É comum a criança andar na ponta dos pés?

A forma como a criança conduz a marcha pode ter relação com condições como paralisia cerebral, autismo ou outras causas; médico ortopedista fala sobre diagnóstico e formas de tratamento

183
Criança anda na ponta dos pés
Se hábito persiste além dos dois anos de idade, é importante fazer uma investigação médica
Buscador de educadores parentais
Buscador de educadores parentais
Buscador de educadores parentais

Embora seja comum que a criança ande na ponta dos pés enquanto está aprendendo a caminhar, se a prática persistir após os dois anos de idade, mesmo com um desenvolvimento motor aparentemente típico, é importante investigar a presença de causas especiais.

O médico ortopedista Filipe Barcelos, especialista em paralisia cerebral, explica que as crianças começam a andar de forma independente entre 12 e 16 meses, com um intervalo considerado comum até os 18 meses. Durante essa fase, é esperado que experimentem diferentes formas de locomoção, incluindo andar na ponta dos pés, alternando com o apoio dos calcanhares no chão. No entanto, se essa característica persistir além do período esperado, recomenda-se uma avaliação médica.

As causas mais comuns associadas a esse padrão de marcha têm relação com a paralisia cerebral e o Transtorno do Espectro Autista (TEA), mas também podem ter origem em fatores genéticos, Transtorno de Déficit de Atenção, alterações sensoriais, problemas neuromusculares e distrofia muscular.

Segundo Barcelos, quando o comportamento persiste além dos três anos de idade, é diagnosticado como Marcha em Equino Idiopática ou Marcha na Ponta dos Pés Idiopática, o que demanda uma investigação mais aprofundada por parte dos profissionais de saúde.

LEIA TAMBÉM:

O termo “idiopático” refere-se ao fato de da causa ser desconhecida. Nesse caso, além de caminhar na ponta do pé, a criança pode apresentar sinais como:

  • sentar com as pernas na forma de um W;
  • sentar sobre os joelhos;
  • cair com grande frequência;
  • apresentar dificuldades na prática de esporte.

Embora muitas crianças eventualmente superem esse comportamento, essa condição pode afetar significativamente a qualidade de vida da criança, afetando sua capacidade de se locomover com eficiência e participar de atividades cotidianas. Portanto, é importante estar atento aos sinais que o corpo das crianças pode apresentar, já que andar na ponta dos pés pode ser mais do que apenas uma fase temporária. Essa ação pode indicar questões médicas subjacentes que requerem atenção e intervenção precoce.

Tratamento

O tratamento para a marcha na ponta dos pés deve ser feito de forma criteriosa: o espaço entre o tendão calcâneo, localizado na parte de trás da perna da criança, muitas vezes resulta nesse padrão de marcha peculiar, explica o médico. Ele diz que por mais que inicialmente não haja encurtamento perceptível do tendão, ao longo do tempo, o corpo pode se adaptar e deformar os tornozelos e pés, se não forem tratados adequadamente. E o alongamento errado do músculo da perna da criança pode causar problemas a longo prazo para pessoas com paralisia que andam.

“Para um diagnóstico dessa condição é necessária uma abordagem especializada, incluindo a avaliação do padrão de marcha infantil, revisão do histórico médico e exame físico completo. Em alguns casos, exames complementares, como ressonância magnética do crânio ou estudos de análise tridimensional da marcha, podem ser necessários para identificar causas ou orientar o tratamento ideal”, comenta o médico ortopedista Filipe Barcelos.

Crianças com paralisia cerebral

O diagnóstico da paralisia cerebral é clínico, mas o padrão de marcha pode ajudar a identificar a condição quando o quadro não é claro. E o tratamento pode variar. Uma abordagem eficaz para corrigir a marcha na ponta dos pés em crianças com paralisia cerebral é o uso do gesso seriado. Esse método envolve o engessamento da perna, tornozelo e pé, em uma configuração semelhante a uma bota, utilizando gesso sintético colorido ou branco para garantir que a criança possa descarregar o peso e caminhar confortavelmente. O período de uso do gesso varia de quatro a seis semanas, e o número de trocas do gesso depende do grau de encurtamento do tendão calcâneo.

Em certos casos, a toxina botulínica pode ser associada ao tratamento com gesso seriado, proporcionando resultados promissores para ajudar a relaxar os músculos afetados e melhorar a mobilidade. Para crianças com paralisia cerebral, cada caso é único, tornando necessário um plano de tratamento personalizado que possa incluir uma combinação de terapias, visando o melhor resultado e melhorar a qualidade de vida.

Gostou do nosso conteúdo? Receba o melhor da Canguru News, sempre no último sábado do mês, no seu e-mail.

DEIXE UM COMENTÁRIO

Por favor, deixe seu comentário
Seu nome aqui