O feriado de 7 de setembro será o primeiro prolongado após as novas flexibilizações do Plano São Paulo, que suspenderam limites de ocupação de bares, restaurantes e comércios, e extinguiram horários para funcionamento dos estabelecimentos. Muitas famílias pretendem viajar seguindo os protocolos de cuidados contra a Covid-19 e, durante o trajeto, pode acontecer das crianças e mesmo os adultos sentirem enjoos.
Esse incômodo recebe o nome de cinetose, e, de acordo com a otorrinolaringologista Vanessa Rocha, costuma atingir principalmente os menores. “Nas crianças, o sistema vestibular, que seria o labirinto, responsável pelo equilíbrio, ainda é imaturo. Então, dos 2 aos 5 anos de idade, é mais frequente que as crianças apresentem esses enjoos, pela imaturidade do sistema. Depois, com o passar da idade, esse sistema amadurece e se torna mais tolerante a esses estímulos”.
Como perceber que a criança está enjoada?
A cinetose ocorre devido à uma intolerância aos movimentos, causada por conflitos de informações enviadas ao cérebro pelo labirinto, sistema visual e sistema somatossensorial. Como a visão interpreta que seu corpo está em movimento, mas o labirinto interpreta que está parado, há uma incompatibilidade nas mensagens, e o corpo reage a esses estímulos conflituosos com alguns sintomas.
Segundo Vanessa, se a criança apresentar sudorese, bocejos excessivos, palidez e náuseas, é sinal de que ela está com sintomas da cinetose. “Se o estímulo for mantido e a criança continuar em movimento, o meio de transporte continuar chacoalhando, essa sudorese e palidez vai evoluir de fato para vômitos, e a criança passa bem mal”, destaca a especialista.
Dicas para uma viagem mais tranquila
Para que os pais possam evitar ou suavizar os sintomas dos enjoos das crianças, há uma série de dicas tanto para antes de entrar no meio de transporte, quanto durante o trajeto.
“O ideal é que com uma antecedência de pelo menos três horas antes de entrar no carro ou pegar um avião, a criança fique em jejum, não faça refeições volumosas, nem tome muito líquido”, diz Vanessa. Além disso, se houver recomendação de um otorrinolaringologista, a profissional ressalta que algumas medicações podem ser usadas para inibir a chance de ter enjoo.
Já durante o percurso, nada de muitos estímulos visuais ou movimentos excessivos. “Evitar sempre leituras, uso de tablets ou outros. Além disso, evitar olhar muito para trás, se movimentando muito dentro do veículo. Isso tudo pode agravar as chances de sintomas da cinetose”. No caso de uma viagem de carro, Vanessa também afirma que “o ideal é que a criança consiga ou olhar pela janela ou para a frente do veículo, para que ela possa fixar um ponto no horizonte”. Dormir durante o trajeto também ajuda.
Caso o enjoo seja intenso, o ideal é fazer uma parada no caminho, se possível, para que a criança se recupere e, se for o caso, para que até vomite. “Às vezes é preciso parar para que a criança vomite”, pontua a especialista.
Soluções a longo prazo para os enjoos
Vanessa ressalta que, mesmo com todas as recomendações e eventuais medicações, é possível que a criança siga com sintomas do enjoo durante as viagens. “Existe um protocolo de exercícios chamado reabilitação vestibular. São exercícios que realizam um treino, para que o labirinto da criança fique tolerante a esses estímulos. Em casos intensos ou persistentes, em que a criança toda vez que viaja tem náuseas e vomita, a gente indica esse tratamento”, diz.
Nesse contexto, é sempre importante levar a criança a um especialista, para que o tratamento seja conduzido de acordo com as necessidades da idade e de cada caso específico. Assim, pode-se proporcionar viagens mais tranquilas, em segurança e sem complicações.
LEIA TAMBÉM:
Até hoje eu enjôo e tenho 25 anos. Odeio viajar de carro, a noite ainda é pior.