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Geração ansiosa: como evitar que as crianças sejam prejudicadas pelas telas

Já escutou falar sobre o novo livro de Jonathan Haidt, renomado psicólogo social norte-americano e professor da Universidade de Nova York? “A geração ansiosa” será lançado em português agora no mês de julho, mas suas ideias já estão amplamente difundidas pelas redes. O autor está na vanguarda da discussão sobre a exposição precoce das crianças e adolescentes aos smartphones e redes sociais e o livro explora os malefícios dessas práticas, oferecendo uma análise detalhada dos riscos e propondo mudanças concretas para combater seus efeitos.
Nos últimos anos, o uso de smartphones e redes sociais por crianças e adolescentes tem se tornado um tema de preocupação crescente entre pais, educadores e profissionais de saúde. As evidências sugerem que a exposição precoce e excessiva a essas tecnologias impacta muito negativamente o desenvolvimento neuropsiquiátrico dos jovens. Destaco aqui três grandes áreas problemáticas associadas a esse uso precoce:
Doenças neuropsiquiátricas: Desde a introdução massiva dos smartphones, tem-se observado um aumento alarmante em casos de depressão, ansiedade e outros transtornos neuropsiquiátricos entre crianças e adolescentes. Haidt aponta que a constante exposição a conteúdos irreais e a pressão por validação social podem contribuir para esses problemas. Estudos têm mostrado que jovens que passam mais tempo em redes sociais estão mais propensos a experimentar sentimentos de inadequação e baixa autoestima.
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Desenvolvimento cognitivo e social: O uso excessivo de smartphones pode prejudicar o desenvolvimento cognitivo e social das crianças – a interação face a face é crucial para o desenvolvimento de habilidades sociais e emocionais. Quando as crianças passam muito tempo em dispositivos digitais, perdem oportunidades valiosas de aprendizagem e de desenvolvimento de competências sociais fundamentais.
Sono e atividade física: A exposição à luz azul emitida pelas telas de smartphones pode interferir no ritmo circadiano das crianças, prejudicando a qualidade do sono. Além disso, o tempo excessivo de tela frequentemente substitui atividades físicas e brincadeiras ao ar livre, contribuindo para um estilo de vida sedentário.
Diante desses desafios, Jonathan Haidt propõe quatro medidas urgentes que a sociedade deve implementar para proteger o desenvolvimento saudável das crianças:
- Adiar o uso corriqueiro do smartphone para depois dos 14 anos;
- Não dar acesso a redes sociais antes dos 16 anos;
- A escola e outros ambientes de aprendizagem devem ser um espaço livre de celulares;
- Estimular a autonomia e a autoresponsabilidade com mais brincadeiras livres e sem superproteção.
Condizentes com essa nova agenda, iniciativas como o Movimento Desconecta tem ganhado destaque, incentivando as famílias a reduzirem o tempo de tela e promoverem um estilo de vida mais saudável.
O Movimento Desconecta é uma iniciativa que se alinha perfeitamente com as recomendações de Haidt. Na própria descrição encontramos: “um movimento pela redução, controle e adiamento do acesso a smartphones e redes sociais pelos nossos filhos. Um grupo de mães e pais que se uniram com a missão de proteger nossos filhos dos riscos da exposição excessiva e precoce a smartphones e redes sociais”.
Convido todos os leitores a explorarem mais o assunto e a fazerem parte desses movimentos da sociedade civil para melhorar a qualidade de vida e desenvolvimento das nossas crianças.
Compreender os riscos é o primeiro passo para implementar mudanças significativas e duradouras.
Incentivo todos os pais a realizarem pequenas, mas necessárias mudanças que podem, progressivamente, se tornar mais significativas. Observem como essas mudanças impactam positivamente o comportamento e o bem-estar de seus filhos. Reduzir o tempo de tela, promover atividades alternativas e dialogar sobre o uso responsável da tecnologia são passos essenciais para garantir o desenvolvimento saudável.
Como pediatra, estou à disposição para ajudar e orientar vocês nesse processo. Juntos, podemos criar um ambiente menos hostil para nossas crianças, promovendo seu bem-estar físico, emocional e social. Vamos desconectar das telas e reconectar com o que realmente importa: o desenvolvimento saudável e feliz de nossos filhos.
Talita Lodi Holtel
Talita Lode Holtel é mãe de Paola e Helena. Pediatra e hebiatra formada pela Unifesp, é especialista em gestão em saúde e coordenadora do Pronto Atendimento Infantil e da Unidade de Internação Pediátrica do Hospital Sepaco (SP), além de Supervisora do Programa de Residência Médica.
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