Há alguns dias, circularam pelas redes sociais alguns vídeos de professores usando o medo para educar. Em um deles, professoras de uma creche nos Estados Unidos vestiam a máscara do pânico para, segundo elas, punirem as crianças com maus comportamentos. No vídeo é possível ver a professora chegando perto das crianças, dando gritos assustadores e fazendo ameaças como: “Você vai ficar bonzinho ou quer que eu te leve lá para fora?
As crianças, de no máximo 3 anos de idade, estão completamente apavoradas. Elas correm pela sala fugindo da professora, gritam, choram e escondem o rosto quando a professora se aproxima. É realmente uma cena de terror.
Dias antes havia recebido um outro vídeo, que parecia ensinar às crianças que elas não devem conversar com estranhos. Nesse vídeo uma pessoa vestida de preto, com óculos escuros, boné e máscara, entra na sala e oferece um presente a uma das crianças, que, ao aceitar, é levada para fora como se estivesse sendo raptada. As outras crianças continuam sentadas lado a lado e o estranho vai passando e oferecendo o “presente”. As crianças sentem medo, choram, gritam e se encolhem quando o estranho se aproxima.
As crianças também têm no máximo 3 anos de idade. Se a cena é assustadora para um adulto assistir, imagine para uma criança vivenciar? Os dois contextos são situações de violência.
Ah, essas crianças vão ficar traumatizadas? É possível, mas não posso afirmar isso. Posso afirmar apenas que nas duas cenas existe um erro gigantesco que, infelizmente, permeia a educação de muitas crianças: uma educação pautada em ameaças e punições.
Esses dois vídeos me fizeram refletir muito. Realmente não é comum pais usarem máscaras assustadoras, ou se fantasiarem de preto para assustarem e ameaçarem seus filhos.
Mas gritar e ameaçar, ainda é algo comum na educação dos filhos. Na maior parte das vezes, os gritos e as ameaças acontecem logo cedo, de pijama ainda, quando estamos atrasados para sair e as crianças ficam enrolando para escovar os dentes. Ou na hora do almoço, quando voltamos correndo do trabalho para buscar os filhos na escola e levar para casa, ou ainda no fim do dia, quando elas preferem continuar brincando a tomar banho ou se arrumar para deitar.
Nos chocamos com vídeos assim e devemos ficar chocados mesmo! Mas fiquei pensando que não nos chocamos com as palavras duras, poucos gentis, críticas ou ameaçadoras que muitas vezes dizemos aos nossos filhos.
Escrever sobre isso não tem como objetivo gerar culpa. O objetivo principal é gerar consciência para nos tirar desse modo automático de educar. É automático, pois crescemos ouvindo isso, é comum aos nossos ouvidos, por isso não nos incomoda.
É automático pois é a ferramenta que aprendemos, e ela está ali, à mão, por isso a usamos. É automático, pois fazemos sem pensar, simplesmente fazemos.
Achei um assunto tão importante que levei para minhas redes sociais e recebi alguns comentários que me fizeram pensar, mas teve um, confesso, que me tirou o sono.
“O medo é o que nos mantém vivos”, disseram.
Realmente, o medo tem uma importante função de proteção, mas não, não é o medo que nos mantém vivos.
O amor nos mantém vivos. Todos os dias!
O amor me faz levantar da cama no meio da noite, para ver se minha filha está coberta, e não o medo de ela estar com frio.
O amor me faz dirigir com mais cuidado, depois que virei mãe, pois tem uma menininha me esperando em casa.
O amor me faz cuidar do meu relacionamento com meu marido, e não o medo de perdê-lo.
O amor me faz querer ser a melhor mãe que eu posso ser, não o medo de errar.
Que cruel deve ser viver acreditando que é pelo medo.
Que benção é viver acreditando que é por amor.
Você pode escolher em que acreditar!
*Este texto é de responsabilidade do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Canguru News.
LEIA TAMBÉM: