Exames de vista desde cedo ajudam a prevenir problemas graves de visão

O acompanhamento oftalmológico desde os primeiros anos de idade pode prevenir problemas graves; veja algumas atitudes das crianças que podem acender o alerta para possíveis distúrbios.

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Por Karoline Barreto – Assim como o acompanhamento com o pediatra tem de ser corriqueiro durante toda a infância, a ida ao oftalmologista deveria acontecer desde os primeiros meses de vida. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de um quarto da população brasileira — nada menos que 50 milhões de pessoas — sofre com algum tipo de distúrbio de visão e 60% dos casos de cegueira e de?ciência visual poderiam ser evitados se descobertos e tratados precocemente. Estima-se que no Brasil existam entre 25 000 e 30 000 crianças cegas, e outras 140.000 portadoras de baixa visão. A médica especialista em oftalmologia pediátrica pela Universidade do Texas (EUA) Érika Mota Pereira esclarece que a região do cérebro associada à visão se torna igual à de um adulto aos 7 anos. Caso algum problema seja identi?cado antes dessa idade, as chances de recuperação total da acuidade visual são grandes.

O primeiro exame oftalmológico deve ser o teste do re?exo vermelho, também conhecido como teste do olhinho, que geralmente é feito pelo neonatologista ainda no berçário. Caso o exame não seja fornecido pela maternidade, recomenda-se que seja feito na primeira consulta de acompanhamento com o pediatra ou em uma consulta com um oftalmologista. “Esse exame pode diagnosticar catarata, glaucoma, tumores, má-formação no globo ocular e retinopatia de bebês prematuros, principal causa de cegueira na infância”, explica Érika. “A primeira triagem é fundamental para saber se a estrutura ocular está intacta.”

O teste tornou-se obrigatório a partir de 2010, por decisão da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), e é custeado por planos de saúde. Em Minas, é fornecido pelo SUS em maternidades públicas. Ainda nos primeiros meses de vida, a criança deve ir ao oftalmologista para realizar também o exame de fundo de olho, que observa em maior detalhe toda a estrutura ocular, fundamental para identi?car doenças mais graves. Foi o caso de Ana, hoje com 5 anos, que recebeu o diagnóstico de retinoblastoma (um tipo de câncer) nos dois olhos, porém mais avançado no esquerdo. Sua mãe, a chef de cozinha Manuela Ratton, lembra que a ?lha chegou a fazer o teste do olhinho, mas não foi apontada nenhuma irregularidade. Ela percebia, no entanto, um desenvolvimento mais lento de Ana em relação a sua irmã gêmea, Luiza, quando as duas eram bebês. Manuela procurou vários especialistas, mas nenhum da área oftalmológica. Quando a menina já estava com 1 ano e meio, a mãe começou a perceber que a pupila do olho esquerdo da ?lha permanecia dilatada o tempo todo. Na mesma época, por causa de um terçol, a criança foi levada a um atendimento de urgência, quando recebeu o encaminhamento correto. Devido ao grau já avançado da doen ça, Ana perdeu a visão do olho esquerdo, mas foi possível salvar a do direito com o tratamento feito em São Paulo. Atualmente, a menina tem uma vida normal. “Levanto a bandeira de que todas as crianças deveriam fazer o exame de fundo de olho”, aconselha Manuela. “Muitos pediatras não falam sobre ele, e o conhecimento das mães sobre sua importância pode ajudar muito.”

O que é preciso observar nas crianças

Solução a tempo

A Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica recomenda que, após os primeiros exames, o acompanhamento com especialista deve ser feito a cada seis meses até os 2 anos de idade e anualmente até os 7 anos. Luiz Alberto Laborne Tavares, conselheiro do Centro Oftalmológico de Minas Gerais, ressalta que há muitos casos de pacientes adultos que chegam para tratar doenças que poderiam ter sido curadas na infância. “Atendi recentemente uma adolescente de 17 anos que veio em uma consulta com a mãe pela primeira vez, sem queixas”, conta. “Ao realizar o exame completo, descobrimos que ela tinha 8 graus de miopia em um olho, apesar de o outro ser normal.” Ela não percebia, pois usava apenas o olho bom para enxergar, deixando o outro com seriíssimo risco de perda de visão por desuso. A mãe relatou que a ?lha nunca fez nenhum teste na infância. “Colocamos uma lente de contato em um olho só e resolvemos a tempo o problema”, diz Laborne Tavares. O resultado poderia não ser tão feliz. “Embora muitas doenças não diagnosticadas na infância possam até apresentar uma melhora, boa parte torna-se irreversível.” Por isso, o acompanhamento é fundamental. 

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