Por Cristina Moreno de Castro
Estudo feito por alunos e professores da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) traz dados alarmantes sobre a frequência da cárie em crianças de 0 a 5 anos de idade: 73,8% dos pequenos atendidos pela clínica odontológica da UFRJ têm cárie. E 88,7% dos pais e responsáveis dessas crianças também são acometidos pela doença bucal.
O estudo, publicado na revista “Odonto” em outubro do ano passado, foi feito a partir de questionários aplicados na sala de espera da clínica. Dois resultados surpreenderam: a frequência da escovação nas crianças não foi tão baixa: 65,8% escovam os dentes três ou mais vezes ao dia. Além disso, 72% das crianças atendidas não amamenta mais. O aleitamento noturno, sem higienização posterior, é uma das causas da cárie precoce infantil apontadas pelos especialistas.
Outro grande vilão da cárie infantil é o consumo de alimentos com alta concentração de açúcar. “Fatores socioeconômicos e educacionais, tais como baixo nível de educação e baixa renda da população também representam fatores importantes de risco associados à cárie precoce infantil”, acrescenta o estudo, assinado pela aluna de graduação Carolina Barbosa de Andrade e pelas professoras da Faculdade de Odontologia da UFRJ Luciana Pomarico, Maria da Encarnação Perez Requejo e Andréa Fonseca-Gonçalves.
Culpa dos pais?
A maioria dos pais e responsáveis – 70% – entrevistados pelas pesquisadoras declarou sentir culpa pela cárie do filho.
E será que a culpa é deles mesmo? Menos da metade (47,2%) escova os dentes dos filhos e, dos que não escovam, apenas 36,7% supervisionam a escovação. Além disso, como pontua o estudo, “mesmo aqueles pais/responsáveis acometidos por cárie (88,7%), que já obtiveram informações sobre a doença e possivelmente em como prevení-la, deixaram que a mesma doença acometesse seus filhos”.
Portanto, sim, os pais têm responsabilidade direta pela cárie em crianças de idade pré-escolar, seja por não supervisionarem a higienização, seja por oferecerem alimentos com alto teor de açúcar.
Mas o estudo da UFRJ pondera que esse é um problema geral no Brasil, por falta de programas que esclareçam a comunidade sobre a importância da saúde bucal dos pré-escolares. Na visão das pesquisadoras, os pais “acreditam que não é relevante o tratamento odontológico e cuidados com a saúde bucal de crianças na dentição decídua, justamente por ser uma dentição temporária – uma situação provisória”. O pensamento geral, em outras palavras, é: para que cuidar dos dentinhos de leite se eles logo serão substituídos?
Canguru vai dar uma mãozinha!
O Encontro Canguru deste mês será com a odontopediatra Joyce Guimarães, que vai ensinar “como fazer seu filho gostar de cuidar dos dentes e ir ao dentista”.
A palestrante dará dicas lúdicas para ajudar os pais a estabelecer rotinas saudáveis de higiene bucal. Segundo Joyce, os hábitos aprendidos na infância definem o condicionamento futuro, na vida adulta.
O encontro, como sempre, é gratuito, mas tem vagas limitadas. Vai acontecer no dia 1º de abril, sábado, às 10h30, no anfiteatro do Pátio Savassi. CLIQUE AQUI para fazer sua inscrição!