A formação de hábitos alimentares começa na infância e é natural que as crianças tenham curiosidade em experimentar novos alimentos. Porém, muitos pais ficam receosos com possíveis alergias ou prejuízos à saúde ao provar comidas como frutos do mar e peixe cru e consumir produtos como café, açúcar ou adoçante.
Em meio a tantas dúvidas e, com uma vasta gama de informações contraditórias disponíveis na internet, definir uma rotina apropriada e saudável para as crianças se tornou um desafio ainda maior. A equipe do VivaBem, no portal Uol, conversou com especialistas que esclarecem abaixo algumas das principais questões relacionadas à alimentação das crianças. E para mais duvidas, vale acessar a cartilha “Beabá da Saúde Infantil VivaBem”, que está disponível gratuitamente e traz dicas sobre alimentação, atividade física e saúde na primeira infância.
Os bebês podem consumir açúcar e adoçante?
As comidas e bebidas açucaradas são popularmente conhecidas como vilãs e isso não é à toa. O consumo excessivo de açúcar está diretamente associado a problemas como obesidade, diabetes e cáries. Sendo assim, ele não deve ser não deve ser oferecido aos pequenos antes dos 2 anos de idade. O adoçante, mesmo que conhecido pelo baixo teor calórico, também deve seguir a mesma linha.
Durante os dois primeiros anos de vida, os pequenos ainda estão formando seu paladar, fazendo escolhas e entendendo o que gostam ou não de comer. Os alimentos que envolvem adição de açúcar ou adoçante podem atrapalhar esse processo. “O sabor exageradamente doce altera a percepção de paladar e faz com que alimentos naturalmente adoçados, como as frutas, se tornem aguadas”, explicou Carolina Toscano, pediatra do Hospital Esperança Olinda, em entrevista ao site VivaBem.
Em crianças com diabetes, pré-diabetes ou outras exigências dietéticas, o açúcar não é recomendado, mesmo após os dois anos, devendo ser utilizados adoçantes naturais, como xilitol e eritritol – sempre com a orientação de um pediatra ou nutricionista. Se possível, todas as crianças devem evitar o consumo de açúcar e adoçantes, optando por opções naturais como uvas passas, tâmaras e maçãs. Se realmente necessário o uso de adoçantes, deve ser feito o uso em pequenas quantidades, devido ao efeito laxativo do produto.
E o café?
Presente em refeições e lanches da grande maioria dos adultos, é comum que as crianças tenham curiosidade em experimentar essa bebida ao ver outras pessoas tomando-a. E tudo bem elas provarem o café e até darem uns goles na bebida, mas a recomendação é que antes dos 6 anos o consumo seja esporádico e de no máximo meia xícara de café, preferencialmente com leite e pela manhã.
“Algumas substâncias do café (a cafeína e os taninos, por exemplo) atrapalham a absorção de nutrientes importantes para o desenvolvimento das crianças, como ferro, zinco e cálcio. Além disso, a cafeína (presente também em refrigerantes, energéticos e alguns chás) pode causar insônia, agitação e até irritabilidade e dores no estômago”, diz Natacha Martin, nutricionista da Clínica Nutricilla, em São Paulo.
Os frutos do mar
Como os frutos do mar causam alergia a algumas pessoas, é natural que os pais tenham receio de introduzir esse alimento na rotina de seus filhos. No entanto, segundo estudos, não há problema em oferecer esse alimento ao bebê na introdução de alimentos sólidos, após os 6 meses de vida, para que o organismo crie uma resistência imunológica. “De preferência, os frutos do mar devem ser ingeridos entre o 6º e 9º mês, período importante denominado de ‘janela imunológica’. Consumi-los nessa época reduz o risco de uma alergia alimentar futura”, recomenda Carolina Suetugo.
Para tanto, é sempre importante atentar-se à higiene, procedência, preparo dos alimentos e produtos usados para ajudar na conservação. Caso a criança demonstre qualquer sinal de alergia após o consumo de tais alimentos, então um especialista deverá ser consultado. Exames que testam diversos tipos de alergia podem ser realizados, auxiliando na forma de prevenção e tratamento.
Peixe cru também pode?
Muitas famílias se habituaram a consumir com frequência comida japonesa. Assim como os frutos do mar, o peixe cru pode ser oferecido aos pequenos durante a fase de introdução de alimentos sólidos, mas é preciso garantir todos os cuidados para a preservação do alimento foram tomados desde sua origem, armazenamento, resfriamento e preparo. Isso acontece porque a imunidade das crianças ainda não é completamente desenvolvida e qualquer contaminação pode causar problemas mais graves.
LEIA TAMBÉM