Suicídio: estudo mostra alta incidência entre crianças e adolescentes no Brasil

Cerca de mil jovens tiram a vida todos os anos, segundo levantamento da Sociedade Brasileira de Pediatria; prática é mais comum entre meninos na faixa etária de 15 a 19 anos

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Menino sentado no chão, esconde rosto entre os joelhos
Pais devem ficar atentos a mudanças de comportamento nos filhos
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Em média, mil jovens entre 10 e 19 anos tiram suas próprias vidas no Brasil a cada ano. Entre 2012 e 2021, foram registrados quase 10 mil casos de óbitos por suicídio nesta faixa etária no país. O alerta é da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), que analisou dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade do Ministério da Saúde para melhor compreender as transformações na saúde mental de crianças e adolescentes.

“Devemos tratar com máxima seriedade qualquer atitude ou fala que represente um desejo de morte. A ideação suicida não surge do nada. Ela cresce no pensamento aos poucos até se materializar como uma saída. Por isso, desde a primeira atitude suspeita, é fundamental ligar o sinal de alerta”, esclarece a pediatra Luci Pfeiffer, presidente do Departamento Científico de Prevenção e Enfrentamento das Causas Externas na Infância e Adolescência.

Para Luci, pais, responsáveis, médicos e toda a sociedade devem estar atentos ao comportamento dos jovens caso eles mudem de repente seus hábitos e atitudes.

Mudanças de comportamentos em crianças e adolescentes com ideação suicida:

  • Insatisfação ou tristeza constantes;
  • Desistência de atividades que antes davam prazer;
  • Prática da autolesão;
  • Busca por se inserir em situações de risco;
  • Falta de planos ou expectativas para o futuro, em médio e longo prazos.

“Nem sempre eles verbalizam o que está acontecendo. Por isso, é muito importante observar suas atitudes. Antes, o adolescente gostava de praticar esporte ou ir a festas e passeios. Aos poucos, ele começa a dar preferência a ficar isolado. É certo que algo não está bem”, pontua a médica.

Veja abaixo números sobre suicídio na faixa etária de 10 A 19 anos (de 2012 a 2021)

De acordo com o levantamento da SBP, ao longo da série histórica o número de casos está acima do dobro entre meninos: 6.801 episódios (68,32%) contra 3.153 (31,68%) nas meninas. Além disso, a maioria dos eventos ocorreram entre os jovens: foram 8.391 óbitos (84,29%) na faixa etária de 15 a 19 anos; e 1.563 mortes (15,71%) na faixa etária de 10 a 14 anos.

De modo geral, o Brasil viu um aumento no número absoluto de suicídios em todas as regiões ao longo da última década. A região Norte apresentou o maior crescimento no número de casos no período, com um aumento de 115%. São Paulo, sendo o estado mais populoso, também teve o maior número de suicídios no período.

Embora sejam necessários estudos sobre as razões subjacentes a esse aumento para implementar estratégias de prevenção eficazes, na avaliação do coordenador do Grupo de Trabalho sobre Saúde Mental da SBP, Roberto Santoro, existem diversas causas que podem levar crianças e adolescentes ao sofrimento psíquico e posteriormente à ideação suicida. No geral, costumam estar presentes entre os motivos: traumas, abusos e violências sofridos, além do sentimento de culpa e de não adequação.

Motivos que podem contribuir para o suicídio em crianças e adolescentes:

“O apelo da SBP é para que todos passem a prestar mais atenção nesse tema, inclusive na faixa etária pediátrica. Precisamos escutar e acolher, antes que a ideação suicida se torne um plano prático. O suicídio não é algo tão incomum quanto as pessoas imaginam. Infelizmente, pode estar próximo de nós. Em caso de suspeita de sofrimento psíquico, procure um profissional da saúde mental para interromper essa trajetória”, orienta Santoro.

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