Eu convido empreendedores à sala de aula para narrar as suas vidas aos alunos. A história da empresa não é o mais relevante. Eu lhes pergunto sobre sua família, sobre as suas relações, seus sonhos e motivos que os levaram a empreender. Nessas conversas eu sigo o rastro da emoção que os motivou a escolher os caminhos das suas vidas. Não é um show de números e cifras, produtos, tecnologia, estilos gerenciais. No empreendedorismo, a emoção vem em primeiro lugar e dá o rumo.
O empreendedor abre as portas do seu coração para nos apresentar a aventura da sua vida. É uma grande lição. Os alunos, que não estavam habituados a ter acesso a esse tipo de experiência na escola, ficam hipnotizados. De fato, a escola não incentiva o aprendizado com as pessoas do nosso cotidiano. Vale somente o que está nos livros. É uma pena. Todos nós escolhemos os nossos modelos, geralmente alguém próximo, que acaba desempenhando influência marcante em nossas vidas. Consegui levar à sala de aula poucos empreendedores dispostos a contar a história da falência da sua empresa. Erros nos ensinam mais que os acertos. Foram momentos de comoção.
Não só o empreendedor deixava lágrimas escorrerem. Também eu e os alunos não contínhamos o choro. Isso é compreensível. Estávamos ouvindo histórias de amor.
A partir daí comecei a sugerir que os estudantes fizessem também um currículo dos seus fracassos. Cuidado, esse currículo é somente para uso íntimo e aprendizado próprio, não é para ser enviado para qualquer empresa. Mesmo porque somente aquelas que inovam são capazes de dar valor aos erros.
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