A idade do primeiro acesso à internet por crianças brasileiras vem se antecipando nos últimos anos. A pesquisa TIC Kids Online Brasil 2023 mostrou que 24% das crianças começam a se conectar à rede na primeira infância, ou seja, antes dos seis anos de vida. A título de comparação, na edição de 2015, a proporção de acesso nessa faixa etária era de 11%.
O estudo também indicou que 95% da população de 9 a 17 anos é usuária de internet no país, o que representa 25 milhões de pessoas, e a grande maioria usa o celular como o dispositivo de acesso.
“A pesquisa mostra tendência crescente de uso da internet já na primeira infância. Esse fenômeno reforça a necessidade de evidências robustas acerca das oportunidades e dos riscos online vivenciados por crianças e adolescentes, que orientem políticas e ações voltadas à garantia dos seus direitos e proteção”, aponta o gerente do Cetic.br|NIC.br, Alexandre Barbosa.
Segundo a pesquisa, 88% da população brasileira de 9 a 17 anos possuem perfis em plataformas digitais. Entre 15 e 17 anos, a proporção foi de 99%.
As redes sociais mais usadas entre crianças e adolescentes de 9 a 17 anos:
Instagram: 36%
Youtube: 29%
TikTok: 27%
Facebook: 2%
Nas faixas de 9 a 10 anos e de 11 a 12 anos, o YouTube, que pela primeira vez teve dados coletados, lidera com 42% e 44%, respectivamente. Já nas faixas de 13 a 14 anos (38%) e de 15 a 17 anos (62%), predomina o uso do Instagram.
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“A proporção de crianças e adolescentes que reportam assistir a vídeos online cresceu ao longo da série histórica da pesquisa. Plataformas digitais voltadas ao compartilhamento e à criação de conteúdos multimídia são usadas por quase a totalidade de usuários de 15 a 17 anos”, comenta Luísa Adib, coordenadora da pesquisa TIC Kids Online Brasil.
Especialistas alertam para os riscos do uso precoce da internet sem orientação, o que pode deixar as crianças mais vulneráveis à exposição de dados, conversas com estranhos e práticas de aliciamento e cyberbullying, por exemplo, nas plataformas de jogos online, redes sociais e chats.
Crescem as buscas online sobre alimentação saudável e saúde mental
A pesquisa deste ano voltou a investigar o uso da internet na busca de informações relacionadas à saúde e ao bem-estar entre a população de 11 a 17 anos – o tema apareceu pela primeira vez na edição retrasada. De 2021 para 2023, todos os indicadores foram reportados por uma parcela maior dos entrevistados.
Mais da metade (58%) reportou que teve contato com publicações sobre formas de se obter “uma alimentação saudável, informações sobre dietas ou refeições saudáveis” (contra 43% em 2021); 45% tiveram contato com informações sobre exercícios, esportes ou como entrar em forma (contra 28%) e 34% com informações sobre seus sentimentos, sofrimento emocional, saúde mental ou bem-estar (contra 29%).
Metade (50%) relatou que a internet ajudou a lidar melhor com algum problema de saúde (39% em 2021).
Contato com publicidade e propaganda online
Pela primeira vez, a pesquisa coletou, numa mesma edição, dados sobre habilidades digitais críticas e indicadores relacionados ao consumo. O estudo revelou que 78% dos usuários de 11 a 17 anos concordam que empresas pagam pessoas para usar seus produtos nos vídeos e conteúdos que publicam na internet, enquanto 59% disseram que assistiram a vídeos de “pessoas ensinando como usar algum produto” e de “pessoas abrindo a embalagem de algum produto”.
“Apesar de crianças e adolescentes concordarem que pessoas são pagas para falar sobre produtos, nem sempre reconhecem que estão diante de uma comunicação mercadológica quando veem vídeos, no ambiente online, com pessoas usando ou abrindo embalagens de produtos”, destaca Adib.
O estudo mostra ainda que 50% dos usuários de 11 a 17 anos pediram aos responsáveis algum produto após contato com propaganda ou publicidade e somente 28% das crianças e adolescentes de 9 a 17 anos têm pais, mães ou responsáveis que reportam utilizar filtros ou configurações para restringir o contato com propaganda na rede.
Habilidades digitais
De acordo com a pesquisa, 76% dos entrevistados reportaram ser “verdade” ou “muito verdade” que sabiam escolher que palavras usar para encontrar algo na internet. O percentual daqueles que reportaram que sabiam verificar se uma informação encontrada na rede estava correta foi menor (58%).
Quase metade (47%) dos usuários nessa faixa etária concordou que todos encontram as mesmas informações quando pesquisam coisas na internet e, para 40%, o primeiro resultado da pesquisa na rede é sempre a melhor fonte de informação.
Sobre a pesquisa
A 10ª edição da pesquisa TIC Kids Online Brasil entrevistou presencialmente 2.704 crianças e adolescentes com idades entre 9 e 17 anos, assim como seus pais ou responsáveis, em todo o território nacional. As entrevistas aconteceram entre março e julho de 2023.
A TIC Kids Online Brasil está alinhada com o referencial metodológico do projeto Global Kids Online, coordenado pelo Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), e com a rede Kids Online América Latina.
Para mais informações sobre o estudo, acesse: https://cetic.br/pt/pesquisa/kids-online/indicadores/