Este será o segundo ano consecutivo em que as famílias terão de celebrar a Páscoa em isolamento social. Uma das mais importantes comemorações do nosso calendário, ela representa, para os cristãos, a ressurreição de Jesus Cristo. Para os judeus, remete ao fim da escravidão do povo hebreu e sua saída do Egito (o Êxodo). Em tempos tão difíceis como este, de pandemia de covid-19, celebrar a Páscoa e reforçar mensagens de transformação e ressurgimento se mostra ainda mais necessário. Que tal aproveitar a ocasião para explicar aos pequenos que a comemoração não é apenas um pretexto para ganhar ovos de chocolate?
O significado da palavra “Páscoa”
A Páscoa é um feriado religioso celebrado em todo o mundo. A palavra vem do hebraico pessach, que significa “passar além”. O beitzá (ovo cozido) é usado durante a Páscoa como símbolo da dureza do coração do faraó que não quis liberar os judeus para que fugissem do Egito.
A origem dos ovos
Em culturas de todo o mundo — como a da China, da Pérsia e de países da Europa antiga —, o ovo de galinha era utilizado em festas religiosas para representar a renovação da vida e os cultos à fertilidade. Na Idade Média, as cascas dos ovos de galinha eram pintados à mão. Na Alemanha, eles são suspensos nos galhos das árvores, enquanto na Rússia ornamentam os túmulos em homenagem aos mortos, e na Itália, são postos sobre a mesa da ceia pascal. No século 18, o cristianismo incorporou o símbolo para celebrar a Páscoa, representando o renascimento de Jesus. Famílias cristãs de diversas partes do mundo passaram a decorar os ovos para presentear crianças e familiares ao final do período de privação. Até que, na França, confeiteiros resolveram experimentar uma nova técnica para melhorar o presente: retiraram a gema e a clara dos ovos e rechearam com chocolate. Relatos da época, porém, dizem que a princípio a ideia não funcionou, pois o doce do cacau era amargo e duro. No século 19, graças aos avanços na tecnologia e aprimoramento dos ingredientes, os ovos de galinhas foram substituídos por chocolate, que passou a ser moldado no formato oval e recheado com bombons. A ideia fez sucesso até com quem não via significado religioso na celebração da data, espalhando-se rapidamente pelo mundo – tradição que segue viva até hoje.
O porquê dos coelhinhos
O mais provável é que a tradição cristã tenha se inspirado nas religiões europeias para usar o símbolo do coelho. Nelas, havia uma divindade ligada aos cultos de fertilidade, que, além de botar ovos, aparecia sempre ao lado de um coelho para celebrar o início da primavera. Esse roedor, por sua capacidade reprodutiva é tido historicamente como um símbolo de fertilidade. Em média, são oito a 10 coelhinhos por ninhada, a qual pode ocorrer entre 4 e 8 vezes por ano.
Embora tenha se enfraquecido com o tempo, a tradição de comer carne de cordeiro na Páscoa ainda existe para algumas famílias. Antes da incorporação do coelho e dos ovos, esse animal era o principal símbolo da celebração. Apoiados na tradição judaica, os cristãos sacrificavam cordeiros para comemorar a data e marcar o sacrifício de Jesus.
Outra versão sobre a relação do coelho e dos ovos com a Páscoa, na religião cristã, tem a ver com a crença de que a santa Maria Madalena teria ido no domingo, antes do amanhecer, ao sepulcro de Jesus de Nazaré – crucificado, na sexta-feira –, para ungir o corpo dele. Ao chegar ao local, porém, teria visto a sepultura entreaberta. O motivo seria um coelho que ficou preso no túmulo aberto na rocha e se tornaria o primeiro ser vivo a testemunhar a ressurreição de Jesus, ganhando assim o privilégio de anunciar a boa notícia às crianças na manhã da Páscoa. Daí, portanto, viria o fato de ser o coelho quem traz os ovos de chocolate.
A tradição dos pescados
O peixe também é um alimento muito consumido nessa época, especialmente porque a carne vermelha é evitada por algumas pessoas. O animal é tido como símbolo do próprio cristianismo e o seu desenho já foi usado até mesmo para identificar locais de oração.
Como calcular o dia certo da Páscoa
A data é comemorada sempre no primeiro domingo após a lua cheia que sucede o equinócio vernal — quando começa a primavera no Hemisfério Norte e o outono no Hemisfério Sul —, podendo cair entre os dias 22 de março e 24 de abril.
(colaborou Rafaela Matias)
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