O aumento de casos de Covid e o risco de haver uma nova onda da doença no país têm feito com que várias cidades brasileiras voltem a recomendar o uso de máscaras em ambientes fechados como as escolas. É o caso de Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul, na Grande São Paulo, e Londrina, no Paraná. Na capital paulista, o uso da proteção não é mais obrigatório em nenhum ambiente desde março, mas há escolas que recomendam ou mesmo exigem o acessório.
“É recomendável o uso de máscara nas escolas, especialmente em lugares fechados, para crianças de todas as idades, pois não apenas a Covid está se espalhando, mas temos observado o aumento de outras doenças respiratórias virais. Vale ressaltar e lembrar que crianças podem sim ter Covid”, explica Fausto Flor Carvalho, presidente do Departamento de Saúde Escolar da Sociedade de Pediatria de São Paulo.
A infectologista Aline Scarabelli, do Labi Exames, comenta que é difícil fazer com que as crianças mantenham o distanciamento adequado umas com as outras, motivo pelo qual “a máscara se torna fundamental para ajudar na prevenção de doenças de transmissão respiratória”. Ela ressalta que o ideal seria que o uso fosse feito por todas as crianças maiores de dois anos, visto que ainda não há indicação de vacina para menores de cinco anos de idade.
Nas crianças entre 5 e 11 anos, para as quais já há vacina aprovada, 60% tomaram a primeira dose e cerca de 30% apenas estão com esquema vacinal completo.
Para a epidemiologista Ethel Maciel, a obrigatoriedade do uso de máscara em locais fechados não deveria nem ter sido retirada. “Com a chegada do inverno, já era previsto o aumento de casos de doenças respiratórias, o que, em conjunto com a pandemia, torna a situação ainda mais delicada”, diz ela.
Máscaras cirúrgicas e filtros de ar
Ethel Maciel também destaca a importância de usar máscaras adequadas, que garantem maior proteção. “Temos que lembrar que já não estamos mais falando de qualquer máscara. Com essas variantes mais transmissíveis, precisamos falar de máscaras filtrantes. Precisamos de políticas públicas para distribuição desse item, de maneira a distribuir máscaras do tipo cirúrgicas e PFF2 nas escolas. Esses são os modelos que ajudam a proteger mais”, orienta.
A epidemiologista também diz ser necessário um debate acerca de investimento nas escolas para colocação de filtro de ar HEPA, sigla para High Efficiency Particulate Arrestance, em inglês. “São aqueles filtros de alta filtragem e recirculação de ar, que agora podem ser colocados até em estruturas de ar condicionado. Vimos que esse investimento foi feito em outros países, para tornar o ar em ambientes fechados de melhor qualidade para nossas crianças e adolescentes. Enquanto isso, no Brasil nem ouvimos falar disso. Precisamos pensar em escolas mais equipadas para receber os alunos por conta da pandemia”, enfatiza Ethel.
Em nota técnica do dia 11 de março, o grupo de trabalho de Retorno às Atividades Escolares da Fiocruz destacou que apesar do enfrentamento contínuo à pandemia, a flexibilização de protocolos de obrigatoriedade de máscaras em escolas era viável, desde que a medida fosse proposta por autoridades sanitárias locais e comitês científicos. Ainda que a flexibilização contasse com o apoio do grupo, a Fiocruz destacou a necessidade da manutenção de alguns cuidados, enfatizando a importância da ventilação nas salas de aula e o incentivo à constante higienização das mãos.
Protocolos nas escolas
No Colégio Vital Brazil, na zona oeste de São Paulo, a recomendação aos alunos é para que utilizem máscaras em ambientes fechados e nos horários de entrada e saída, apesar de não terem estabelecido obrigatoriedade. O Colégio Stocco, em Santo André, segue a mesma linha: apesar de não ter tornado o uso obrigatório, recomenda o uso de máscara por crianças nas dependências escolares. A Escola Castanheiras, em Santana do Parnaíba, na região metropolitana da capital paulista, afasta os alunos com o teste positivo. Em caso de mais de 3 casos em uma sala, as crianças são orientadas a usar a proteção. Já o Colégio Equipe, também na zona oeste da capital paulista, manteve a obrigatoriedade da máscara, mesmo com a liberação do acessório na cidade pelo governo em março. A direção do colégio explicou que como o espaço aberto é pequeno, optou-se por continuar a adotar medidas que protegem ao máximo os estudantes.
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