Covid-19 é a ‘maior crise global para as crianças’ desde fundação do Unicef

Fundo das Nações Unidas para a Infância faz 75 anos e destaca que a covid-19 está revertendo praticamente todos os progressos para a infância, incluindo 100 milhões de crianças levadas à pobreza

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Crianças brincam em pneu velho
Em Uganda, na África Oriental, crianças brincam em centro administrado pela ‘Right to Play’, organização parceira do Unicef, que trabalha para melhorar os resultados da aprendizagem e desenvolver habilidades essenciais para a vida de crianças e jovens carentes em assentamentos de refugiados | Foto: Unicef 75 anos
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A covid-19 afetou meninas e meninos em uma escala sem precedentes, tornando-se a pior crise para as crianças nos 75 anos de história do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Quase dois anos após o início da pandemia, o impacto generalizado da covid-19 continua a se aprofundar, aumentando a pobreza, consolidando a desigualdade e ameaçando os direitos das crianças em níveis nunca antes vistos, afirma relatório divulgado nesta quinta-feira (9) pela agência da Organização das Nações Unidas (ONU).

“Ao longo de nossa história, o Unicef ajudou a moldar ambientes mais saudáveis e seguros para as crianças em todo o mundo, com ótimos resultados para milhões”, disse a diretora executiva da entidade, Henrietta Fore. “Esses ganhos agora estão em risco. A pandemia de covid-19 tem sido a maior ameaça ao progresso das crianças em nossos 75 anos de história. Enquanto o número de crianças famintas, fora da escola, que sofrem abusos, vivendo na pobreza ou forçadas ao casamento está aumentando, o número de crianças com acesso a cuidados de saúde, vacinas, alimentação suficiente e serviços essenciais está diminuindo. Em um ano em que deveríamos estar olhando para frente, estamos retrocedendo”.

O relatório Preventing a lost decade: Urgent action to reverse the devastating impact of COVID-19 on children and young people (Prevenindo uma década perdida: Ação urgente para reverter o impacto devastador da covid-19 sobre crianças e jovens – disponível somente em inglês) destaca as várias maneiras pelas quais a covid-19 está colocando em perigo décadas de progresso em desafios-chave da infância, como pobreza, saúde, acesso à educação, nutrição, proteção infantil e bem-estar mental.

Segundo o relatório, estima-se que 100 milhões de crianças a mais estejam agora vivendo em pobreza multidimensional por causa da pandemia, um aumento de 10% desde 2019. Isso corresponde a aproximadamente 1,8 crianças a cada segundo desde meados de março de 2020. Além disso, o relatório adverte sobre um longo caminho para recuperar o terreno perdido – mesmo na melhor das hipóteses, serão necessários de sete a oito anos para a recuperação e o retorno aos níveis de pobreza infantil de antes da pandemia.

Citando mais evidências de retrocesso, o relatório diz que cerca de 60 milhões de crianças adicionais estão agora residindo em domicílios pobres, em comparação com antes da pandemia. Além disso, em 2020, mais de 23 milhões de crianças perderam vacinas essenciais – um aumento de quase 4 milhões em relação a 2019, e o maior número em 11 anos.

Mesmo antes da pandemia, cerca de 1 bilhão de crianças em todo o mundo sofriam pelo menos uma privação grave, sem acesso a educação, saúde, moradia, nutrição, saneamento ou água. Esse número está aumentando agora, à medida que a recuperação desigual acentua as disparidades crescentes entre crianças ricas e pobres, com as mais marginalizadas e vulneráveis sendo as mais afetadas.

Prejuízo à educação

Durante a pandemia, mais de 1,6 bilhão de estudantes estiveram fora da escola devido ao fechamento dos estabelecimentos de ensino nos países. As escolas permaneceram fechadas em todo o mundo por quase 80% do ano letivo no primeiro ano da crise.

Casamentos infantis

Até 10 milhões de casamentos infantis adicionais podem ocorrer antes do final da década como resultado da pandemia de covid-19, alerta o relatório do Unicef.

Trabalho infantil

O número de crianças em situação de trabalho infantil aumentou para 160 milhões em todo o mundo – um aumento de 8,4 milhões de crianças nos últimos quatro anos. Um adicional de 9 milhões de crianças correm o risco de ser forçadas para o trabalho infantil até o final de 2022 como resultado do aumento da pobreza desencadeado pela pandemia.

Maus tratos

No auge da pandemia, 1,8 bilhão de crianças viviam nos 104 países onde os serviços de prevenção e resposta à violência foram seriamente interrompidos.

Saúde

50 milhões de crianças sofrem de desnutrição aguda, a forma mais letal de desnutrição, e esse número pode aumentar em 9 milhões até 2022 devido ao impacto da pandemia na dieta infantil, nos serviços de nutrição e nas práticas alimentares.

Além da pandemia, o relatório alerta para outras ameaças extremas aos direitos das crianças. Em todo o mundo, 426 milhões de crianças – quase uma em cada cinco – vivem em zonas de conflitos que estão se tornando mais intensos e cobrando um preço mais alto dos civis, afetando desproporcionalmente as crianças. Mulheres e meninas correm o maior risco de violência sexual relacionada a conflitos. Oitenta por cento de todas as necessidades humanitárias são motivadas por conflitos. Da mesma forma, aproximadamente 1 bilhão de crianças – quase metade das crianças do mundo – vivem em países que correm um “risco extremamente alto” com os impactos das mudanças climáticas.

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