pai de cinco filhos – um casal de gêmeos de 8 meses, e três crianças com idades de 7, 11 e 13 anos. Ele diz que a proposta dessa técnica é “explicar para as pessoas como a mente delas funciona, justamente para minimizar atritos entre elas, porque nós percebemos que cada pessoa tem um padrão de funcionamento, com base na combinação de seus traços de caráter”.
Os traços, segundo o método, se moldam na infância, desde a fase intrauterina até por volta dos 5, 6 anos, e têm a ver com o processo de mielinização, relacionado ao desenvolvimento cerebral, o qual é influenciado pelas experiências que a criança tem e o ambiente em que vive. A análise leva em conta a combinação desses traços e o formato – longo, fino, arredondado, por exemplo – de partes do corpo – como a cabeça, olho, boca, tronco, quadril e pernas.
“A gente analisa o formato do corpo da pessoa e mede o percentual de cada traço, e esse percentual vai dizer pra mim como a mente dela funciona, porque vai revelar como foi cada uma das etapas – a gestação, amamentação, primeiros passos, desfralde e surgimento da sexualidade”, relata o fundador.
Traumas vividos nessas fases podem impactar o comportamento, mas a análise foca no presente e busca dar ferramentas aos pais para que entendam os filhos como eles são – e não como gostariam que fossem – e assim promovam o seu desenvolvimento de forma saudável.
Segundo o método, há cinco tipos de filhos: o quietinho, o falante, o articulador, o organizado e o competidor.
O quietinho é aquele filho que não gosta de interagir muito com outras crianças, fala pouco e tem dificuldades de se expressar. E, com a intenção de não incomodar e até de não ser aceito, foca todas as suas energias na cabeça, dando a parecer que vive no mundo da lua. Essas crianças são magras, de cabeça grande, pernas finas e comem pouco.
“É uma criança mais desconectada da realidade, não gosta de contato físico, é muito atípica, ela quer ler em vez de correr no parque, tem hábitos mais mentais que físicos”, relata Elton.
Já o filho falante é aquele que além de falar muito, é carente, sensível e chora com frequência. Tais comportamentos têm relação com situações que a criança viveu no primeiro ano de vida, que despertaram medos e preocupações. “Isso ocorreu devido às percepções que ela teve, durante esse período. Todas elas motivadas por um sentimento de que algo estava faltando. E por conta disso ela se acostumou a querer chamar a atenção das pessoas à sua volta, ou, tentando preencher o vazio que sentia”, diz texto que explica o perfil de criança quietinha.
O fundador ressalta que as características de cada pessoa não devem nunca ser vistas como defeito ou qualidade, e sim como padrões diferentes de funcionar. Elton diz que ao saber como os filhos são, os pais conseguem esperar deles aquilo que eles são capazes de entregar, respeitando assim a forma de eles se comportarem, o que favorece a conexão.
Muitos educadores não veem com bons olhos rotular as crianças por seus comportamentos, por acreditar que isso pode servir de desestímulo para que mudem, mas Elton diz que as características relacionadas aos traços de caráter são mais libertadoras do que limitantes. “Não estamos tentando trazer o rótulo para estigmatizar, para limitar pessoas ou a criança, mas, pelo contrário, trazendo uma definição para que a pessoa desse traço de caráter se identifique e não tente ser diferente do que ela é”. Ele dá como exemplo, alguém que espera do peixe que ele voe. “Não estou limitando, mas libertando-o da expectativa. Quando digo que o peixe não foi feito para voar, ele já tem essa limitação, apenas estou dizendo isso, identificando, dando assim ao outro o direito de não cobrar dele algo que ele não tem”.
Origem da técnica
O método “Corpo Explica” surgiu em 2018 e tem como base a bioenergética, uma forma de psicoterapia corporal baseada em teorias de pensadores como Freud, Wilhelm Reich e Alexander Lowen. Porém, em vez dos exercícios e movimentos sincronizados com a respiração, a técnica foca na mente, agregando ainda elementos de outras áreas, para oferecer uma análise que possibilita o autodesenvolvimento consciente.
A seguir saiba algumas das principais características de cada tipo de filho e como lidar com elas.
