Por Gislaine Soares
Minha rotina como mãe e a caminhada psicoterapêutica com os pais dos pequeninos que atendo, com as mães e gestantes, sempre me fazem refletir sobre os aspectos emocionais intrínsecos à maternidade. Como ser uma “boa mãe” em meio a tantos sentimentos, muitas vezes antagônicos ou socialmente rotulados como impróprios?
Ser mãe implica “experienciar” diariamente um “boom” de emoções desde o período gestacional. Pesquisas apontam que essa é a fase de maior incidência de transtornos psíquicos na mulher. Apesar disso, atualmente tem-se a consulta de pré-natal e grupos de incentivo ao parto natural e à amamentação, mas são ações quase que exclusivamente educativas (conhecimento do que ocorre nas fases gestacionais, alimentação ideal, como cuidar do bebê, como amamentar, benefícios e malefícios de cada tipo de parto etc). São ações de muita importância, mas que na maioria das vezes não envolvem um cuidado com a saúde emocional das gestantes.
E esse cuidado com a mãe e consequentemente com seu filho? Não é relevante?
Sabe-se que o acompanhamento psicológico durante a gravidez, parto e pós-parto contribui muito para a organização emocional da mãe e seu bem-estar, sendo fundamental em casos de stress, ansiedade, perturbações psicossomáticas, depressão, gravidez de risco, gravidez não desejada ou não planejada, em casos de dificuldade de engravidar ou abortos recorrentes etc. Entretanto, nossa cultura ainda apresenta preconceitos e uma desconsideração com a saúde psíquica.
É da mulher a responsabilidade de cuidar-se fisicamente, emocionalmente e mentalmente e, caso sinta necessidade, de buscar ajuda
Então, a mulher precisa superar essa barreira. É dela a responsabilidade de cuidar-se física, emocional e mentalmente; de se perceber e, caso sinta necessidade, de buscar ajuda e recursos para se prevenir de transtornos psíquicos, melhorar as relações e vínculos com o bebê, com os familiares e com as pessoas próximas. Buscar um acompanhamento com um olhar e uma escuta que possa acolher as experiências, amenizar as aflições, culpas, ansiedades, queixas e medos. E, dessa forma, tornar-se ativa em sua vida, mais segura e menos vulnerável aos conflitos inerentes à maternidade.
Cuidar-se! Esse é o meu desejo para cada mãe ou futura mamãe.