Com o início do segundo semestre letivo e a volta às aulas, é hora de valorizar a educação física. A disciplina é uma importante ferramenta de apoio ao processo de aprendizagem, além de contribuir para a saúde física e mental das crianças. Poder correr, gastar energia e “sacudir o esqueleto” depois de tanto tempo parados é estimulante para os alunos. Recreativa, a educação física também é uma ótima forma de promover a reintegração das turmas.
“Tanto no ambiente híbrido quanto no remoto, o desenvolvimento corporal sempre fará parte da educação física”, explica Eduardo Britto de Camargo, coordenador de esportes e professor de Educação Física do Colégio Rio Branco, da Unidade Granja Vianna. “Mesmo tendo uma parte das crianças na escola e a outra em casa, conseguimos pensar em atividades criativas e atrativas, e temos conseguido bons resultados nesse sentido.”
Brincar, correr, pular e movimentar o corpo faz parte do dia a dia das crianças. Essa é a maneira natural através da qual elas interagem com os outros, com elas mesmas e com o ambiente. Eduardo de Camargo explica que a educação física nas escolas hoje está inserida em uma perspectiva de cultura corporal, onde é preciso observar o entorno e tudo aquilo que esse componente curricular propõe, de acordo com suas unidades temáticas: dança, luta, jogos, brincadeiras, práticas corporais de aventura e as ginásticas.
“Com base nessas áreas é feito um mapeamento das crianças sobre o entendimento que elas têm sobre essas atividades, e a partir daí aprofundamos o conhecimento e o desenvolvimento das temáticas nas aulas”, afirma o professor do Colégio Rio Branco.
Para além das brincadeiras, realizar atividade física regular durante a infância é fundamental para o desenvolvimento integral da criança, nos aspectos motor, cognitivo e socioafetivo. As experiências que os pequenos têm nesse período impactam no seu desenvolvimento neuronal e motor, atuando positivamente na melhora da aptidão física e favorecendo aspectos como resistência cardiorrespiratória e flexibilidade.
Benefícios durante o crescimento
Durante o período do chamado estirão do crescimento, o indivíduo pode ganhar até 20% da estatura final, de acordo com a individualidade de cada um. “Normalmente, as meninas se desenvolvem primeiro do que os meninos e nessa fase, o crescimento acontece sempre das extremidades para o centro, ou seja, crescem primeiro as mãos, os pés, os braços, as pernas e depois o tronco, o que causa um desequilíbrio corporal muito intenso nas crianças”, explica Eduardo. “É aquela fase em que geralmente derrubam tudo, o suco na mesa, chutam a quina da cama o tempo todo.”
A tendência é achar que a criança é desengonçada ou atrapalhada, mas a realidade é que o seu corpo está desequilibrado. E a atividade física ajuda no trabalho de coordenação motora, fazendo com que esse desequilíbrio seja amenizado. Ajuda, inclusive, na melhora da autoestima, uma vez que uma criança ou um jovem coordenado, com maior habilidade para desenvolver suas tarefas, será mais confiante.
É nessa época que pode surgir a chamada “dor do crescimento”, que na verdade, não tem relação com o crescimento e ocorre devido a uma atividade de alta intensidade. No geral, essa dor costuma se manifestar no final do dia, quando a musculatura tem um relaxamento.
Muitos pais costumam perguntar qual esporte ou atividade contribui para que a criança tenha maior ou menor estatura. O professor explica, porém, que não há relação entre esses dois aspectos. São os fatores genéticos os que mais influenciam na altura da criança. Independentemente disso, se exercitar é sempre uma boa ideia. “Estudos mostram que crianças e jovens que praticam atividades físicas costumam manter essa prática saudável ao longo da vida, o que é muito importante.”
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