Um dia contei na internet o que havia me acontecido levando as crianças para a escola. Contei que saí de casa, andei dois quarteirões, entrei na escola carregando as mochilas, falei “oi” para o porteiro, subi as escadas, cumprimentei alguns pais, inclusive um que descia e me olhou esquisito de cima a baixo. Ao chegar na sala de aula, me agachei, conversei com meu filho, fiz graça com outras crianças que fugiram de mim e aí – só aí – uma professora misericordiosa disse:
– Ô mãe, seu vestido está levantado, aparecendo o bumbum todo.
Apesar de sentir uma vontade imensa de tretar com o emprego da palavra “mãe”, cujo uso é permitido apenas dos filhos para as próprias mães, tive que me recolher ao papel ridículo que a vida me presenteava e, afirmando com a cabeça freneticamente, arrumei o vestido, tapei meu bumbum exibicionista.
Na saída, encontrei as moças da merenda, o porteiro, que tinha um ar de riso, e algumas mães evitando cruzar o olhar com o meu. Na maior inocência do mundo, dividi nas redes sociais minha tragédia. Em tom de tristeza contei em detalhes o que me havia ocorrido e falei do meu receio em ir buscar a criança depois e ter que encarar todo mundo de novo. Troco de vestido? Finjo normalidade? Faço graça com o acontecimento? Lanço carreira como Miss Bumbum?
Eu pensei que as mães se solidarizariam, dariam bons conselhos, mas como boas debochadas que são, riram. Uma delas mais tarde me contou que naquele instante eu a havia conquistado como seguidora. Percebi ali que mães adoram boas histórias contadas de um jeitinho diferente e em um tom de humor. Adoram saber daquelas situações que evitamos ao máximo, mas que vividas e contadas por outra pessoas ficam muito engraçadas.
Nosso trabalho, como mãe, é muito difícil. Criar, proteger e educar não é tarefa das mais simples. Vez ou outra nos vemos perdidas e o cansaço emocional e mental competem com o cansaço físico – ainda não descobri quem vence. Bom mesmo é quando encontramos alguma mãe com o bumbum à mostra e um bom plano 3G para dividir com todo mundo o dia em que se tornou uma lenda urbana da escola infantil da filha como a mãe sem vergonha que ainda se exibe na internet. Melhor ainda é quando ela consegue publicar estas histórias, retratar tudinho nas páginas de um livro. Assim nasceu o “A mãe ta off”. Estão lá, na obra, minhas loucuras e histórias incomuns, minha visão de maternidade leve atrelada ao humor, tão necessário para não enlouquecer de vez diante dos desafios da maternidade e do que é viver no mundo de hoje.
E ó, o lançamento será dia 7 de dezembro, na Leitura do BH Shopping às 19h. Espero vocês lá!
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