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O que fazer quando os filhos brigam e falam mal um do outro?
Pode perguntar para pais e mães com mais de um filho ou filha: qual o seu maior desejo em relação aos seus filhos? Muito provavelmente você vai ouvir: “Que tenham saúde e que sejam felizes e amigos!”
Com a melhor das intenções, os pais reforçam e estimulam os bons sentimentos: “Irmãos têm que ser amigos!”, “Irmãs têm que ser amigas!”
Às vezes, essas falas são suficientes para gerar um clima bom dentro de casa, mas nem sempre é assim… A “obrigação de se entender” pode ser uma causa relevante das brigas entre irmãos e irmãs.
Qual seria a alternativa, então? O que fazer quando os irmãos brigam e declaram toda a sua raiva em alto e bom som?
Eu sugiro o caminho da empatia, da comunicação consciente, da aceitação dos sentimentos, da escuta, que pode acontecer em uma conversa em particular com o filho: “Estou vendo que você está com muita raiva do seu irmão. Quer conversar mais sobre isso?” Ao aceitarmos que o filho sinta essa raiva toda, fale sobre ela e coloque-a para fora, estamos ajudando-o a liberar espaço dentro dele para que os bons sentimentos em relação ao irmão surjam. É possível que, depois dessa conversa e desabafo, algo mude na relação entre eles e as coisas se tornem mais pacíficas. É crer para ver!
Quando falo isso para os pais nos meus workshops, tem sempre alguém que se assusta: “Como assim, eu vou ouvir um filho falando mal do outro? Isso não é certo! Eu não quero tomar partido, concordar com quem veio me contar a briga!”
Calma. Ouvir não é concordar. Não é dar razão. Ouvir é validar aquele sentimento que o filho está trazendo, é reconhecer que o sentimento existe, é aceitar que ele sinta aquilo. Aliás, ele pode sentir raiva do irmão, mas o que ele vai fazer com essa raiva tem limite. Bater não pode, por exemplo.
Precisamos parar de acreditar que não falar sobre os sentimentos negativos vai fazê-los desaparecer. Não vai. É o típico caso de sujeira embaixo do tapete. Só aumenta…
Falar sobre os sentimentos negativos é o que vai fazer com que eles não cresçam e comecem a se dissipar. Quanto mais deixarmos que os sentimentos de raiva dos filhos sejam “ventilados” e expressados, maiores as chances da raiva entre eles diminuir. E como menos raiva significa menos brigas, vale a pena experimentar.
Desejo boas conversas para vocês!
*Este texto é de responsabilidade do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Canguru News.
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Renata Pereira Lima
Renata Pereira Lima é mãe da Luísa, 14 anos, e do Rodrigo, 12 anos. Palestrante TEDx-SP, mestra em Antropologia, pesquisadora de mercado com foco em comportamento e facilitadora de workshops para melhorar a comunicação entre pais e filhos por meio de escuta, empatia, respeito e limites.
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