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Quarentena também é sinônimo de (muitos) aprendizados para as crianças
Em tempos de quarentena, muito se tem discutido sobre o ensino remoto e sua eficácia, mas, para além das atividades escolares, há outros aprendizados igualmente valiosos que a criança pode ter em casa neste período de isolamento social. Os pais não têm que assumir o papel do professor, mas podem ajudar os filhos a organizar a sua rotina e garantir tempo para que tenham experiências diversificadas. “É importante que os pais, nesse momento, se dediquem a pensar em como promover tempo de qualidade, no que diz respeito à convivência familiar e atividades que gerem aprendizagens diversas para os filhos”, afirma Roberta Panico, pedagoga e diretora de desenvolvimento educacional da Comunidade Educativa Cedac, em São Paulo.
São diversas as situações que ajudam os pequenos a desenvolver habilidades como autonomia, senso de responsabilidade, capacidade de gerenciar as emoções e de lidar com as frustrações. Por exemplo, ao ajudar os pais nas tarefas domésticas e aprender a respeitar o tempo em que estão trabalhando. “O dia a dia na casa passa por uma nova configuração e isso exige estabelecer novas rotinas e novos combinados, nos quais as crianças precisam ser incluídas”, diz Patrícia Noleto, psicóloga infantil e uma das idealizadoras do workshop Treinamento de Pais, em Belo Horizonte. Para ela: “esse momento diferente que todos nós estamos vivendo é um tempo de aprendizados para todo mundo, inclusive, para as crianças”. Confira a seguir alguns dos muitos aprendizados que as crianças podem ter neste período de quarentena.
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Aprendizados valiosos que a quarentena pode proporcionar às crianças
Autonomia e senso de responsabilidade. O confinamento mudou a rotina da casa. Os pais tiveram que assumir as tarefas domésticas e as crianças também podem colaborar com essas demandas. Isso faz com que se sintam importantes e tenham senso de pertencimento ao espaço em que vivem. “Podem ser coisas pequenas, não importa a complexidade da atividade, o que importa é a criança se sentir útil”, destaca Patrícia. São muitas as possibilidades: arrumar a cama, guardar as roupas, organizar os brinquedos no fim do dia, ajudar a fazer um bolo, lavar a louça, guardar talheres, colocar a roupa no varal e varrer a casa (ainda que não fique perfeito).
Respeitar o espaço do outro. Apesar dos pais estarem em casa 24 horas por dia, a criança terá de entender que nem sempre eles estarão disponíveis, pois terão outras demandas de trabalho ou mesmo domésticas. Entender isso e respeitar a privacidade dos pais é um desafio para a criança que pode se tornar uma possibilidade de grandes aprendizados.
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Lidar com a frustração. Por mais que a criança queira, ela não poderá sair para ver as amigas, os avós, para tomar um sorvete ou mesmo ir à escola. E isso pode ser uma boa oportunidade para que aprenda a lidar com suas frustrações – e também a pensar em alternativas. Não dá para sair, mas dá para ligar por câmera às amigas, ou dá para pedir comida para entregar em casa.
Autocuidado. O momento de higiene pessoal pode ser aproveitado para ensinar à criança sobre a importância de se cuidar. Isso vale, por exemplo, na hora escovar os dentes, que deve ser feito com cuidado e corretamente, sempre após as refeições. Serve também para a prática de lavar as mãos. A esta altura, a maioria das crianças (as maiores, pelo menos) já entendeu a necessidade de deixar as mãos limpas depois de brincar e antes de comer, para eliminar sujeiras e combater a proliferação de vírus, como o coronavírus e outros.
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Pensamento matemático. Jogos como memória, dama e dominó ajudam a desenvolver o raciocínio lógico, a criatividade, a concentração e a capacidade de resolver problemas. Vale também criar novos jogos e as regras a serem seguidas.
Gerenciamento das emoções. Aprender a manejar as emoções não é algo fácil, mas, quanto maior a prática, maior o domínio. Nesta fase de isolamento, sentimentos como medo, ansiedade, tristeza e tédio podem se tornar mais comuns. “Se o filho tem saudade dos amigos, por exemplo, a mãe ou o pai pode conversar com ele sobre esse sentimento, cada um falando de que sente saudade”, sugere Patrícia. Vale propor à criança que pense em uma maneira de comunicar essa emoção para o outro: escrever uma carta, gravar um vídeo ou dar um telefonema. Em uma situação de raiva da criança, os pais devem lembrar que é normal ficar chateado quando as coisas não acontecem como queremos, quando achamos que não é justo ou quando regras são quebradas. “É interessante acolher a raiva do filho e junto com ele descobrir o que fazer para deixar a raiva passar: ouvir uma música, respirar fundo, tomar um banho, pular, virar cambalhota, dar um abraço, ganhar um colo”, diz a psicóloga. O principal é ajudar a criança a descobrir o que funciona melhor para ela.
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Verônica Fraidenraich
Editora da Canguru News, cobre educação há mais de dez anos e tem interesse especial pelas áreas de educação infantil e desenvolvimento na primeira infância. Tem um filho, Martim, sua paixão e fonte diária de inspiração e aprendizados.
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