A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou nesta quinta-feira (20) o uso do imunizante Coronavac em crianças e adolescentes com idade entre 6 e 17 anos. A medida foi anunciada durante reunião extraordinária da diretoria colegiada da agência, transmitida online no canal do Youtube do órgão.
Menores imunossuprimidos, que têm baixa imunidade, não entram nesse grupo. Já crianças e adolescentes com comorbidades poderão receber a vacina, que será aplicada em duas doses, com intervalo de 28 dias. O imunizante é o mesmo utilizado atualmente em adultos, sem nenhum tipo de adaptação para uma versão pediátrica.
“Os benefícios conhecidos da vacina Coronavac superam os riscos em crianças com 6 anos ou mais e adolescentes até 17 anos, desde que tais grupos não sejam imunosuprimidos”, disse a diretora da Anvisa, Meiruze Sousa Freitas.
O também diretor do agência, Alex Machado Campos, ressaltou que a pandemia não acabou, segue seu curso agora com a variante ômicron, e que após um ano de vacinação, os “resultados demonstram a eficiência da vacina, a efetividade no mundo real,
apesar das alegações rasas, rasteiras, que vacinas não evitam contaminação”. Campos afirmou que as vacinas são capazes de não trazer mais transtornos para a vida das pessoas, à medida que essas não precisam ser internadas em UTIs e mesmo vir a óbito.
A decisão de aprovação do imunizante foi unânime: os cinco diretores votaram a favor da liberação: incluindo, além de Meiruze Sousa Freitas e Alex Machado Campos, os diretores Rômison Rodrigues Mota e Cristiane Rose Jourdan e o diretor-presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres.
Esse foi o segundo pedido apresentado pelo Instituto Butantan para liberação do imunizante contra a Covid-19 para uso em crianças. O instituto tinha como objetivo imunizar os pequenos a partir de 3 anos, mas a agência decidiu aguardar até que mais estudos sejam apresentados sobre crianças abaixo dos 6 anos.
Faixa etária de 6 a 17 anos
Segundo Gustavo Mendes, gerente de medicamentos da Anvisa, a restrição da imunização acima dos 6 anos de idade se deve ao fato de que há mais informação e maior sugestão de desempenho para esse grupo. “Esses dados são do Chile, dos estudos de efetividade do Chile. Isso também é corroborado pelos pareceres das sociedades médicas”, disse o gerente de medicamentos. Sobre crianças imunossuprimidas, Mendes não destacou risco de efeitos adversos, mas lembrou que a condição de saúde diferenciada exige uma proteção ainda maior.
No Brasil, a vacinação infantil teve início com a vacina pediátrica da Pfizer, destinada inicialmente a crianças com comorbidades, quilombolas e indígenas. A Anvisa autorizou o uso em 16 de dezembro, mas a vacinação só começou um mês depois, quando o Ministério da Saúde realizou audiência pública para discutir a aprovação da Anvisa, o que retardou o início da vacinação e foi criticada por especialistas. Com a aprovação da Coronavac, o calendário estadual de vacinação infantil passa a contemplar também crianças sem comorbidades.
São Paulo anuncia novo cronograma de vacinação
Logo após anúncio da Anvisa, nesta quinta-feira (20), o governo do estado de São Paulo começou a vacinação de crianças com Coronavac na capital paulista. Caetano de Jesus Moreira Graça, de 9 anos, foi o primeiro a receber a vacina, em evento simbólico realizado na Escola Estadual Brigadeiro Faria Lima, no bairro de Perdizes, na zona oeste da capital. Ao todo, cem crianças serão vacinadas no local ainda nesta quinta, segundo o órgão estadual.
O governador João Doria afirmou que em três semanas terá sido aplicada a dose inicial contra a Covid-19 em todas as 4,3 milhões de crianças do estado de São Paulo. Segundo o governador, serão disponibilizadas 8 milhões de doses da Coronavac nos 645 municípios paulistas. Outras 7 milhões de vacinas serão oferecidas a Estados e Prefeituras que tiverem interesse no imunizante do Instituto Butantan.
“É mais um momento histórico em defesa da ciência e da vida este início da vacinação com a Coronavac, a vacina do Butantan, de crianças de seis a 11 anos”, afirmou Doria.
Dimas Covas, diretor do Instituto Butantã, explicou que existem muitos mais dados disponíveis nesse momento para a população de 6 a 17 anos, mas, logo, mais estudos estarão disponíveis demonstrando os efeitos da vacina de 3 a 5 anos. “Nas próximas semanas teremos esses resultados, que serão submetidos à Anvisa para análise da extensão dessa faixa etária”, declarou Covas, durante divulgação de calendário de vacinação infantil em São Paulo.
Além dos 5,2 mil postos de saúde em todo o estado, 274 escolas e 11 Prefeituras da Grande São Paulo e interior estão autorizadas pela Secretaria de Estado da Educação para apoio à campanha de vacinação nas 645 cidades paulistas. Segundo o governo estadual, as escolas selecionadas são de fácil acesso e possuem espaços adequados para receber crianças com comorbidades ou deficiências.
Confira o calendário estadual de vacinação infantil contra Covid:
- De 20/01 a 30/01 – Crianças de 9 a 11 anos sem comorbidades.
- De 31/01 a 10/02 – Crianças de 5 a 8 anos sem comorbidades.
- Desde 14/01 – Crianças de 5 a 11 anos com comorbidades, indígenas ou quilombolas.
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