CBF fará recomendação para suspender o cabeceio entre crianças nas escolinhas de futebol

Orientação será válida para menores de 12 anos; pancadas na cabeça podem provocar problemas cognitivos - há muitos casos de demência entre jogadores profissionais

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Quatro crianças e um professor treinam futebol
Medida segue a de países como Estados Unidos e Escócia
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A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) fará uma recomendação aos clubes e escolinhas de futebol para que crianças menores de 12 anos não treinem cabeceio na bola. O objetivo é prevenir problemas cognitivos, como distúrbio de atenção, memória de fixação e memória verbal, informa reportagem do Estadão. Países como Estados Unidos e Escócia já adotaram a medida, proibindo esse movimento nas escolas de base.

A iniciativa está em fase de desenvolvimento e ainda não há um protocolo de como será a recomendação. “Vamos informar, fazer a recomendação, mas sem alarmar ninguém, é lógico”, revelou ao jornal o médico e neurocirurgião da entidade, Jorge Pagura. Ele disse que a CBF tem feito pesquisas e realizado debates com profissionais de diferentes países, sobre a saúde dos atletas. 

Segundo Pagura, não há comprovação científica de que o impacto da bola de futebol na cabeça da criança cause algum dano, mas ele ressaltou que a prevenção nessa idade é importante. “Até os 13 anos é o período de formação do sistema nervoso, portanto, qualquer medida preventiva para evitar traumas na cabeça é bem-vinda”, declarou. O entendimento da entidade é que até o início da adolescência o futebol deve ser encarado como atividade lúdica, sem priorizar muito a parte técnica. “Não se pode fazer craque com essa idade. Esse é o período de se ver as aptidões”, disse. 

Para o coordenador do departamento de neurologia pediátrica do Sabará Hospital Infantil, Carlos Takeuchi, a recomendação de evitar cabeceio deveria valer até os 18 anos. “É óbvio que não se pode ficar batendo cabeça. Nunca é bom. E isso vale para qualquer idade. No esporte há muitos casos de demência causadas por excesso de pancadas na cabeça. Para mim isso não devia ser estimulado para nenhum atleta. Pelo menos até atingir a maioridade”, disse o médico ao Estadão. Já Pagura vê com exagero estender a recomendação  até os 18 anos. 

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Outros países

Nos Estados Unidos, pioneiro na iniciativa, desde 2015 o cabeceio é proibido em treinos e jogos para crianças de até dez anos de idade. A decisão foi motivada após um grupo de pais e jogadores entrarem na Justiça contra a US Soccer e a Fifa. Além do futebol, outros esportes populares como o futebol americano e o hóquei no gelo, também causam impacto na cabeça e mais casos de concussão cerebral nos praticantes. Já na Europa, a Escócia foi o primeiro país a proibir o cabeceio para menores de 12 anos, que começou a valer no início deste ano. 

Concussão cerebral

As concussões, como são chamadas as contusões cerebrais que ocorrem após pancadas na cabeça, têm se tornado uma preocupação real no futebol. Levantamento feito pela CBF e divulgado em 2019 apontou que essas pancadas são a segunda maior causa de lesões no futebol brasileiro, somente atrás de lesões musculares. Assim, a entidade instituiu no segundo turno do Campeonato Brasileiro daquele ano um protocolo obrigatório que os médicos dos times precisam seguir quando um jogador sofre uma concussão.

Segundo pesquisas, como a realizada pela Oxford Brookes University e outras 12 instituições acadêmicas, impactos repetitivos na cabeça podem causar doenças cerebrais degenerativas, como a Encefalopatia Traumática Crônica (ETC).

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