Os bebês não crescem de maneira igual todos os dias. Eles sofrem uma espécie de estirão de tempo em tempo. O mesmo acontece com a função cognitiva. Em alguns momentos eles desenvolvem fortemente uma habilidade. Esses períodos no qual eles dão uma esticada ou aprendem algo novo são chamados de picos de crescimento e saltos de desenvolvimento, respectivamente. É um período difícil e conturbado para o bebê. Ele se sente perdido, pois houve uma mudança física e neurológica repentina sem tempo hábil para se adaptar a essas mudanças. Durante esses períodos, são comuns alterações de sono, de comportamento e de apetite.
Agora, o caos se instala de verdade quando a criança está beirando o segundo ano de vida, entre 1 ano e meio e 3 anos. Então vamos falar de algumas coisas importantes que toda mãe precisa saber.
No primeiro ano de vida, a criança triplica seu peso e dobra de tamanho. O apetite está relacionado com esse intenso desenvolvimento. Quando o ritmo de desenvolvimento diminui, instintivamente, o apetite também diminui, porque as necessidades nutricionais são reduzidas.
Nessa fase acontece o que chamamos de primeira adolescência ou os “terrible twos” (terríveis dois anos). Essa idade é um período de grandes mudanças para a criança. Gradualmente, ela passa a se perceber como indivíduo, com desejos e opiniões próprias, e isso gera uma enorme necessidade de tomar decisões e fazer escolhas por si. E é claro que não comer ou selecionar os alimentos são formas de protestar, de se impor, de se sentir “gente”. A criança quer ter o poder de decisão. Em geral, ela recorre a esse tipo de recusa como mais uma tentativa de conseguir a atenção dos adultos e acaba descobrindo que é uma maneira brilhante de alcançar seu objetivo.
E aí? O que fazer, então?
Não force a criança a comer.
Lembre-se de que “sem plateia não há show”.
Faça uma cara de “eu sou superior a isso”, mesmo se estiver se remoendo por dentro.
Não ceda às vontades da criança e nem ofereça no lugar da refeição uma guloseima.
Tenha sabedoria e dê tempo ao tempo.
Fique atenta ao crescimento e ganho de peso dele. Em algumas situações, é necessário suplementar a alimentação e procurar ajuda profissional.
Ofereça refeições interessantes e lúdicas. Capriche na apresentação das comidas e envolva a criança na preparação dos alimentos.
Jamais comente perto de seu filho que ele não se alimenta bem ou que não gosta de nada. Seu filho acredita piamente em tudo que você diz, então aproveite esse artifício para convencê-lo de que ele come superbem, sim. Diga apenas o que for positivo. Suas palavras têm muito poder!
Alice Carvalhais
É mãe e nutricionista maternoinfantil. Responsável pelo setor de nutrição de crianças e adolescentes do Instituto Mineiro de Endocrinologia, atua em consultório atendendo a gestantes e crianças, e em domicílio, ajudando as mamães a introduzirem os seus bebês, de forma correta, na alimentação. Criou o projeto Alice no País das Comidinhas, no qual alia a teoria da nutrição com a prática da maternidade e dá dicas de alimentação saudável para mães e filhos.