Muitos pais têm dúvidas quanto ao uso de aparelho ortodôntico em crianças, principalmente, em relação à idade recomendada para o início do tratamento. Se antigamente dizia-se que era preciso aguardar o crescimento de meninas e meninos, hoje a orientação mudou, sendo a correção realizada durante o período de crescimento.
“Um recém-nascido, por exemplo, já pode ser avaliado quanto à presença de assimetrias craniofaciais que podem levar à alteração da mordida. Essas alterações podem estar presentes nos rodetes gengivais (cavidade oral onde sairão os dentes), que já poderão apresentar assimetrias, ou na incompatibilidade entre o tamanho da maxila e da mandíbula. A maxila é como a tampa de uma caixa que deve ser um pouco maior para conter a mandíbula”, explica Renata Orsi, presidente da Câmara Técnica de Ortopedia Funcional dos Maxilares do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP).
A odontopediatra e ortodentista Simone Cesar afirma que para avaliar a idade correta de realizar determinados usos de aparelho podem ser solicitadas radiografias de mão e punho. “Mas muito antes de a criança chegar à curva de crescimento (que acompanha o crescimento e estado nutricional da criança) ascendente já é possível iniciar o tratamento ortodôntico para outras correções”, relata Simone. A seguir, as especialistas explicam quais sinais podem indicar a necessidade de uso de aparelho ortodôntico em crianças, e falam sobre duração do tratamento, tipos de aparelho e se eles podem trazer desconfortos. Confira.
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1. Qual a importância do uso de aparelho em crianças?
O uso de aparelho em crianças permite induzir o correto desenvolvimento ósseo e das arcadas dentárias, evitando problemas futuros como dificuldade para mastigar ou articular as palavras, dores de cabeça frequentes, questões respiratórias e de autoestima. Além disso, na infância ou mesmo da adolescência os dentes e a ossatura da criança ainda não estão totalmente ‘’firmes’’, o que facilita mexer nessas estruturas para corrigi-las. Renata afirma que é de extrema importância a criança usar o aparelho ortopédico assim que diagnosticada a má oclusão (mordida) em casos de mordidas abertas; mordidas cruzadas anteriores, overjet (quando a mandíbula está para trás e a maxila para frente); ou queixo pequeno, entre outros problemas.
2. Quais sinais indicam necessidade de uso de aparelho?
- Mordida cruzada, quando parte da arcada superior encaixa dentro da arcada inferior, sendo que o correto é que os dentes de cima encaixem por fora dos dentes de baixo;
- Dificuldade para mastigar;
- Dentes superiores para a frente, problema conhecido como “dentes acavalados” ou “dentuço”;
- Dentes sobrepostos ou apinhados;
- Mordida aberta, quando a criança tem alterações na mordida devido ao uso de chupeta ou dedo na boca;
- Falta de espaço para os dentes permanentes nascerem;
- Postura inadequada da língua, quando ela fica para fora, por exemplo, durante a pronúncia de algumas letras como o “s”.
- Espaço exagerado entre um dente e outro;
- Perda precoce ou retenção prolongada dos dentes de leite.
Entre as causas que levam a problemas ortodônticos, Renata cita a falta de aleitamento materno; o uso de chupetas ou mamadeiras por períodos prolongados; a sucção de dedos; e pouca mastigação ou alimentação pastosa; mastigação unilateral predominante; e respiração bucal são alguns exemplos que podem causar alteração da oclusão.
3. Qual a idade indicada para início do tratamento?
Segundo a odontóloga do Crosp, desde o nascimento do bebê já se pode avaliar a existência de algum problema de oclusão (na mordida) e o tratamento pode começar aos três anos e meio e terminar aos seis anos, antes da erupção dos dentes permanentes. “A correção da oclusão pode ter início com massagem digital em bebês ou por ajuste quando já há a dentição decídua (dentes de leite) completa. Esse ajuste pode ser por um pequeno desgaste em pontos específicos ou por acréscimo, com as chamadas pistas diretas planas, em que é feito o uso de resinas para a correção da posição da mandíbula e reestabelecimento da mastigação fisiológica”, esclarece Renata. Já o uso de aparelhos funcionais para crianças, está indicado a partir dos três anos e meio a quatro anos de idade, em caso de alteração da mordida, complementa a odontóloga.
4. Quanto tempo dura o tratamento?
O tempo de tratamento é relativo ao prognóstico de cada caso. “Pode variar de semanas até três anos. Mas, com resultados mais rápidos e duradouros porque, quando vierem os dentes permanentes, os arcos dentários, as bases ósseas estarão compatíveis, com função e forma adequadas que proporcionarão um belo sorriso”, diz a especialista do Crosp.
5. Qual o tipo de aparelho mais comuns usados em crianças?
A depender do problema, a criança pode usar um aparelho móvel, fixo ou invisível, com o intuito de modificar a postura da mandíbula para a correção da mordida. “Os móveis ou removíveis são usados durante a fase crescimento da criança, dos 6 aos 12 anos. São indicados para corrigir problemas de mordida e de alinhamento dental e podem ser de contenção, invisível, funcional ou extrabucal e têm como objetivo manter ou ampliar os espaços naturais entre os dentes, permitindo que os permanentes nasçam na posição adequada, evitando assim problemas futuros”, aponta a odontopediatra Simone. Há vários tipos de modelos de aparelhos móveis, sendo cada um deles indicado de acordo com o problema que se deseja corrigir. No geral, esse aparelho é feito com uma placa de resina acrílica e alguns fios de aço que se encaixam entre os dentes da criança (tanto os de leite como os permanentes), direcionando o desenvolvimento dos ossos dos maxilares e também dos dentes. Às vezes, a depender do problema, a criança precisa usar o aparelho fixo depois do móvel, para complementar o tratamento.
O aparelho fixo é indicado para quando dentição da criança já é permanente, a partir dos 12 anos, e serve para realinhar os dentes e a mordida, por questões estéticas ou de saúde. O aparelho invisível ou alinhador transparente tem mesma função do fixo, porém, é mais moderno, produzido por meio de softwares sob medida, de acordo com a arcada dentária de cada paciente. “Esse é um aparelho mais completo porque ele é feito com tecnologia 3D, através do escaneamento na boca, e é o que há de mais avançado no momento”, esclarece Simone.
6. Há desconfortos durante o tratamento?
De acordo com a odontóloga do Crosp, há uma grande variedade de aparelhos ortopédicos funcionais que são passivos na boca e não causam dor, além de serem de fácil adaptação e adesão pelas crianças. “Ainda assim, os relatos mais frequentes são de aumento de salivação e adaptação para a fala nos primeiros dias de uso”, diz Renata.
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Meu filho usava o aparelho do ceu da boca mais a partir inferior veio sem o arco a dentista dele falou que tava tudo certo mais ele ja Tim usado outro a um mês atrás so que ele perdeu e quando fez outro veio sem o arco e normal?