Seu filho já lhe contou alguma história que depois você soube que não era verdade? Usou argumentos falsos para justificar por que não havia feito as tarefas? Descobrir uma mentira do filho pode ser decepcionante, mas é preciso entender as suas causas. As motivações são diferentes a depender da faixa etária, explicam especialistas.
“Até os 5 anos, a criança não consegue separar realidade de fantasia. A imaginação faz parte do desenvolvimento normal da criança e é base para o pensamento lógico que irá nortear o adulto”, afirma a psicopedagoga e mestre em neurociências Sueli Conte. Ela lembra que a partir dos 6 anos, a criança ainda brinca com a fantasia e cria situações que não são reais, mas nesse período, as invenções já são bem menores.
Nesse período, os pais devem ajudar o filho a entender a distinguir o que é mentira e o que é fantasia. “Se a criança por volta dos 4, 5 anos traz um material didático diferente e diz que ganhou de uma amiga, vale confirmar se a história é mesmo real. “Se não for, os pais têm de dizer à criança que aquilo não é seu e que não lhe foi dado, fazendo-a devolver para a colega”, orienta Sueli.
Mariana Gambine, especialista em educação positiva, complementa que essa é a fase de maturação neurológica, fazendo com que a criança experimente o mundo de uma forma particular, muitas vezes fantasiando as situações e descobrindo que alguma coisa de errado ocorreu. “Essas consequências desagradam as próprias crianças, mas nem elas, no geral, sabem como reagir e que podem chatear os adultos.”
Ela lembra que mentir de vez em quando faz parte do comportamento humano. “É normal e todos nós fazemos, em maior ou menor grau”, diz. O importante é tentar entender por que a criança mente – se é por medo, frustração, fantasia ou mesmo para chamar atenção dos outros. “Depois, é preciso que você acolha a criança e, respeitosamente, explique-a que a forma com que ela agiu não foi adequada”, propõe Mariana.
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Aos 7 anos a criança já tem uma noção do que é a mentira
Por volta dos 7 anos, a mentira se torna algo intencional, quando a criança já adquiriu noções de valores sociais e entende melhor a diferença entre verdade e mentira e quando ela, a mentira, pode prejudicar o outro, relata Sueli.
Entre 7 e 8 anos, a criança passa por um período de ostentação e autoafirmação e, por isso, quer ser a melhor em tudo, seja com os colegas da escola ou dentro da própria família.
A partir dos 10 anos de idade, a mentira do filho pode surgir como uma forma de evitar repreensões e castigos, ou ainda para fugir das suas responsabilidades ou chamar a atenção dos pais.
Mariana diz que embora a criança nessa idade consiga compreender a diferença entre uma verdade e uma mentira, isso não é suficiente para impedir que ela pare de falar mentiras para impressionar os outros.
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A mentira pode esconder angústias e frustrações
“Tal comportamento pode decorrer de inúmeras razões, como a falta de atenção, autoafirmação, medo de humilhação, proteção da sua intimidade, entre outros fatores”, diz Mariana. Ela ressalta que a mentira é sempre prejudicial, tanto para quem fala como para os outros, e pode ser uma forma de esconder angústias e frustrações e até mesmo representar uma reprodução do comportamento dos adultos, que servem de modelos para os filhos.
“Além de dar o exemplo, praticar uma educação pautada no respeito mútuo, na liberdade de expressão e empatia, evita que as crianças mintam sobre pensamentos, sentimentos e desejos, como uma tentativa de agradar os pais”, comenta Mariana.
Ela diz que ao invés de reprovar ou punir o filho, os pais devem escutar a criança e compreender o motivo pelo qual ela mentiu, estabelecendo assim uma conexão, antes de pensar na correção. “Às vezes, a criança demonstra seus desejos através de mentiras, ou, ao contrário, fala daquilo que a incomoda”, diz a especialista.
