Por mais que a noção de guerra pareça distante para os brasileiros, essa é uma realidade que nesta última semana se mostrou bem mais próxima, com a notícia de invasão da Ucrânia pela Rússia, na última quinta-feira (24). Por ser o mais grave ataque militar desde a Segunda Guerra Mundial, que coloca Rússia e Estados Unidos mais uma vez em lados antagônicos, especialistas já cunham a expressão Terceira Guerra.
A Canguru News preparou uma lista de documentários, vídeos e filmes, muitos disponíveis na rede gratuitamente, que mostram a perspectiva das crianças em grandes conflitos mundiais, colocando-as como protagonistas. A violência das guerras dizima a infância, acaba com os sonhos, destrói pequenas almas e futuras gerações. Permeadas por sofrimento e angústia, as guerras afetam principalmente as crianças que as assistem de perto.
As crianças da guerra (Síria)
Disponível no youtube, esse mini-documentário, legendado em português, conta as histórias de Lara, Ziad e Youssef, crianças sírias que perderam seus lares para a guerra. Mostrando o ponto de vista das crianças, o documentário mostra que mesmo em meio a uma realidade tão sofrida os menores não deixam de sonhar com um futuro melhor. “Desejo viver em qualquer país que não seja a Síria, onde seja seguro e haja escolas e brinquedos”, conta Lara, de 7 anos.
A Guerra das crianças – Uganda
Este documentário expõe a barbaridade cometida por Kony, líder da milícia Exército de Resistência do Senhor (LRA) e criminoso procurado pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) por crimes contra a humanidade. O grupo rebelde da Uganda é responsável por dezenas de milhares de assassinatos há mais de 20 anos. A milícia é conhecida por sequestrar crianças e obrigá-las a servirem como soldados ou escravos sexuais.
Crianças de Gaza
As crianças de Gaza é um documentário que apresenta a vida de milhares de crianças palestinas que vivem sob a opressão do estado sionista de Israel. Dirigido por Jezza Neumann, o filme acompanha a vida de três crianças em Gaza durante um ano, retratando seu dia-a-dia, ódio acumulado e tristeza.
O homem que salvou quase 700 crianças judias do nazismo
Produzido pela BBC News Brasil, disponibilizado no youtube, esse vídeo curto conta a história de Nicholas Winton, um jovem corretor britânico que salvou a vida de 669 crianças judias, levando-as ao Reino Unido em busca de um futuro melhor. Seus atos só vieram a público em 1988.
La Guerre des Enfants (A guerra das crianças)
Esse documentário produzido pelo Canal Curta, reconta a história de uma geração única de crianças que tinham 10 anos em 1940, e que cresceram no epicentro do tenebroso cenário da Segunda Guerra Mundial. Durante anos, as experiências e as histórias daqueles que passaram a infância nos tempos da guerra não foram reveladas, porém, surge esse documentário com o objetivo de mostrar alguns – dos muitos – difíceis momentos vividos pelas crianças durante o conflito.
Como ser uma criança na Alemanha pós guerra
Com a derrota na Segunda Guerra Mundial, a Alemanha ficou ocupada por tropas aliadas. Entre os americanos estavam soldados negros, que permaneceram no país por algum tempo após o fim do conflito. Em muitos casos, esses soldados acabaram tendo filhos com mulheres alemãs. A história dessas crianças é relatada neste vídeo.
A juventude Hitlerista – O exército infantil nazista
Esse documentário produzido pela National Geographic conta a história do movimento da Juventude Hitlerista, que absorveu progressivamente todas as outras organizações juvenis e doutrinou uma nova geração de meninos alemães. Este primeiro episódio mostra como esses jovens estavam inconscientemente preparados para a guerra que se aproximava. Eles foram condicionados a dedicar suas vidas ao líder nazista Adolf Hitler.
Primeiro, mataram o meu pai (2017) – Netflix
Angelina Jolie traz toda a sua vivência como Enviada Especial da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) ao dirigir um drama sobre Loung Ung (Sareum Srey Moch), sobrevivente do regime do Khmer Vermelho, no Camboja. Cerca de dois milhões de pessoas morreram. Ainda criança, Loung vê sua família ser obrigada pelo exército a fugir e, portanto, se separar. A garota é coagida a se tornar criança-soldado, e participa de um treinamento para órfãos, enquanto seus irmãos são enviados a campos de trabalhos forçados.
Os filmes listados abaixo foram indicados pela Agência da Organização das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR). Eles realizam um trabalho com refugiados ao redor de todo o mundo.
Beasts of No Nation (2015), de Cary Joji Fukunaga – Netflix
Quando sua família é forçada a fugir de um ataque no oeste da África, um garoto chamado Agu é capturado para fazer parte de um batalhão de mercenários e lutar como soldado. De amizades a laços familiares perdidos, junto à privação da vivência própria da infância, o filme costura as consequências humanitárias de uma guerra sob a perspectiva de uma criança imersa num contexto cruel e devastador.
Para Sama (2019) , de Waadal-Kateab – Amazon Prime
A jornalista síria Waad al-Kateab registra em primeira pessoa a intimidade de sua família em meio ao conflito em Aleppo, na Síria. A obra é uma espécie de carta aberta à filha Sama, nascida entre bombardeios. O relato dramático e sensível de Waad traz uma perspectiva feminina sobre a violência extrema que aflige o país, sem perder a doçura de memórias esperançosas. O público acompanha de perto as angústias de uma mãe, cuja maternidade é marcada por vulnerabilidade e dificuldades extremas, como acesso à saúde e aspectos psicológicos da gestação. “Em que vida eu a coloquei, Sama? Será que um dia você vai me perdoar?”, questiona Waad em um dos momentos mais comoventes do filme, quando ela e o marido são coagidos a escolher entre ficar e ir embora.
Cafarnaum (2019), de Nadine Labaki – Indicado ao Oscar
Quando a irmã mais nova de Zain (interpretado por Zain Al Rafeea, um refugiado sírio de 12 anos) é forçada a se casar com um homem mais velho, ele foge de casa e passa a viver nas ruas. Em troca de comida e abrigo, o garoto começa a cuidar do filho pequeno de Rahil, uma imigrante etíope sem documentos. O filme aborda também o drama de milhares de refugiados africanos e sírios que escapam da polícia e do tráfico de pessoas em Beirute, capital do Líbano. Com atuações fortes, sob o olhar único da diretora libanesa, a obra traz para as telas o caos social que inspira o título da produção. Cafarnaum significa “lugar de tumulto e desordem”. O filme saiu vencedor no Festival de Cannes 2018 e foi indicado ao Oscarde melhor filme estrangeiro.
Zaatari: Memórias do Labirinto (2019), de Paschoal Samora
Ambientado no deserto de Mafrak, fronteira da Síria com a Jordânia, o documentário registra o nascimento de um dos maiores campos de refugiados do mundo. O lugar, chamado Zaatari, foi criado como uma estrutura transitória, mas que já se tornou a quarta maior cidade da Jordânia e o quinto maior centro financeiro do país. Ainda que as crianças não sejam as protagonistas, elas estão em todas as partes. O filme convida os refugiados adultos a invocarem suas memórias, retratando toda sua trajetória, desde a infância.
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