Entidade agora admite benefícios no uso de tecnologia por crianças

As antigas regras traçadas pela Academia Americana de Pediatria (AAP) foram criadas na era pré-tablet e não reconheciam alguns benefícios da tecnologia. Veja o que mudou agora.
As antigas regras traçadas pela Academia Americana de Pediatria (AAP) foram criadas na era pré-tablet e não reconheciam alguns benefícios da tecnologia. Veja o que mudou agora 
 

Por Cristina Moreno de Castro e Rafaela Matias

 

Foto: Public DomainA Academia Americana de Pediatria (AAP) divulgou nesta sexta-feira (21) suas novas diretrizes para o uso de tecnologia por crianças e adolescentes, que substituem aquelas traçadas ainda em 1999, na era pré-tablet. A edição de novembro da revista Canguru vai trazer uma reportagem especial sobre essas mudanças no entendimento da comunidade internacional de pediatria e sua aplicação na realidade brasileira.

As preocupações com o uso da tecnologia por crianças continuam, mas as novas políticas se preocupam menos em definir idades e tempos de uso e mais em destacar a importância da qualidade dos conteúdos e do monitoramento pelos adultos.

Se antes a entidade era taxativa ao proibir o uso de tecnologia por crianças menores de 2 anos, agora reconhece alguns benefícios do uso sem excessos e afirma que a interação de bebês a partir de 16 meses com um adulto por meio de videochat (como Skype, Hangouts e outros) pode até ajudar em seu desenvolvimento.

Por outro lado, sugere que crianças de 2 a 5 anos de idade utilizem as mídias digitais no máximo 1 hora por dia, para sobrar tempo para outras atividades importantes para sua saúde.

O estudo também afirma que programas educativos e de qualidade na TV, e os aplicativos com o mesmo perfil, podem ajudar crianças de 3 a 5 anos em seu desenvolvimento cognitivo, social e de alfabetização.

“À medida que as tecnologias digitais se tornam mais onipresentes, os pediatras devem orientar os pais não apenas em relação à duração e ao conteúdo da mídia que suas crianças usam”, diz trecho do documento, que enumera outros pontos aos quais os pais também devem estar atentos:

“1- criar espaços e momentos desconectados em suas casas, já que os aparelhos agora podem ser carregados para todo canto;

2- [perceber] a habilidade das novas tecnologias de serem usadas de maneiras criativas e sociais;

3- [notar] a importância de nunca substituir o sono, os exercícios físicos, as brincadeiras, a leitura em voz alta e as interações sociais.”

Prejuízos da tecnologia

Foto: PixabayO documento lista alguns danos causados pelo uso excessivo de tecnologia pelas crianças em idade pré-escolar e de 5 a 18 anos, tais como de desenvolver obesidade e riscos cardiovasculares, problemas com sono e atraso no desenvolvimento emocional dos pequenos.

“Benefícios identificados no uso de mídias digitais e sociais incluem aprendizado desde cedo, exposição a novas ideias e conhecimentos, aumento de oportunidades de estabelecer contatos sociais e acesso a informações sobre cuidados com a saúde”, diz trecho do documento, que continua: “Os riscos dessas mídias incluem efeitos negativos no sono, na atenção e no aprendizado, maior incidência de obesidade e depressão, exposição a conteúdos e contatos inapropriados ou perigosos e comprometimento da privacidade.” 

A academia traz várias recomendações aos pediatras, à indústria de mídia e às famílias. Por exemplo, a de proibir o uso de equipamentos no horário da refeição, uma hora antes de ir para a cama dormir e na hora das brincadeiras com os pais.

Veja abaixo mais algumas recomendações:

PARA CRIANÇAS DE 0 A 5 ANOS

– Evitar o contato com mídias digitais (exceto videochat) para crianças com menos de 18 a 24 meses de idade;

– Para crianças com 18 a 24 meses, escolher programas de alta qualidade e sempre usar junto com elas;

Não se sentir pressionado a introduzir tecnologia cedo: as interfaces são intuitivas e as crianças vão aprender rapidamente logo que começarem a ter contato com elas;

– Para crianças de 2 a 5 anos, limitar o contato com telas a 1 hora por dia, sempre de programas com alta qualidade, sendo assistidos/brincados junto com adultos, que poderão ajudá-los a entender o que estão vendo e aplicar ao mundo offline;

– Evitar programas e apps muito rápidos e com conteúdo violento;

– Desligar TV e outros aparelhos quando não estão sendo usados;

– Evitar o uso de mídia como única forma de acalmar a criança;

Monitorar os conteúdos e aplicativos que estão sendo baixados/usados; teste-os antes de as crianças usarem, brinque junto, pergunte ao filho o que ele acha daquele app;

– Manter a hora do sono, das refeições e das brincadeiras livres de telas, tanto para as crianças quanto para você;

– Proibir as telas uma hora antes de dormir e retirar todos os equipamentos do quarto nesse momento;

 

PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES DE 5 A 18 ANOS

– Definir limites consistentes de horas por dia para uso das mídias;

– Fazer com que as crianças e adolescentes tenham a quantidade diária recomendada de atividades físicas (1 hora) e sono (8 a 12 horas, dependendo da idade);

– Recomendar que as crianças não durmam com os aparelhos no quarto, incluindo TVs, computadores e smartphones. Evitar a exposição a telas uma hora antes de dormir;

– Desencorajar joguinhos ou TV na hora do dever de casa;

Definir espaços e momentos livres de tecnologia na casa. Por exemplo, na hora do almoço em família ou nos quartos;

– Promover outras atividades em família, como leitura, conversação e brincadeiras, todos juntos;

– Orientar outros cuidadores, como as babás e os avós, para respeitarem as regras impostas por você;

– Estimular a criança a selecionar a mídia junto com você e até assistir/brincar juntos, compartilhando o que aprendeu com a família;

Conversar frequentemente com seu filho sobre segurança na internet, civilidade, a importância de tratar os outros com respeito tanto online quanto offline, o problema da prática do cyberbullying e do sexting, sobre evitar dar informações que comprometam a privacidade e a segurança da família e a importância de se manter alerta com os relacionamentos que surgem virtualmente.

– Desenvolver uma rede de contatos de adultos confiáveis (pais, tios, professores etc.), a quem as crianças e adolescentes possam recorrer caso encontrem desafios.

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