Começaram hoje em todo o estado de São Paulo as aulas presenciais obrigatórias nas escolas da rede estadual e particulares. No caso das redes municipais, cabe às prefeituras definir suas próprias regras. Porém, para garantir um retorno seguro, especialistas da área de saúde ressaltam a necessidade de cumprir os protocolos com rigor nas escolas, e assim evitar a disseminação da Covid-19. O avanço da vacinação – que no estado de São Paulo já chega a 61% da população total (ou 80% da população adulta) com esquema vacinal completo – favorece um maior controle, mas a rápida disseminação da variante delta ainda pede cautela.
Entre os protocolos adotados, a ventilação das salas, o uso de máscaras, atividades ao ar livre e o não envio das crianças para a escola quando houver algum sintoma de Covid-19 são destacados pelos especialistas como as mais importantes medidas de prevenção (veja abaixo lista com as principais ações preventivas). Medição de temperatura na entrada e tapetes sanitizantes têm pouco efeito preventivo, observam.
Na rede privada, cerca de 80% das escolas já retomaram as atividades presenciais, e a maioria delas atende a 100% de seus alunos desde o início de outubro, segundo informa Benjamin Ribeiro da Silva, presidente do sindicato de escolas particulares do estado de São Paulo (Sieeesp).
Já na rede estadual, apenas 24% – 1.251 das 5.130 escolas – estão aptas a receber 100% de seus alunos, visto que têm de cumprir o distanciamento de 1 metro. Escolas menores, que não têm condições de garantir essa distância, seguirão em esquema de revezamento de estudantes até 3 de novembro, quando essa medida será suspensa, conforme anunciou o governo de estado paulista.
O retorno às escolas é quase um consenso entre educadores, que defendem a volta às aulas, principalmente, para reduzir a desigualdade no aprendizado entre alunos mais carentes e os mais favorecidos. Um estudo feito pelo Laboratório de Pesquisa em Oportunidades Educacionais (Lapope), da Universidade Federal do Rio De Janeiro (UFRJ), mostrou que a interrupção das aulas na pandemia pode ter provocado uma perda de aprendizagem de até seis meses em crianças de 4 e 5 anos, sendo aquelas de famílias mais vulneráveis as mais prejudicadas.
Salas ventiladas
“A ventilação do ambiente é ponto crítico. Essa é uma das medidas de prevenção mais importantes para reduzir o impacto da doença em crianças não vacinadas, mas muitas escolas não fizeram adaptações para garantir um ambiente ventilado”, destaca o infectologista Bernardo Montesanti Machado de Almeida, do Serviço de Epidemiologia Hospitalar do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Ele ressalta ainda a necessidade de uso de máscaras de alta qualidade, como as cirúrgicas e a PFF2 ou N95, por elas garantirem maior proteção.
Preferir máscaras PFF2 ou cirúrgicas
“Qual mascara o aluno vai usar é uma questão que depende dos pais, já que não está padronizado o seu uso. As secretarias de saúde não especificam nenhum modelo. As de tecido cumprem uma função importante, mas os pais, se tiverem condições, devem oferecer uma máscara de qualidade superior, o que ajuda muito na proteção”, avalia o infectologista.
Criança com sintomas fica em casa
Evitar de mandar o filho para a escola a qualquer sinal que possa indicar a presença de Covid-19, é outro cuidado fundamental que os pais devem seguir. Resfriado, coriza, tosse, dor de garganta, dor de cabeça e febre são alguns dos principais sintomas que podem estar relacionados ao coronavírus. E mesmo se alguém dentro de casa desenvolver um desses sintomas, até confirmar que não é a doença, o ideal é manter toda a família isolada, orientam os especialistas.
A escola, assim que souber da suspeita do caso, precisa isolar toda a bolha que mantem contato com o aluno até confirmação do diagnóstico. Se negativo, todo o grupo pode voltar às aulas. Se positivo, todos devem ser isolados para realização de exame, conforme determinação de protocolos de saúde.
Testagem regular de casos suspeitos
Em uma série de vídeos da Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre a reabertura das escolas, a infectologista Maria Van Kerkhove diz que é essencial manter o distanciamento físico, orientar as crianças quanto a lavar as mãos ou higienizá-las com álcool em gel após tossir ou espirrar e antes e após as refeições. A representante da OMS diz também que ao surgirem casos suspeitos é preciso garantir que a criança ou funcionário seja testado e tenha certo tipo de rastreamento para evitar a disseminação da doença.
