Artigos
Como acolher o choro, uma forma de comunicação da criança
Para muitos pais, ver o filho chorando é como um terremoto desesperador. Muitas vezes, a situação fica fora de controle para os pais por não entenderem a causa do choro ou não conseguirem sequer em pensar numa forma de acalmar a criança. Recorrer a berros não é nem de longe uma opção viável e já existem estudos, como o realizado pela Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, que comprovaram que agressões verbais são tão prejudiciais ao desenvolvimento infantil quanto a castigos e punições físicas.
Para a psicóloga e terapeuta familiar Sirlene Ferreira, “o importante é manter a calma, procurar conversar com a criança, estar mais próximo e estabelecer um vínculo de confiança, em que certamente os pais irão decifrar o choro”.
O que provoca o choro?
Quando as crianças são ainda muito pequenas, o choro normalmente se origina a partir de um desconforto físico do corpo, explica a pediatra Kelly Oliveira, criadora do perfil Pediatria Descomplicada, no Instagram.
“O choro é uma forma de comunicação do bebê. Normalmente se precisa entender quais são as necessidades dele ali, que podem ser cansaço, sono, fome, etc” , explica Kelly Oliveira.
Apesar disso, a pediatra afirma que alguns choros podem ser sim pedidos de mais atenção ou mais colo por parte da criança. Os pais, acrescenta, podem identificar a necessidade, muitas vezes, pela própria forma como soa o choro do filho.
Desesperar toda vez que um filho chora não é uma boa saída. Segundo a psicóloga Sirlene Ferreira, o choro não deixa de ser uma das linguagens da criança e proibi-la de chorar seria o mesmo que forçar ela a se calar. Para a psicóloga, é preciso que os pais supervisionem seus filhos quando os observarem nesse estado emocional e que estejam presentes. A especialista diz que os pais saberão identificar quando o choro do filho for excessivo, exigindo algum tipo de intervenção.
A neuropsicóloga Elaine di Sarno ressalta que as emoções que podem levar as crianças a se tornarem mais choronas são diversas e que o importante é encontrar as raízes dessas emoções dentro de casa. As sensações que podem deixar uma criança chorando podem ser físicas ou emocionais, desde frio e fome até a insegurança, medo ou raiva.
Sarno usa como exemplo discussões de casais que aconteçam na frente dos filhos: “Diante de uma briga de casal, eles (os filhos) podem chorar em relação àquilo que eles estão sentindo, como muita insegurança e medo. As brigas envolvem gritos, xingamentos e o tom da voz aumenta e isso acaba assustando a criança”.
A neuropsicóloga aconselha que todas as discussões de casais sejam feitas em particular e nunca na presença da criança. Para ela, isso é fundamental para evitar inseguranças dos filhos e não afetar sua relação com os pais, pois é muito natural que eles acreditem que sejam a causa da briga. O choro pode ser reflexo disso.
Acolhendo o choro
“Acolher o choro não significa ceder a todas as vontades das crianças, mas que a gente vai ouvir, entender e dar atenção”, afirma Kelly Oliveira. Segundo ela, é importante que os pais lembrem-se de que eles são os adultos naquela situação e mantenham a calma, sanando as necessidades da criança.
A psicóloga Sirlene Ferreira afirma que durante crises com um filho chorando, o fundamental é oferecer segurança para a criança. Para ela, é importante dar à criança a oportunidade de falar o que a incomoda, mesmo que os pais achem que ela ainda não tem idade suficiente para expressar o que quer.
“Por menor que seja a criança, tente perguntar se está acontecendo alguma coisa, se ela quer um abraço, é importante que o adulto faça isso com calma”, diz a psicóloga Sirlene Ferreira.
O que não se deve fazer
Compreender o choro como uma forma de comunicação da criança é necessário para lidar com essas situações da maneira mais saudável possível. Para Elaine di Sarno, “um pai nunca deve falar para seu filho chorando que aquilo não é nada”:
“Se a criança está chorando, ela está chorando por medo e isso para a criança é tudo.”
A neuropsicóloga afirma que o importante é validar o que a criança sente e se mostrar como uma fonte de confiança e compreensão para ela.Ferreira também defende que suprimir o choro do filho pode ser o mais danoso possível.
Tentar cessar o choro à força é como censurar a criança. “O choro é uma linguagem da criança, proibir o choro é o mesmo que calar ela.” A terapeuta finaliza sugerindo que os pais estejam dispostos a criar outros canais de comunicação com as crianças, como brincadeiras e conversas, para que elas possam encontrar outros meios de se expressar além do choro.
LEIA TAMBÉM:
[mc4wp_form id=”26137″]
Bruno Penteado
Bruno Penteado é estudante de jornalismo na Faculdade Casper Líbero. Se dedica a pautas sociais e acredita no ser humano como maior patrimônio que se deve priorizar.
VER PERFILAviso de conteúdo
É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita. O site não se responsabiliza pelas opiniões dos autores deste coletivo.
Veja Também
Brainrot: “Sinais de que o cérebro do meu filho estava pedindo socorro (e eu nem tinha notado)”
Sabe quando você olha para o seu filho e percebe que ele está ali… mas não está? Pois é. Foi...
Fim do ano sem surtar? O que ninguém fala sobre ser mãe em dezembro
Chegou aquela época do ano em que percebemos que estamos sorrindo por fora e acabadas por dentro... Será que dá...
E se o seu Natal iluminasse o de uma criança?
Mais de 100 mil cartas enviadas aos Correios foram adotadas em todo o Brasil. Saiba como participar
Destinos brasileiros perfeitos para entrar no clima mágico do Natal
Seja em meio às montanhas da Mantiqueira, nas luzes da Serra Gaúcha, no clima europeu de Penedo ou na grandiosidade...






