Empresa investe no diálogo masculino em busca de relações mais saudáveis

O educador parental Mauricio Maruo fala da experiência em coordenar um projeto de rodas de conversa sobre masculinidades com colaboradores de uma empresa

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Mauricio Maruo durante roda de conversa com colaboradores da Transpetro
Mauricio Maruo (de preto, agachado à frente) e colaboradores da Transpetro
Buscador de educadores parentais
Buscador de educadores parentais
Buscador de educadores parentais

A empresa que você trabalha promove ações e eventos direcionados aos cuidados com as relações humanas?

Pois é, hoje o texto vai ser um pouco diferente, pois não vou falar dos cuidados com nossos filhos, nem falar dos cuidados com nós mesmos, vou falar sobre os cuidados que as empresas devem ter com seus colaboradores, assunto que tem a ver com uma nova jornada muito importante da minha vida.

Esta semana iniciei um projeto transformador para todos os colaboradores homens de uma empresa, e a história começou mais ou menos assim:

Imagine uma empresa consciente sobre questões que envolvem mudanças culturais e comportamentais.

Imagine um projeto super necessário sobre igualdade e equidade de gêneros, idealizado e realizado por mulheres muito potentes, que querem transformar o futuro das empresas estatais.

Imagine que essas mesmas mulheres, que são imensamente inteligentes, entendem que a luta contra o machismo é de todo mundo – mulheres e principalmente dos homens. Porém, elas fazem parte de uma empresa estatal gigante, onde a maioria esmagadora é formada por homens (cerca de 87%).

Agora imagine que em busca de um educador parental para conversar com os colaboradores, uma dessas mulheres visualiza um dos meus textos escritos aqui na Canguru News. Ela entra em contato me faz um convite para este projeto, mas antes, acidentalmente, ela descobre que a filha dela estuda na mesma escola da minha filha (coisas do universo).

Agora, essa vocês não vão conseguir imaginar… 

Imagine o tamanho da minha felicidade de fazer parte deste fantástico projeto

Sim, dentro do projeto serei o responsável por criar ambientes seguros para que os homens consigam falar abertamente sobre seus sentimentos e emoções.

Serei o facilitador oficial de todas as rodas de conversas reflexivas masculinas da Transpetro.

Demais, não é ? 😍

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O projeto deu início na quinta-feira (13/07), com a participação de mais de 40 homens.

Imagina agora a minha tensão em facilitar uma roda de conversa para mais de 40 homens, sendo que somente dois já tinham participado de alguma roda de conversa na vida.

Iniciei com uma mini palestra mostrando como foi o meu processo de abertura para minha conscientização masculina e como esse mesmo processo também foi importantíssimo para outros homens. Neste momento acredito que consegui sensibilizar pelo menos uns cinco homens – já é uma grande conquista.

Mas a mini palestra foi somente a pontinha do iceberg, o mais difícil estava por vir, a roda de conversa.

Por motivos éticos, claro que não vou divulgar aqui tudo que foi falado nesta roda, mas posso dizer que eu fiquei extremamente surpreendido com a vontade dos homens em falar. 

Eu sempre digo que os homens têm muito a falar, mas eles quase nunca encontram ambientes seguros para acessar sua vulnerabilidade, consequências da cultura patriarcal.

Para quem nunca havia falado abertamente sobre seus sentimentos, posso afirmar que pelo menos 30% tentou, o que para mim já é um grande progresso.

Esse projeto não acaba por aqui, terei até o final do ano para tentar criar algum tipo de conscientização ou reflexão sobre a masculinidade desses homens.

Minha expectativa?

Se pelo menos 20% tiverem interesse em desenvolver atitudes anti-machistas dentro da estatal, já cumpri minha missão.

*Este texto é de responsabilidade do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Canguru News.

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Mauricio Maruo
É pai da Jasmim e do Kaleo, e companheiro da Thais. Formado como artista plástico, atua como educador parental desde 2016. É fundador do "Paternidade Criativa", uma empresa de impacto social que cria ferramentas de transformação masculina através do gatilho da paternidade. Criador do primeiro jogo de Comunicação Não Violenta direcionado para pais e crianças do Brasil.

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