Pais devem passar confiança ao saber da mentira do filho
Para Sueli Conte, a criança deve sentir que ao contar a verdade terá a admiração e confiança dos pais, professores e amigos e que a mentira “tem perna curta” e logo será descoberta e desaprovada por todos.
Se tiver dúvida sobre a história da criança, ele orienta a não insistir e pedir que conte a história horas mais tarde e compare as versões. Também ajuda fazer perguntas amplas como: “O que aconteceu na escola?” em vez de “Te bateram na escola?” ou “O que você fez para ser encaminhado à diretoria?”.
“Broncas severas ou castigos podem levar a criança a mentir mais vezes para não receber novamente esse tipo de punição. Mostrar os benefícios da verdade e os prejuízos que a mentira traz para a própria criança e para as outras pessoas é o melhor caminho”, diz Sueli. Quando o comportamento mentiroso é muito frequente ou se estende muito além dos sete anos, uma ajuda profissional deverá ser procurada, alerta a psicopedagoga.
Ela comenta ser consenso entre os psicólogos que “as falas dos adultos afetam a autoimagem e a autoestima da criança e que, muitas vezes, isso determina o seu caráter, a sua personalidade e até mesmo o seu destino. Segundo os especialistas, há uma conexão direta entre o modo de as crianças sentirem e o modo de se comportarem. Quando elas se sentem bem, se sentem aprovadas, admiradas, respeitadas, se comportam bem, finaliza Sueli.
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No meu caso , minha enteada mentiu pra defensor público, pra delegado , pra psicólogo, pra conselhos tutelares, dizendo que a mãe a maltrata, falou até que a mãe mandou ela dizer que o pai mexeu com ela. Da pra acreditar descobri , pq depois q pegamos a guarda por conta dessa mentira , ela fica falando com a mãe, serenamente , como se nada tivesse acontecido sabe. Ou seja e chora com lágrimas, tudo isso porque a mãe colocava dificuldade na hora do pai pegar ela em fins de semana. Impossível eu agora confiar pq se ela fez isso com a mãe q a criou durante 10 anos . Imagina eu que só estou com ela a 4 meses se agente não fizer o que ela quer … fica difícil estabelecer a confiança. E ainda sou obrigada a escutar insultos e ofensas da mãe e não fazer nada. Complicado. Viu
Venho pegando diversas pequenas mentiras do meu filho de 8 anos. Sinceramente é muito frustrante. Por vezes a paciência falha e a chateação que a mentira traz toma o lugar da confiança. Tenho incessantemente explicado que a confiança tem ido embora a cada mentira que ele conta. É sempre para beneficiar algum comportamento. Ontem mesmo ele mentiu que arrumou a mochila da escola para o dia seguinte só para poder andar de bicicleta mais tempo. Hoje pela manhã quando peguei a mochila estava praticamente vazia e questionei se não precisava levar material. Daí começou a busca pelos livros e cadernos que deveriam ser apresentados hoje na escola. É pequeno e passível de solução? É! Mas preferia que ele dissesse que não arrumou a mochila pra andar de bicicleta. Por fim, no caminho para escola disse que esqueceu a agenda. Bem frustante… Mas não tenho a opção de desistir. Preciso mesmo é me conscientizar da fase, respirar, orar a Deus por sabedoria e manter firme meu propósito de educar e formar um cidadão para mundo.
Isso sao casos isolados. Meu enteado foi ate mim enquanto eu cortava a cerca a mando da mãe, perguntar se eu precisava de ajuda. O que ele fez? Foi la se parar na minha frente sem falar nada e quando retornou para a mae ela lhe pediu se o pai nao tinha pedido algo, e ele , nos olhos dela, disse um meigo não, certo de que escapou de prestar um simples auxílio para a família. O pior disso é que isso diz muitas coisas: mostra que o comportamento negativo esta sendo alimentado pela mãe, que nao quer crer que o filho minta.De outro lado, temos uma criança que acha normal mentir para mae.Como o pao deve reagir a isso, se quando confrontada a criança chora lagrimas de crocodilo pois acredita na propria mentira?