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Gripe K e H3N2: o que os pais precisam saber sobre a “nova gripe” que acendeu alerta no mundo

Depois da pandemia, qualquer alerta de circulação de vírus já deixa o mundo inteiro em alerta. Nas últimas semanas, a chamada gripe K passou a aparecer com mais frequência no noticiário, despertando dúvidas e preocupações entre pais e mães. Você já ouviu falar? Na verdade, de acordo com a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), trata-se de um tipo de vírus influenza, identificado como subclado K da Influenza A(H3N2). Um “subclado” não é um vírus novo, mas uma subdivisão genética dentro de um grupo maior de vírus.
O primeiro caso já foi identificado no Brasil, no estado do Pará. Devemos nos preocupar? O que isso significa para as crianças, um dos grupos mais vulneráveis a complicações gripais? E como os pais podem se preparar para proteger melhor a saúde dos pequenos? Calma, que a gente te ajuda a entender tudo.
Afinal, o que é a “gripe K”?
A chamada gripe K não é uma doença completamente nova, mas sim uma variante genética do vírus influenza A do subtipo H3N2, que já é conhecido por causar episódios de gripe comuns todos os anos.
Vírus do tipo Influenza, como o H3N2, têm alta tendência a sofrer mutações, adaptando-se e gerando variações genéticas diferentes, o que faz parte do comportamento natural desses vírus. No caso do subclado K (também chamado de J.2.4.1 em nomenclatura científica), essa variação tem favorecido a transmissão, levando a um aumento no número de casos detectados e a temporadas gripais mais precoces em algumas regiões, segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS).
No Brasil, o subclado K já foi identificado em amostras analisadas no estado do Pará, mas, até o momento, não há evidências de que esteja impulsionando a circulação do vírus em larga escala no país.
Um vírus que muda — e volta todos os anos
As mutações do vírus Influenza já são esperadas, segundo o pediatra e infectologista Renato Kfouri, vice-presidente da SBIm. “É uma característica do vírus da gripe, um vírus que faz epidemias todos os anos”, explica. É por isso que, diferente do que ocorre com outros tipos de vírus, mesmo quem já teve uma gripe pode se reinfectar ao longo da vida. “Independentemente de já ter tido ou não gripe no passado, as pessoas podem se reinfectar. Cerca de 20% da população mundial é acometida todos os anos pelo vírus Influenza”, diz o infectologista.
Embora muitas pessoas tenham quadros leves, a gripe não deve ser banalizada, especialmente quando falamos de crianças. Os dados mostram que os casos mais graves se concentram em grupos específicos. “Idosos, crianças, gestantes e portadores de doenças crônicas são os que evoluem com maior gravidade”, destaca Kfouri.
No Brasil, esse impacto é evidente. “Cerca de sete, a cada dez óbitos por gripe nos últimos anos, são de indivíduos pertencentes a esses grupos”, afirma.
A gripe K é mais grave?
Essa é uma das principais dúvidas dos pais e, até o momento, a resposta é tranquilizadora. “Não há nenhum dado ainda que demonstre que essa variante tenha mais agressividade”, explica Kfouri, embora ressalte que isso só se torne mais claro ao longo da temporada. “Normalmente, conseguimos capturar essas informações mais para o meio da estação, quando é possível reconhecer se o vírus será predominante, se está causando mais hospitalizações do que o habitual ou se apenas está contaminando mais pessoas por ter maior transmissibilidade”, descreve.
Vacina: a principal proteção
Mesmo diante de variantes novas, a recomendação segue inalterada. “O alerta continua o mesmo: a vacinação, que é sempre adaptada para aquela temporada, precisa ser recomendada”, reforça Kfouri.
“Nem sempre a vacina disponível encontra um pareamento idêntico com o que está circulando”, diz. Ainda assim, a imunização é a principal ferramenta. “Mesmo que a vacina não seja idêntica ao vírus que esteja circulando, ela é muito parecida e funciona especialmente para a prevenção das formas graves”. O especialista recomenda que a vacina seja feita anualmente.
“Apesar de haver diferenças genéticas entre os vírus circulantes e as cepas utilizadas na formulação, dados preliminares indicam que os imunizantes oferecem níveis de proteção contra hospitalizações semelhantes ao verificados nas temporadas anteriores: cerca 70 a 75% em crianças e 30 a 40% em adultos”, informa um comunicado da SBIm, sobre a gripe K.
O calendário varia conforme a região do país, acompanhando o padrão de circulação do vírus. “A Região Norte inicia a vacinação em novembro, porque lá a temporada de gripe é mais precoce. Já as regiões Sudeste, Sul, Centro-Oeste e Nordeste começam a partir de março”, explica o infectologista. A vacina pode ser recomendada para toda a população, mas a atenção deve ser redobrada para crianças, gestantes, idosos e pessoas com doenças crônicas.
Informação sem pânico
A identificação de novas variantes faz parte da vigilância global dos vírus respiratórios e não significa, necessariamente, um cenário mais grave. Como reforça o infectologista, o mais importante é manter a prevenção em dia. Para os pais, o recado é direto: vacinar, observar os sintomas e procurar atendimento diante de sinais de gravidade seguem sendo as melhores formas de proteger as crianças.
Canguru News
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