Como lidar com as emoções das crianças no ambiente escolar 

Telma Abrahão, especialista em neurociência e desenvolvimento infantil, explica como lidar com o choro e a resistência de forma emocionalmente saudável para pais e filhos

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Mãe abraça filha na porta da escola
Muitos veem o comportamento dos pequenos como birra ou mimo, o que não é verdade, explica Telma
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Cenas de choro e apreensão podem surgir entre as crianças nas primeiras semanas de aula, deixando muitos pais preocupados ao levar os filhos na escola. Emoções à flor da pele e a sensação de angústia por ter de lidar com o desconhecido provocam maior ansiedade e resistência em algumas crianças que além dos desafios com a nova turma e novos professores, podem ter mudado de turno ou mesmo de escola ou cidade, o que requer flexibilidade para se adaptar ao novo cenário.

Ainda assim, há quem acredite que as crianças fazem isso por birra ou excesso de mimo. Porém, segundo Telma Abrahão, especialista em neurociência no desenvolvimento infantil, as chamadas birras – que normalmente aparecem em forma de gritos, desabafos raivosos, resistência e até mordidas e puxões do próprio cabelo – são a forma instintiva do corpo da criança de extravasar o que sente na tentativa de se autorregular. 

“A criança não tem essas atitudes para testar o limite ou a paciência dos pais, como muitos acreditam. É importante entender que a criança ainda não tem o cérebro maduro para “arquitetar” um plano maldoso para conseguir o que ele quer ou para enganar o outro. As funções executivas ligadas ao raciocínio e planejamento vão amadurecendo com o passar dos anos e só terminam esse amadurecimento por completo por volta dos 25 anos de idade”, explica Telma.  

Ou seja, a criança não age propositalmente, mas sim dominada por suas emoções e pelos impulsos instintivos em busca de segurança e proteção. Sendo assim, como agir nessas horas? Vale deixar a criança chorando na escola?  

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A primeira dica é aprender a regular, inicialmente, a própria emoção. “Esse é o primeiro passo para ajudar as crianças a fazerem o mesmo. Se autorregular para poder co-regular com a criança e ajudá-la a voltar ao estado de calma. A nossa presença calma e empática, com foco nas necessidades individuais de cada filho, é a melhor maneira de apaziguar a turbulência emocional do momento”, explica Telma. 

Nesses momentos dar o colo e validar as emoções que a criança sente também trazem o estado de calma e segurança necessários para garantir que o processo de adaptação ocorra de forma mais leve, até que se acalme e compreenda que no fim do dia terá os pais/cuidadores na porta da escola para levá-la para casa. Outra dica é explicar antes de ir à escola tudo o que acontecerá, elencando os horários, a rotina e as experiências que esperam por ela.  

“Quando compreendemos que as crianças ainda não possuem um cérebro maduro e nem controle de impulso desenvolvido, e que precisam se sentir seguras para darem esse passo com tranquilidade, conseguimos ter um comportamento muito mais acolhedor e menos julgador com ela”, explica a especialista. 

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