Dor do crescimento: Entenda por que ela acontece, quais os sintomas e como lidar

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Por Artur Padão Gosling – “Crescer é doloroso?” Talvez seja a pergunta que mais rodou em minha cabeça nos últimos meses desde o nascimento de minha filha. Fico pensando sobre como posso prepará-la para os diversos tipos de violência que assolam o mundo.

Nesse crescimento, além das dores simbólicas, muitas outras dores virão. Começando cedo, nos primeiros minutos de vida vem uma injeção de vitamina k na coxa do bebê (antigamente a primeira experiência dolorosa era um tapa no bumbum), em seguida vêm teste do pezinho, vacinas, quedas, dente, final de mamadeira, chupeta não disponível no momento, bronca. Tudo isso é doloroso e nos ensina formas próprias de lidar com as dores aprendidas durante o crescimento.

Se crescer é doloroso, devemos incluir ossos, articulações, músculos e tendões. Neste contexto, temos a clássica dor do crescimento em si. São dores que surgem de forma súbita e sem causa bem definida. Quando na área da saúde dizemos que não se sabe a causa, usa-se o nome “idiopático”. Sendo assim, existem teorias que tentam explicar os motivos desta dor do crescimento: 1. a criança é mais sensível a dor ou a estresses do que outras, é pouco tolerantes a dor; 2. uso excessivo dos músculos durante o dia, levando a uma espécie de “dor muscular tardia”; 3. déficits de nutrientes, como foi visto em um estudo com reposição de vitamina D que provocou alívio da dor em crianças.

A dor que persiste é um prato cheio
para afetar a rotina diária

Entre 10% a 20% das crianças entram na estatística, com início dos sintomas geralmente aos 5 anos de idade. As queixas se localizam nas pernas, joelhos, panturrilhas e calcanhares, mas podem “andar” de um lado para o outro do corpo. Os pais devem estar atentos, pois a dor que persiste é um prato cheio para afetar a rotina diária, como a alimentação, atividades lúdicas, prática de esportes, rendimento na escola, interação social e sono. Sem falar no estresse e ansiedade, cada vez mais associadas a dor persistente.

Como em qualquer problema “idiopático”, o tratamento consiste em controlar os sintomas e seguir adiante. Recomenda-se uso de analgésicos, medidas como calor ou gelo no local, alongamentos na fisioterapia, muita paciência e manter as atividades da criança. Estudos mostraram que distraí-los também ajuda, com jogos, brincadeiras, esportes e até mesmo com óculos de realidade virtual. Se você usar um celular como distração, cuidado: ao retirar da criança, pode provocar uma “dor profunda”. E grudar o celular na criança faz mal à saúde.

Artur Padão Gosling é fisioterapeuta, estudioso e dedicado aos estudos da dor. Membro da Sociedade Brasileira de Estudos da Dor (SBED), mestre em ciências/clínica médica pela UFRJ e especializado na avaliação e tratamento de pacientes com dores crônicas.

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