Nos anos 2000, havia um caso de autismo a cada 150 crianças, nos Estados Unidos. Em 2020, esse número passou para um caso a cada 36 crianças, demonstrando um aumento significativo no período, segundo dados do órgão de saúde norte-americano Centers for Disease Control and Prevention (CDC).
No Brasil, desde 2017, é obrigatório por lei a realização de triagem gratuita pelo SUS (Sistema Único de Saúde) para identificar precocemente sinais do transtorno do espectro autista (TEA) em crianças pequenas.
Uma das ferramentas mais utilizadas na triagem é a M-CHAT (Modified Checklist for Autism in Toddlers), um instrumento de rastreamento precoce do autismo, que visa identificar indícios desse transtorno em crianças entre 18 e 24 meses.
A ferramenta é validada pela Academia Americana de Pediatria, a Sociedade Brasileira de Pediatria e várias outras entidades de pediatria pelo mundo, sendo utilizada por pediatras nas consultas médicas ou por profissionais que fazem o acompanhamento da criança no programa Saúde da Família e/ou nos postos de saúde.
E, por se tratar de um instrumento simples, a avaliação com o uso dessa escala pode ser feita também pelos pais, a partir das observações do comportamento da criança.
“O M-CHAT é um instrumento de triagem confiável e amplamente utilizado na detecção de traços do espectro autista em bebês e crianças pequenas”, afirma a neuropediatra Liubiana Arantes de Araújo, professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Ela acaba de obter autorização para divulgação de vídeo sobre a triagem, da neuropsicóloga Diana L. Robins, diretora e professora do Instituto Drexel de Autismo, responsável pela criação da escala.
“Lançamos esse vídeo de triagem de autismo após autorização internacional dos autores do M-CHAT. Ele é um checklist de triagem do autismo, não é para dar o diagnóstico, mas estamos muito felizes com essa conquista, pois vai ajudar muitas crianças”, afirmou a médica.
LEIA TAMBÉM:
Como funciona a triagem M-CHAT para identificação do autismo
A neuropediatra explica no vídeo o processo de aplicação e interpretação dos resultados do teste que contém 20 perguntas, com respostas de “sim” ou “não”, para que pediatras, pais e responsáveis compreendam melhor o desenvolvimento da criança.
São questões como:
‒ Se você apontar para um objeto do outro lado do quarto, o seu filho olha para o objeto?
‒ Alguma vez você já se perguntou se o seu filho é surdo?
‒ Se você sorri para ele, ele sorri de volta para você?
O resultado é avaliado a partir da pontuação final que indicará o grau de risco do autismo.
Aqueles que não apresentarem risco (entre 0 e 2 pontos) e têm menos de 24 meses devem repetir o teste. Se a pontuação for a mesma, isso significa que a triagem é negativa.
Já se a pontuação total estiver entre 3 e 7, a triagem é positiva, e, nesse caso, é preciso procurar um profissional médico para confirmar a avaliação. Segundo Liubiana, às vezes a família fica confusa com as perguntas e a entrevista de segmento serve para explicar melhor cada questão.
O risco é elevado se a pontuação for entre 8 e 20. Neste caso, a criança tem que ser imediatamente encaminhada para uma avaliação formal de autismo para intervenção a tempo, alerta a médica.
O autismo se caracteriza por dificuldades na comunicação e interação social, associado a interesses e atividades restritas e circunscritas. Seus primeiros sinais podem aparecer na infância, causando dificuldades no contato visual, na percepção do ambiente e na aproximação de pessoas. Por isso, quanto mais precoce for o diagnóstico, mais rápido o tratamento poderá ser iniciado, possibilitando melhores resultados.