Nessa jornada de aprimorar a educação dos filhos, a educação parental pode fazer toda a diferença. “Não é achismo, a educação parental vem da psicologia, da educação, de Montessori e de experiências de outras metodologias que a gente vai encaixando à medida que passam a fazer sentido para cada um. É importante ter orientação, mas nosso caminhar é a gente que escolhe. A educação parental está crescendo e é importante observar o próprio estilo parental”, ressaltou a psicóloga infantil Iara Mastine. Na palestra “Explicando o impacto do estilo parental para os pais”, durante o 2o Congresso Internacional de Educação Parental, ela falou sobre como a relação com os filhos pode melhorar quando os pais se conhecem melhor. “Quando me percebo em algumas atitudes, em práticas parentais mais autoritárias, por exemplo, consigo talvez deixar mais consciente essa ação e mudar aquilo que está dentro de mim, faço melhores escolhas, sei para onde quero ir”, afirma Iara, que também é coach certificada pela Academia de Parentalidade Consciente, de Portugal.
Como exemplos de estilos parentais ela cita os pais autoritários – que têm as suas regras e querem que as crianças as sigam e sejam como eles; pais permissivos – aqueles que não possuem sem regras, nem exemplos, deixam a criança solta e não conseguem acolher as necessidades delas nem ouvi-las; pais autoritativos – que dão um norte, mas incentivam o diálogo, ouvem as necessidades; pais negligentes – que não se envolvem com seu papel de pais.
Para Iara, os pais negligentes talvez sejam os mais prejudiciais às crianças. “É um pai permissivo, que está negligenciando o seu olhar para a conduta do filho e sim existe um perigo maior para esse tipo de parentalidade, mas nada é constante”, ressalta a psicóloga. Ela diz que os pais hoje têm dificuldade de se autoperceber negligentes, alguns acham que estão dando espaço para os filhos, mas na verdade, o filho precisa de orientação, precisa de um modelo. “Se a mãe não quer fazer algo mas acaba fazendo, ela está dando um exemplo em que negligencia suas emoções e passa para o filho mesma mensagem, de que ele negligencie coisas da sua vida”, relata a psicóloga. Ela ressalta que o modelo parental fala muito mais do que a fala parental. “É como dizer ao filho que não grite, gritando com ele. A criança não vai entender aquilo, ela vai muito mais pelo que ela vivencia, do que pelo que ela ouve, então, quando a gente consegue se perceber negligente ou mais omisso, é perigoso sim, por isso e tão importante a educação parental, porque quando a gente tem ferramentas, repertórios de autorreflexão, consigo entender exatamente qual terreno estou pisando”.
Iara lançou no congresso o baralho de estilos parentais na visão dos pais e outro baralho de estilos parentais na visão dos filhos. Ela explica que as ilustrações do jogo ajudam a ampliar o olhar dos pais, a partir das escolhas de cartas que a criança faz para representá-los. “Se a criança, entre 50 cartas escolhe dez, de práticas relacionais na família, e destaca, por exemplo, um pai mais punitivo, com olhar ausente e uma criança está triste, a gente consegue identificar que tem alguma coisa naquela família, naquela prática e estilo parental que é a rotina de comportamento que ela vivencia, que está sendo negligenciada, a criança não está se sentindo pertencente naquele universo”, pontua a coach. Ela diz que recursos como esse ajudam os pais a se situar e entender melhor e servem como ferramenta de auxílio na autopercepção para quem trabalha com as famílias.
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