Se você acha que alguns pediatras exageram nos pedidos de exame de imagem, talvez tenha razão. A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e o Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) acabam de lançar a campanha “Justifique!”, que cobra uma avaliação mais criteriosa para a realização de exames de imagem como raio-x e tomografia computadorizada em crianças e adolescentes – e assim evitem a exposição desnecessária à radiação, que pode ser nociva à saúde.
Sob o slogan “Por mais proteção nos exames pediátricos de imagem”, a campanha busca chamar a atenção dos pediatras e demais médicos para que façam uma avaliação reflexiva ao indicar a realização de exames diagnósticos de imagem. Também há preocupação de garantir que os técnicos responsáveis pela execução dos exames façam as adaptações necessárias nos equipamentos, adequando-os às características físicas dos pequenos pacientes.
“Queremos reforçar a necessidade de ponderar criteriosamente ao pedir o exame. O entendimento atual nos indica que os exames de imagem apenas devem ser solicitados quando há justificativa plausível e fundamentada”, ressalta a presidente da SBP, Luciana Rodrigues Silva. Ela também destaca a importância do pediatra expressar claramente a indicação clínica no seu pedido, uma vez que essa descrição contribui para a adequação da técnica empregada tanto na tomografia quanto nos raios-x.
LEIA TAMBÉM: Pediatras alertam para mudanças de comportamento nas crianças durante a pandemia
A importância da justificativa dos exames de imagem
Segundo explica Dolores Bustelo, referência em radiologia pediátrica no Brasil, o mote da campanha “Justifique” tem como base o princípio da justificação, que estabelece que qualquer prática em saúde deve ser empregada apenas quando os benefícios para o paciente são consideráveis e superam os riscos implicados. Tal princípio é parte integrante da iniciativa “Boon Call For Action“, um compilado de ações recomendadas oficialmente pela Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS), desde 2017, como referência para o desenvolvimento de planos para melhorar a proteção radiológica em medicina na próxima década (2020-30).
Segundo Dolores, tanto a tomografia quanto os raios-x são exemplos de avanços das ferramentas da saúde, que já salvaram milhares de vidas. “No entanto, os seus usos não podem ocorrer de maneira corriqueira e inexpressiva. Esses instrumentos diagnósticos devem ser solicitados somente se realmente necessários”, salienta.
LEIA TAMBÉM: Exames de vista desde cedo ajudam a prevenir problemas graves de visão