POR Marina Vasconcellos
No meu primeiro Dia das Mães, eu já estava grávida e não sabia… Poucas semanas depois, aqueles números no papel do laboratório confirmaram o que eu já imaginava: a minha vida nunca mais seria a mesma! Eu era aquela grávida que transbordava felicidade. Me sentia muito bem e a Sofia era tão “sossegada” que passamos de quarenta semanas e não tivemos nenhum sinal de que ela queria conhecer a vida aqui fora. Mas eu não via a hora de conhecê-la! Enfim, ela nasceu. E eu mal podia acreditar que tinha uma filha nos braços! A Sofia era um sonho, e eu, uma mãe apaixonada.
Alguns anos depois, decidimos aumentar a família e logo em seguida engravidei pela segunda vez. Era um menino! Eu teria um casal… Não tinha como ficar melhor! Foi mais uma gravidez sem intercorrências e, com os exames todos normais, eu seguia com os preparativos e um novo amor crescendo dentro de mim.
O Henrique nasceu grande, lindo e chorou alto. Fui invadida por uma sensação de realização e dever cumprido. Mas logo comecei a estranhar a demora em recebê-lo no quarto. Segundo os médicos, ele apresentava um “desconforto respiratório”. Um quadro passageiro. “Relaxa, mãezinha, ele está bem… Só está um pouco cansado!”, disseram-me. Como meu filho não podia sair da incubadora, fui levada até o berçário. Foi a segunda e última vez que o vi com vida.
Ah, se eu soubesse qual seria o desfecho, teria ficado com ele até o fim! Teria amamentado. Teria lhe dito que o amava imensamente e que, apesar da nossa dor, ele poderia ir em paz. Se tivesse ideia do que aconteceria, teria memorizado cada detalhe do seu rosto, o teria segurado em meu abraço, até ele partir. Mas na manhã seguinte meu filho faleceu, longe de mim, sem que eu soubesse o que ele tinha.
A notícia do médico, meus gritos de dor, o enterro, o berço vazio… Explicar à Sofia, ainda tão pequena, que seu irmãonão iria para casa… São lembranças que até hoje me deixam sem ar!
Mas aos poucos eu aceitei a nossa história e entendi que nunca deixei de ser sua mãe, assim como ele nunca deixou de ser meu filho. Eu estava em paz, mas não estava feliz.
Depois de tudo que passamos, ainda sofri um aborto, mas nunca desistimos. Pedimos a Deus que nos enviasse gêmeos, pois eu só poderia engravidar mais uma vez. E não é que fomos abençoados? Laura e Vitória chegaram cheias de saúde e devolveram a alegria (em dobro!) à minha vida.
Hoje, como mãe, posso dizer que vivi o pior dos pesadelos, mas vivo, também, o sonho mais doce diariamente…