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‘Praticar o autocuidado é mais do que aprender a palpar as mamas’
Todo pediatra tem um pouco de médico da família. Faz parte do nosso treinamento o olhar integral para a criança e para o ambiente familiar, no qual se dá o cenário para o florescimento de um novo ser humano.
Nem sempre as condições são as melhores. Ainda mais se o cenário acontece em tempos de pandemia, com escolas fechadas, empregos escassos ou um home office improvisado. No entanto, existe uma criança ali que necessita de cuidados, de afeto e de orientação, independentemente e apesar do que quer que esteja acontecendo no mundo lá fora.
Mas existe também uma mãe. Uma mãe que necessita de cuidados, afeto e orientação. Que lida com medos, angústias, ansiedade, incertezas sobre o futuro, os cuidados com os filhos, com a família e com seus próprios pais.
Existe também uma mãe. Uma mãe que necessita de cuidados, afeto e orientação.
É alarmante ver dados como o de um estudo espanhol recente que evidenciou que 86% das mulheres têm se sentido desmotivadas, tristes e apáticas. Um total de 70% estão se sentindo muito mais cansadas que antes da pandemia e as causas apontadas são, em primeiro lugar, a sobrecarga de trabalho – doméstico ou não –, em segundo lugar, o estresse mental e emocional relacionado às incertezas geradas pela pandemia. Por último, a falta de tempo para se desconectar e ter tempo para si.
À mulher, é dada essa função histórica do cuidar, mas a questão aqui é que ninguém pode dar aquilo que não tem e, por isso, minha reflexão hoje é sobre o autocuidado na maternidade.
LEIA TAMBÉM: Câncer de mama: 8 dicas para seguir um estilo de vida saudável – o que pode ajudar a evitar a doença
O que importa mais não é se nos sentimos incomodados, tristes ou angustiados, mas sim como lidamos com esses sentimentos. É essa atitude perante os próprios conflitos internos que serve de exemplo aos nossos filhos e moldam suas próprias inteligências emocionais. Educamos pelo exemplo e uma geração de mães exaustas que não tem tempo e oportunidade de perceber seus próprios estados internos e reagir de maneira adequada a eles pode impactar muito negativamente as gerações futuras.
O que importa mais não é se nos sentimos incomodados, tristes ou angustiados, mas sim como lidamos com esses sentimentos.
Estamos em outubro, mês da campanha Outubro Rosa, que tem por objetivo compartilhar informações e promover a conscientização sobre o câncer de mama. Esse câncer é o tipo mais comum entre as mulheres, no Brasil e no mundo, correspondendo a cerca de 25% dos casos novos de câncer a cada ano. Esse percentual é de 29% entre as brasileiras, segundo o Ministério da Saúde.
Em 2020, o lema é “Quanto antes melhor”, reafirmando que o diagnóstico precoce pode salvar vidas. Mais do que isso, promover hábitos saudáveis como a prática de atividades físicas e boa alimentação para evitar doenças. Praticar o autocuidado se considerando um ser inteiro é mais do que aprender a palpar as mamas, é aprender a se olhar e se permitir os cuidados necessários para uma boa saúde em sua integralidade.
Gosto de pensar que o pediatra tem seu papel nesse momento do “antes” da frase “o quanto antes melhor”: promover saúde desde a infância, criando e cultivando boas práticas alimentares, cuidado com o corpo, com a mente e com o sono.
No consultório, ensinar famílias a terem essa abordagem cuidadosa consigo e promover ambientes de crescimento que potencializem o desenvolvimento de cada criança, sem jamais perder esse olhar para os cuidadores.
Finalizo com esta mensagem para todas as mulheres: cuidem-se bem e primeiro para cuidarem melhor. Quanto antes melhor.
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Talita Lodi Holtel
Talita Lode Holtel é mãe de Paola e Helena. Pediatra e hebiatra formada pela Unifesp, é especialista em gestão em saúde e coordenadora do Pronto Atendimento Infantil e da Unidade de Internação Pediátrica do Hospital Sepaco (SP), além de Supervisora do Programa de Residência Médica.
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