Os educadores parentais Lua Barros e Peu Fonseca gostam de polêmica. Para eles, educação parental é a compreensão deste espaço de troca e constante aprendizado, onde todos erram e acertam juntos, adultos e crianças. Na estreia deste quadro da Canguru News, Conversas sobre Educação Parental, eles já começam causando ao questionar e subverter o famoso provérbio africano que diz: “É preciso uma aldeia inteira para educar uma criança”. Ambos contam as razões pelas quais não concordam com o provérbio e por que acham que o mundo atual exige novas interpretações para a criação das crianças.
Confira esse bate-papo bacana com os dois, no YouTube da Canguru:
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Entendo o olhar do Peu Fonseca, de que é preciso reconhecer o papel da criança para ter perspectiva de futuro. Mas não vejo como contrária a postulação dele, aliás, são complementares.
O provérbio resume a importância da comunidade e das pessoas ao redor de uma criança no processo educacional e formativo. Em sua essência, essa frase significa que a responsabilidade de educar uma criança não recai apenas sobre os pais ou responsáveis legais, mas envolve toda a comunidade em que ela está inserida.
Quando uma criança cresce cercada de cuidado, orientação e suporte de várias pessoas, como avós, tios, professores, vizinhos e outros membros da comunidade, ela tem mais oportunidades de aprender, desenvolver habilidades sociais e emocionais, e construir valores e princípios importantes. Dessa forma, a diversidade de perspectivas e experiências presentes na comunidade enriquece o processo educacional e amplia os horizontes da criança.
O conceito de “aldeia” pode ser aplicado tanto em comunidades rurais quanto urbanas, enfatizando a importância de um ambiente que promova o bem-estar e o crescimento saudável das crianças. Quando a comunidade trabalha em conjunto, as crianças são beneficiadas com um apoio mais abrangente e efetivo.
Assim, a mensagem por trás dessa frase é que todos têm um papel a desempenhar no desenvolvimento das crianças, e a colaboração entre a família, a escola e a comunidade é fundamental para que elas cresçam com uma base sólida e equilibrada.
Entendo a provocação deles, mas em nenhuma das perspectivas se anula o saber do provérbio. A vila, sim, precisa da criança para crescer, mas para essa criança crescer de forma integrada, ela precisa da vila. É uma relação simbiótica, dialética, onde uma precisa da outra pra existir. O provérbio corrobora com a questão de tirar o peso da responsabilidade de apenas a mãe formar o cidadão do amanhã, pois todos os que cercam a criança tem essa responsabilidade. Nesse sentido, a perspectiva da Lua Barros não contradiz o provérbio, o reafirma.