A testagem regular das crianças é uma das medidas de prevenção adotada por diversos países que pode ajudar muito na identificação precoce dos casos. Embora não realizada no Brasil, é uma prática essencial, levando em conta que crianças são muitas vezes assintomáticas. “Ao realizar a testagem semanalmente, até duas vezes por semana, se identificaria praticamente a totalidade de casos, e com isolamento dos mesmos, diminuiria a circulação viral no país”, ressalta o infectologista da UFPR.
Grupo de exceções
De acordo com a secretaria estadual de educação de São Paulo, o não comparecimento do aluno às aulas presenciais exige apresentação de justificativa médica. Tampouco têm obrigação de comparecer à escola, os seguintes grupos de alunos:
- Gestantes e puérperas
- Comorbidades com idade a partir de 12 anos que não tenham completado ciclo vacinal contra a Covid
- Menores de 12 anos que pertencem a grupos de risco para a Covid e ou condição de saúde de maior fragilidade
A seguir, veja uma lista de procedimentos que as escolas devem adotar para garantir um retorno seguro de toda a comunidade escolar.
Medidas de prevenção para reduzir riscos de transmissão de Covid-19 nas escolas
Ventilação – Para garantir a ventilação adequada das salas, as janelas devem ficar sempre abertas e sempre que possível, ser feita a troca de ar exterior.
Máscaras – O ideal é que as crianças e professores usem máscaras de alta qualidade, como as cirúrgicas ou PFF2/N95, bem ajustadas ao rosto, visto que garantem maior proteção contra o coronavírus.
Hora do lanche – O ideal é que o lanche e refeições como o almoço sejam feitos em espaços ventilados, ao ar livre, se possível. É importante também revezar os alunos nesses momentos, mantendo assim o isolamento entre as turmas ou bolhas determinadas.
Atividades ao ar livre – Quanto mais atividades puderem ser feitas ao ar livre, melhor. Isso vale para a aula de educação física, a hora da leitura, das brincadeiras, do recreio e outros momentos que possam ser adaptados para ambientes abertos e bem ventilados.
Sintomas suspeitos – A aparição de qualquer quadro febril ou mal-estar na criança ou em algum familiar que conviva com ele deve ser motivo para manter o aluno em casa.
Higienização das mãos – A lavagem das mãos segue sendo fundamental para evitar a transmissão do coronavírus. Na escola, os alunos devem ser orientados a lavar as mãos antes e após as refeições ou lanches e ao tossir ou espirrar.
Testagem regular – Embora não sejam feito no Brasil, realizar de forma regular os exames para confirmação da Covid-19 nas escolas seria uma excelente medida de identificação precoce de casos, principalmente, em relação às crianças, que muitas vezes são assintomáticas.
Como a família poderá contribuir com a prevenção?*
▪ Orientar os motoristas de transporte escolar a utilizar o álcool gel e manter as janelas abertas.
▪ Reforçar para crianças e adolescentes a importância de lavar as mãos adequadamente com água e sabão, antes e após as refeições e o uso do banheiro, e sempre que estiverem sujas.
▪ Orientar as crianças e adolescentes a não compartilhar materiais (talheres, comida, brinquedos, canetas, borrachas e outros objetos).
▪ Orientar as crianças e adolescentes a lavar as mãos após tossir e espirrar e evitar colocar as mãos nos olhos, boca e nariz.
▪ Higienizar com frequência os pertences pessoais das crianças (copo, squeeze, mochilas, lancheiras, toalhas, estojo de escova de dentes, e outros materiais).
▪ Proceder a troca diária do uniforme escolar e manter as unhas das crianças aparadas.
▪ Os pais também deverão higienizar com maior frequências as suas mãos.
O que fazer em casos de suspeita ou confirmação de doença:
▪ Limitar o contato com outras pessoas.
▪ Não comparecer à escola ou ao trabalho.
▪ Intensificar a higienização das mãos especialmente após tossir e espirrar.
▪ Permanecer em isolamento conforme a orientação médica (pode requerer internação ou não)
▪ Manter o protocolo de afastamento dos suspeitos se confirmada a contaminação, por 14 dias.
*Fonte: Programa Escola Segura
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