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Dormir é preciso: mães têm de levar o sono a sério
Desespero era o que eu ouvia nas vozes delas. Não era nem cansaço, apesar de saber que estavam exaustas. Tinham passado todos os limites da capacidade humana e não descansavam há meses.
Uma mãe tem uma criança pequena, que ainda acorda entre três a cinco vezes por noite e, claro, fica sem dormir. Trabalha das 9h às 15h, porque como ainda amamenta, tem um horário mais reduzido. Pode regressar a casa e descansar um pouco, mas sente-se culpada e vai buscar o filho às 15h45, que é a hora em que ele termina o lanche na escolinha. Teresa, como se chamam todas as mulheres de quem eu falo aqui, chorava ao telefone. Dizia-me que não conseguia mais. Estava exausta e sem saída. Fora de questão deixar de amamentar, fora de questão faltar ao trabalho. E agora?
A outra Teresa não acordava a meio da noite porque a filha a chamava. Simplesmente, não dormia. Tem os pais mais velhos, não pode estar com eles, sobretudo porque os dois têm doenças crônicas. Não é o trabalho que a pressiona, mas tudo faz o coração dela disparar. Assusta-se com o barulho das obras da casa ao lado, e o elevador do prédio é o bastante para a fazer despertar. A expressão de cansada, sem luz, estava à vista através da minha tela. A voz sem vida era o espelho das noites sem dormir dessa mãe. Chorou também. Estava no seu limite, sem forças e pergunta-se como fará caso se sinta mal a meio da noite e precise de pedir ajuda à filha que tem 9 anos.
Dormir é meio sustento, diz a sabedoria popular. E é mesmo.
Estudos provam que a privação de sono faz-nos comer mais (açúcar) porque é pedido pelo cérebro. Mas não precisamos de estudos para saber que rapidamente perdemos a paciência, tomamos más decisões e há quem adormeça ao volante. Dormir não é levado a sério por mães e pais. E o que leva à ausência do sono também não.
Uma casa onde a criança não dorme é uma casa onde, em princípio, ninguém dorme como deve de ser. Na cabeça de uma pessoa ansiosa, os despertares a meio da noite ou a incapacidade de adormecer resultam em despertares piores que as noitadas loucas da juventude.
Não hesito em dizer que não precisamos de passar por estes momentos, sem fazer nada. Devemos consultar um especialista. Podemos ter de tomar alguma medicação para nos ajudar a equilibrar o que está desequilibrado e ainda bem que temos o que nos pode dar um empurrão. A fatura que mães e pais pagam por ficar sem dormir é gigantesca – mas não se fala nisso. E não é preciso se, cada um de nós cuidar dessa parte da saúde como quem escova os dentes todos os dias. Vamos pensar nisto, a sério?
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Magda Gomes Dias
Magda Gomes Dias, 44 anos, tem dois filhos: Carmen, 12 anos, e Gaspar, 9 anos. É natural do Porto, Portugal, e fundadora da Escola da Parentalidade e Educação Positivas, onde oferece programas de certificação e especialização na área. Autora do blog 'Mum's the boss', escreveu os best-sellers 'Crianças Felizes' e 'Berra-me Baixo', além do livro 'Para de Chatear a Tua Irmã e Deixa o teu Irmão em Paz'.
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