Talvez você já tenha ouvido ou presenciado dentro da escola dos seus filhos as seguintes frases:
“Agora, esse é o time das meninas e esse é o time dos meninos.”
“Esses são brinquedos para meninas e esses para meninos.”
“Rosa para as meninas e azul para os meninos.”
Isso é mais comum do que imaginamos e se você não ficou incomodado com essas frases, pode ser que faça parte das estatísticas dos que não têm consciência que essas atitudes estão relacionadas ao machismo estrutural: quando a prática do machismo – que leva a crer que homens e mulheres, por suas diferencas, devem desempenhar papeis diferentes na sociedade – não se limita a uma ou outra pessoa, mas sim é algo que já faz parte das crenças e valores da sociedade .
Alimentar a diferença de gênero com o propósito de rotular cada gênero sobre qual conduta eles devem seguir baseado simplesmente pelo seu sexo, é extremamente prejudicial ao desenvolvimento infantil.
Sim, existem diferenças fisiológicas entre meninos e meninas, isso é fato, mas a orientação sobre o desenvolvimento comportamental das crianças deveria ser 50% responsabilidade dos pais e 50% responsabilidade da sociedade, ou se preferir, da educação pública ou privada, já que por lei as crianças devem estar matriculadas em algum sistema de ensino dos 4 aos 17 anos de idade.
Diante desses fatos, trago aqui algumas sugestões de como nós pais podemos conscientizar nossos filhos(as) sobre igualdade e equidade de gêneros e ajudar a criar uma sociedade mais justa e humana.
Sei que cada indivíduo é diferente e, com isso, cada um tem sua motivação para criar esse movimento de mudança. Tomei a liberdade de separar algumas atitudes que podemos adotar junto com as escolas para contribuir com uma educação mais consciente.
Atitude familiar moderada:
Converse com seu filho(a) toda vez que ele trouxer questões onde existem desigualdade ou separações de gêneros. Um bom exemplo é falar sobre o que eles acham da separação de brinquedos para meninas e para meninos dentro da escola. Recorde que um carrinho, uma boneca ou uma bola podem ser interessantes tanto para as meninas quantos para os meninos.
Atitude de engajamento:
Converse com a associação de pais e mães da escola dos seus filhos e tente propor soluções de condutas para minimizar a normalização das diferenças. Já parou para pensar que talvez os professores e diretores não percebam que estão tendo essas atitudes?
Um bom exemplo é sugerir atividades onde essas diferenças sejam minimizadas, como o dia das bonecas ou o dia dos carrinhos, data na qual todas as crianças devem brincar apenas com esse brinquedo.
Atitudes de ativismo:
Se você, assim como eu, se incomoda muito com essa questão, uma dica que eu posso dar é: a força de uma comunidade é poderosíssima.
Crie movimentos na sua comunidade para mudar condutas de ensino frente à prefeitura do seu bairro.
Pense que assim como a escola do seu filho possa ter essas atitudes de diferença de gênero, muitas outras também estejam no mesmo caminho.
Um bom exemplo é criar programas de reciclagens e conscientização sobre diferença de gênero e temas relacinados para os profissionais de ensino e apresentar esses programas às prefeituras.
Afinal, uma comunidade que se movimenta junto vai mais longe.