Filho quietinho
É uma criança quieta, que está sempre no seu canto e não gosta de brincar nem de interagir com outras crianças. Fala pouco e tem dificuldades de se expressar. Mas é muito criativa e precisa de tempo, espaço e quietude para poder existir. No geral, são crianças bem magrinhas, de cabeça grande, pernas finas, que comem pouco e parecem viver no mundo da lua, meio distantes e sem muito contato físico.
O que fazer para que a criança fique bem
- Estimular a criatividade dessa criança.
- Permitir que ela compartilhe suas ideias e peculiaridades, com liberdade.
- Respeitar a necessidade que ela tem de ficar dentro da caverna, quietinha, quando ela precisar.
O que não fazer
- Expor muito essa criança.
- Obrigá-la a beijar e abraçar todo mundo.
- Exigir que ela seja espontânea.
- Cobrar dela afeto e carinho demais.
Filho falante
É uma criança que chora por tudo, não consegue ficar com a boca fechada, tende a levar tudo para a boca e acaba comendo um pouco demais. Tende a chamar a atenção das pessoas a sua volta e a ser mais carente. São fofinhas, de bochechas salientes e olhar pidão, que estão sempre querendo chamar a sua atenção e buscam muito contato físico.
O que fazer para que a criança fique bem
- Oferecer colo, carinho e afeto.
- Proporcionar um ambiente onde essa criança se sinta acolhida.
- Criar espaços destinados a ouvir o que essa criança tem pra falar.
O que não fazer
- Deixar a criança sozinha ou sem se comunicar.
- Reprimir sentimentos, pedindo pra engolir o choro.
- Exigir que ela seja mais racional.
- Proibi-la de demonstrar afeto e carinho.
Filho articulador
Não aceita ordens e dá nó em pingo d’água para convencer os outros a fazerem o que ele quer. É um bom estrategista, articulador e líder nato. São crianças de queixinho pontudo, ombros largos e olhar desafiador, e que estão sempre tentando negociar para obter algo em troca.
O que fazer para que a criança fique bem
Estimular a capacidade de liderança dela.
Permitir que ela exerça habilidades de negociação.
Orientar para que haja justiça nas trocas que ela vier a realizar.
O que não fazer
- Insinuar que essa criança te deve algo.
- Ficar bravo por ela querer algo em troca.
- Obrigar que ela faça favores, sem que você cumpra o combinado.
- Dar atenção e afeto só quando ela realiza algo importante pra você.
Filho organizado
Calado e organizado, não gosta de se expor nem de sair da rotina. Tem receio de que as coisas venham a dar errado, principalmente, quando precisa se expor para outras crianças ou adultos. Por isso, faz as coisas acontecerem, garantindo que tudo saia conforme o planejado. São crianças mais “parrudinhas”, com os pés pra dentro e o bumbum meio amassado, e que vivem pelos cantos, tentando evitar constrangimentos.
O que fazer para que a criança fique bem
- Garantir tempo e recursos suficientes pra ela planejar e organizar ideias,
- Mantê-la informada sobre situações que possam interferir na rotina,
- Oferecer segurança para que ela possa caminhar com menos receio.
O que não fazer
- Corrigir a criança e dar lições de moral em público.
- Exigir que ela se abra e fale sobre sentimentos.
- Expor demais a criança contra a vontade dela.
- Colocá-la em situações em que é necessário improvisar.
Filho competidor
Um filho que bate de frente com as pessoas, que quer controlar e ser o primeiro em tudo, e se frustra com eventuais derrotas. São crianças competitivas, ágeis, atléticas e geniosas. Precisa de ambientes e situações em que possa exercer esse talento e dar vazão a toda energia que possui.
O que fazer para que a criança fique bem
- Incentivar a disposição competitiva e atlética dessa criança.
- Propor desafios difíceis o suficiente para que ela possa se entusiasmar.
- Ajudá-la a cuidar da aparência física (porque, pra ela, isso não é futilidade).
O que não fazer
- Estimular situações de comparação entre essa criança e outras pessoas,
- Apontar defeitos nela ou no jeitinho dela,
- Exigir que ela seja capaz de se decidir rápido,
- Reprimir toda a vitalidade que essa criança tem.
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